DOIS MENINOS MAUS E UM MASCARADO


Quando tinha dois anos, ainda me lembro, de madrugada, via uma pessoa sair por detrás da estante de livros do quarto em que eu dormia, saía como se fosse um membro da Ku klux klan, encapuzado, de branco, fazia barulho ao aparecer, e surgia de repente.

Eu queria gritar, mas o pavor era tanto que não conseguia emitir som algum.

Apenas pensava: mascarado. Depois disto ele andava pela casa, eu cobria meu rosto e  dormia.

Toda noite, a mesma coisa, as aparições se revezavam, uma noite, uma, outra noite, outra. Eram dois meninos que surgiam repentinamente do mesmo lugar.

O barulho que faziam ao aparecer era parecido com o de uma cortina de plástico, puxada rapidamente. Eles ficavam parados, olhando para mim fixamente, com olhares malignos e sorrisos maléficos. Eu tinha o mesmo tipo de reação para os dois eventos.

Contava para a minha avó, mas ela dizia que era sonho.
Uma vez sonhei comigo e minha irmã já mortos e adolescentes, debaixo de lençóis. Tínhamos sido enforcados. Havia carrascos encapuzados e o palanque do enforcamento com as cordas. Como eu poderia saber de algo assim? Seria memória genética? Seria apenas um terrível pesadelo?

Já maior, era raro ver as entidades, vi uma mulher com roupas muito antigas, entrando pela lateral da tal estante e falei pra minha mãe na hora do ocorrido.

Ela acreditou em mim, pois imediatamente, um objeto que estava sobre a escrivaninha caiu e se quebrou.

Finalmente e felizmente, ela trocou o móvel, que havia sido comprado junto com a casa. Não sei que tipo de força havia naquele bem. Mas minha imaginação me reporta a algum segredo ou aviso deixado em forma de carta, com algum pequeno objeto, quem sabe a revelação de um crime ou de alguma conduta não recomendada à sociedade?! Indo parar num depósito de algum antiquário do Centro da Cidade, esquecida.


Não sei também se os dois meninos eram os primogênitos gêmeos que minha mãe perdeu num aborto espontâneo.


 


 
 


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