A morada do demônio

I

Já estavam viajando de carro há mais de duas horas, o pequeno Joaquim perguntou pela milésima vez a mãe: _ Vai demorar muito ainda, mamãe?

A mãe, uma bela morena chamada Cátia, disse impaciente: _ Não, filho, já estamos chegando, acalme se um pouco, está bem?

Joaquim disse irritado: _ Faz um tempão que a senhora diz isso e nada de a gente chegar.

Foi então que o pai do garoto, um homem da pele branca queimada de sol e olhar confuso, olhou com fúria para o menino e gritou:

_ Você quer fazer o favor de calar essa boca? Fica perguntando todo o tempo se já chegou, cala essa maldita boca e espera.

O menino encolheu de susto e disse apenas: _ Me desculpa, pai, eu...

Jorge, esse era o nome do pai do menino, apenas gritou: _ Nada de desculpa, apenas cala a boca, cala a boca, ouviu, cala a maldita bocaaaa.

Luiza, tia do garoto e irmã de Jorge, olhou para o namorado Sérgio, que estava sentado ao seu lado no banco de trás do carro e cochichou: _ Não precisa se assustar, de vez em quando ele fica assim mesmo.

Sérgio apenas consentiu com a cabeça, apenas olhou para o garoto encolhido ao seu lado, deu um sorriso, tirou uma bala do bolso do casaco e entregou ao moleque. o menino pegou a bala, agradeceu e pareceu se acalmar.

Fez se um silêncio constrangedor no carro, Cátia que estava no volante no carro, olhou preocupada para o marido ao seu lado e perguntou: _ Você está bem, meu querido?

_ Estou ótimo, não está vendo?

Cátia apenas disse: _ Você tomou seus remédios hoje?

_ Claro que tomei, agora faz o favor de calar a boca e dirigir para chegarmos logo nessa maldita cabana.

Do banco de trás Luiza disse:_ Não é cabana, mano, é uma casa de campo e muito bonita por sinal.

Cátia olhou preocupada para o marido novamente, ela havia pensando, que a ideia de Luiza de passar o fim de semana no campo, poderia fazer bem para o marido, mas olhando o nervosismo dele, ela se perguntou se havia feito a coisa certa, ao convencê-lo a vir com eles.

_ Não importa o que seja, só quero chegar logo e me deitar, estou morrendo de dor de cabeça, odeio viajar, nem sei como me deixei convencer por você e pela Cátia.

_ Vai ser bom para você, a Cátia e para o Joaquim sair um pouco da cidade, mano. Respirar ar puro.

Mas Jorge continuava irritado: _ Você já disse isso e me convenceu a vir, agora chega de conversa, minha cabeça está estourando.

Luiza já ia oferecer um remédio de dor de cabeça para o irmão, mas calou se, pois nesse momento avistaram a casa: imponente, sombria, exótica e cercada por imensas árvores.

II

Ao chegarem e descerem do carro, avistaram um homem robusto, de porte grande e aparência soturna, que ao se aproximar deles, forçou um sorriso e foi logo se apresentando como Francisco, o caseiro. Ele lhes entregou a chave da casa, ajudou com as malas e disse para Cátia que morava no chalé nos fundos e se colocou a disposição para ajudá-los com qualquer imprevisto. Cátia não sabia explicar, mas sentiu algo esquisito, enquanto conversava com aquele homem, um pressentimento ruim. Quando ele saiu e ela fechou as portas, disse para a cunhada:

_ Você também achou algo de estranho nesse Francisco?

Luiza perguntou: _ Estranho como, cunha?

_ Não sei, ele me pareceu esquisito. Sabe? Meio sinistro.

Luiza sorriu: _ Você está preocupada a toa. Ele é apenas um caipira tentando ser simpático.

Cátia não estava muito convencida: _ É deve ser isso. Bom, hora de arrumar as coisas e nos acomodar.

Luiza concordou e nesse momento escutaram a voz de Jorge lá de cima: _ Querida, onde estão meus remédios? Não estou conseguindo encontrar.

