A MORTE
[... Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente] - João 11:25-26
Tinha os olhos negros e escuros
E exortava-me um primitivo horror
Nas órbitas os inúmeros furos
Eram as sandices do meu real pavor
Pudera ler em sua fronte sulcada
Debaixo daqueles cabelos negros lisos,
Minha alma com vigor arrebatada
Pela histeria destes diabólicos sorrisos
E as mãos descarnadas com lepra
Percorriam meu corpo todo paralisado
Qual a videira retira-se velha cepa
No fúnebre pavor estive tão dominado
Aquela presença me sentenciava
Com o bafejo nauseabundo e pestilento
Morosamente nada então restava
A mórbida ideia do fúnebre passamento
Haveria algum Deus para me socorrer?
E proferiria as citações em mote?
A extrema-unção em um lento falecer
Enquanto fito o olhar da Morte?