Fada dos dentes — Poesia de Terror.
(Tenho tido pesadelos onde eu mesmo arranco meus dentes,
Esses pesadelos têm me atormentado frequentemente)
Fecham os olhos, dormem à noitinha,
A essa hora, estão cansadas e sonolentas.
Ah! Tão lindas dormem as criancinhas,
E na manhã seguinte estão já desalentas.
Têm belos olhinhos e belos narizinhos
Mas o que me importa são suas bocarras,
São lá onde estão seus belos dentinhos
Que feliz, arranco com minhas garras!
Dentes de leite, branquilos e salutos,
Dentes molinhos, floquinhos de neve,
Que caem do céu da boca desses imundos,
E que n'outrora, denovo crescem!
É meu prazer, arrancar um por um!
Com a mão, com o bisturi ou com o alicate!
Ver escorrer o sangue quente escarlate,
E deixar suas boquinhas sem dente algum!
De cada um eu pego todos os trinta e dois!
Caninos, incisvos, levo um pouco da gengiva também,
Ah! O que faço com essas partes, pois?
Guardo-as, tenho comigo para meu próprio bem!
Mato as criancinhas, em silêncio as enforco,
Arranco-lhes os dentes, eis meu belo foco!
Com eles faço meias e chapéus, colares e debruns!
Faço comerem o resto quando sobrando ainda alguns.
Eu sou a fadinha do dente, e quero todos os seus!
Oh! Minha doce criancinha de Deus,
Sou pior que todos os pesadelos teus!
Tão bela que dormes seria uma pena te ver pálida,
Te ver morta, nessa cirurgia onde sou tão cálida.
Vou levar a tua boca jutamente com o teu sorriso,
Oh! Minha doce criancinha de Deus!
Se dormir esta noite
vai conhecer o paraíso...