_ Deve estar na mochila azul. Já estou indo pegar, querido.

_ Luiza fez uma expressão preocupada: _ Como vão as crises dele? Ele parou de ouvir a tal das vozes?

_ Sim, agora que ele está fazendo o tratamento direitinho, está bem melhor.

_ Que bom, cunha, meu irmão tem sorte de ter você!

_ eu não vou discordar, ela riu. Mas agora deixa eu lá encontrar esses remédios.

Cátia já ia subindo quando Joaquim desceu as escadas e disse: _ Mamãe, preciso falar com a senhora, é o papai...

Cátia disse impaciente: _ Sim, eu já ouvi. Ele quer os remédios. Eu vou lá procurar.

_ Mas, mãe...

_ Depois, Joaquim, tenho que procurar os rémedios de seu pai agora, por favor, dá um tempo.

Dizendo isso Cátia subiu as escadas apressada, deixando Joaquim com uma expressão triste. Com pena do garoto, Luiza se aproximou dele e disse sorrindo: _ O que meu sobrinho preferido queria falar? Vai, pode falar para a tia. O que tem o seu pai?

Joaquim já ia começar a falar quando Luiza desviou seu olhar do garoto para a imensa janela de vidro da casa e o que viu a fez estremecer. Parado lá fora, um homem com uma máscara assustadora, estava a encarar ela e o sobrinho. Ela abriu a boca para gritar, mas o susto lhe paralisou. Joaquim que não tinha visto o homem continuava a falar, mas a tia não conseguia ouvir nada, quando finalmente deu por si, apenas balbuciou: _ Corre, Joaquim, corre.

Mas antes que o menino pudesse correr ou ao menos entender o que a tia dizia, a porta se abriu e o homem então, caminhando lentamente na direção deles. Luiza se colocou na frentedo sobrinho, deu um grito de horror e caiu desmaiada no chão.

III

Ainda tonta Luiza abriu os olhos e percebeu que todos estavam em pé olhando para ela: o irmão, a cunhada, o sobrinho e seu namorado Sérgio, que parecia bem mais preocupado que todo mundo. Ela disse ainda tonta: _ O que aconteceu? Onde estou?

_ Você está deitada no sofá da casa de campo, minha irmã. _ Disse Jorge.

_ Mas como eu vim parar aqui?

Cátia disse : _ Você teve um desmaio, querida.

Luiza se lembrou: _ Ah sim, o homem, meu Deus! Ele tinha uma máscara horrorosa. Ele ia nos atacar, então de repente tudo ficou escuro. Cadê ele? Temos que sair daqui. Ele vai voltar.

Cátia disse apenas: _Toma esse calmante, querida, você se sentirá melhor.

Luiza pegou o comprimido e a água da mão da Cátia e depois de tomar disse: _ Por que estão tão calmos, não entendem que estamos todos em perigo? Precisamos ir embora daqui.

Sérgio a abraçou e com expressão meio de preocupação e meio de culpa disse: _ Está tudo bem, querida, eu vou lhe explicar tudo. Mas, agora você precisa descansar.

E dizendo isso, Sérgio a conduziu até o quarto.

Enquanto eles subiam o quarto, Cátia olhou para seu pequeno Joaquim e perguntou: _ Você não ficou nem um pouco assustado?

Joaquim sorriu e disse: _ Nem um pouco, eu soube logo que olhei para ele.

Cátia passou carinhosamente a mão na cabeça do garoto e disse: _ Esse é meu homenzinho corajoso!

Joaquim sorriu satisfeito. Enquanto Jorge disse: _ Quanta infantilidade, quero ver como esse Sérgio vai sair dessa. Sua tia vai ficar uma fera!

IV

_ Como é? Então quer dizer que era você?_ Luiza gritou.

Sérgio parecia desesperado: _ Foi só uma brincadeira, meu amor. Eu não imaginava que você fosse se assustar tanto a ponto de desmaiar.

Luiza estava histérica: _ Ah, então você coloca uma máscara horrorosa , me assusta , eu desmaio e a culpada sou eu, por desmaiar? Você é o quê? Louco ou palhaço? E o Joaquim, você não pensou no garoto?

_ Mas, o garoto nem ficou com medo e ainda até gostou da brincadeira.

Luiza berrou: _ Você é um sem noção. Sai daqui. Não quero mais ver sua cara.

_ Mas, meu amor, me perdoa, por favor.

_ Perdoa coisa nenhuma. Você podia ter me matado de susto, seu irresponsável. Vai embora daqui. Sai.

_ Tudo bem, eu vou deixar você descansar, mas tarde conversamos.

Luiza gritou: _ Você não entendeu, está tudo acabado entre nós. Pode pegar suas coisas e ir embora daqui.

_ Mas, meu amor...

_ Nada de mais, suma daqui, anda, vai embora. _ Luiza berrou.

Triste e cabisbaixo, Sérgio começou a arrumar as malas.

V

O Sérgio está indo embora. Ele está péssimo, coitado! Você vai mesmo deixá-lo ir por causa de uma besteira?

_ Você diz isso porque não foi com você que ele aprontou, cunha!

Cátia disse: _ Ah, para com isso Luiza, você gosta dele e ele de você, não deixa ele ir embora assim. Vai atrás dele.

_ Mas como ele vai embora? Nós viemos no seu carro.

_ Eu emprestei o carro para ele. Na segunda cedo, o empregado do pai dele vai trazer o carro. Mas, não precisa ser assim. Vai lá e fala para ele ficar. Não deixe ele ir assim não. Ele está mesmo muito mal e arrependido, coitado!

_ Ele está mesmo muito mal é?

_ Sim com certeza.

Luiza pensou um pouco e então decidiu: _ Está certo, vou correr atrás dele, ele é um idiota. Mas, eu o amo.

E dizendo isso Luiza saiu correndo em direção a sala. Cátia então se lembrou do frango no forno e correu para a cozinha.

VI

Sérgio saiu da casa completamente arrasado, e arrependido do que tinha feito, já se preparava para abrir o porta malas do carro, quando sentiu uma presença atrás dele. Virou-se assustado e o viu. Aquela figura sinistra, sombria, o olhar obscuro como a morte. Ele segurava um facão na mão e lançou se contra Sérgio, que tentou se defender, mas não conseguiu. O facão acertou em cheio o pescoço de Sérgio, atirando sua cabeça para longe do corpo.

VII

Joaquim estava no sofá jogando um joguinho no celular, quando a tia passou correndo por ele e perguntou:

_ Você sabe se o Sérgio já foi?

_ Ele se despediu de mim e foi embora, mas não escutei ele ligar o carro.

_ O idiota deve estar fazendo hora para ver se eu me arrependo e chamo-o de volta.

Joaquim deu um sorriso maroto e disse: _ E a senhora vai chamar?

A tia lhe devolveu o sorriso e respondeu com uma pergunta: _ O que você acha, espertinho?

Joaquim gargalhou: _ Acho que sim.

_ Pois acertou seu danadinho, eu vou lá buscar o palhaço de seu futuro tio e você continue jogando seu joguinho, nada de espiar pela janela, entendeu?

Joaquim fez cara de anjo e disse: _ Claro que não, titia querida, eu jamais faria isso.

_ Olha lá hein, garotinho? E sorrindo Luiza saiu pela em direção a porta da sala sem nem imaginar o que lhe esperava lá fora.

VIII

Luiza caminhava apressada em direção ao carro, quando tropeçou em algo, parou para olhar e deu um grito de horror ao ver que havia tropeçado na cabeça de Sérgio. Ajoelhou-se, chorando histérica, ao lado da cabeça do amado. Estava tão desesperada que nem percebeu o vulto se aproximar, quando finalmente percebeu e se virou para olhar, foi surpreendida com um ataque de facão tão forte, que lhe cortou a cabeça , a qual foi parar perto de onde esteja o corpo sem cabeça de Sérgio.

Do lado de dentro da casa, o pequeno Joaquim que olhava pela janela, a fim de ver a tia fazer as pazes com o namorado, viu tudo e desesperado foi atrás da mãe gritando. Foi encontrá-la na cozinha com um fone no ouvido enquanto mexia um refogado de legumes.

Ao ver o garoto gesticulando desesperado, Cátia tirou os fones do ouvido e perguntou: _ O que foi meu filho, o que foi? Que desespero foi esse?

Joaquim gritava: _ A tia está morta, mãe. Ele a matou, ele matou ela.

Cátia estava confusa e assustada: _ Como assim, quem matou a Luiza, filho? Foi o Sérgio? Eles brigaram? Meu Deus! Precisamos pedir ajuda.

Dizendo isso, Cátia correu para o telefone na sala. Mas o fio estava cortado. Tentou o celular, mas se lembrou de que ali não havia sinal.

Foi até a porta da sala, abriu e de lá viu os corpos sem cabeça da sua cunhada e do namorado, ia se aproximar quando avistou Francisco, o caseiro, que estava agachado olhando um dos corpos. Ela estremeceu de horror ao ver os olhos daquele homem. Então, ela estava certa, havia mesmo algo de muito errado com ele e agora ela tinha certeza.

Francisco se levantou e seus olhos cruzaram com os olhos apavorados de Cátia, ele fez menção de se aproximar. Ela gritou: _ Pelo amor de Deus, não se aproxime. Vá embora.

Mas, Francisco continuou se aproximando mais e mais. Ela então correu em direção à porta e nem ouviu quando ele disse: _ Espera você está enganada. Não fui eu.

IX

Cátia fechou a porta e desesperada se ajoelhou no chão e começou a chorar. Joaquim se aproximou dela e abraçando a disse: _ Temos que ir embora mamãe.

_ Eu sei, meu filho. Mas como? O seu Francisco está lá fora. Não temos como sair.

_ Me ouça mamãe, temos que ir embora daqui agora.

_ Eu sei, querido. Mas vamos conseguir sair dessa. Vou lá em cima acordar seu pai e vamos encontrar uma saída entende?

Joaquim começou a chorar: _ Eu estou com medo, mamãe, muito medo.

_ Eu também, meu filho, eu também. Mas precisamos ser fortes, entende? Vamos lá em cima, acordar seu pai e...

Joaquim estava quase gritando: _ Me ouça, mamãe, precisamos ir embora daqui.

Cátia estava impaciente: _ Eu já disse que sei disso. Mas, o seu pai está lá em cima sob o efeito de remédios, não podemos deixá-lo lá, meu filho.

Foi então que Joaquim olhou para mãe com o olhar mais assustado que uma criança na idade dele podia ter e disse: _ Papai não estava dormindo, mamãe.

Cátia estava perplexa : _ Como assim, filho? Eu o deixei lá dormindo. Ele me disse que tinha tomado os remédios e que iria dormir mais cedo.

Joaquim estava agitado: _ Mamãe, me ouça, ele não pode ter tomado os remédios.

Cátia estava confusa: _ Que história é essa menino? Deixe de bobagem e vamos lá chamar o seu pai e...

Joaquim segurou a mão da mãe e gritou: _ Me ouça, mamãe, o papai não pode ter tomado os remédios, porque eu vi quando ele os jogou fora no vaso sanitário.

Cátia estava em estado de choque: _ Você viu ele jogar os remédios fora? Certo, então ele está acordado e poderá nos ajudar a nos defender desse caseiro assassino.

Joaquim gritou: _ Você não entende, mamãe. O papai não pode nos ajudar.

Cátia deu um grito: _ Ah, não, meu filho, não me diga que o caseiro assassino, matou ele também?

Joaquim se aproximou da mãe e cochichou no seu ouvido: _ Não existe caseiro assassino, mamãe. Não foi o seu Francisco que matou a titia. Foi o papai, ele está lá em cima lavando o facão e discutindo com as vozes se deve ou não matar a gente.

Cátia sentiu o horror de aquela revelação lhe tirar as forças, um frio lhe percorreu as espinhas. Então, o marido que ela tanto amara havia enlouquecido, matado a irmã, o namorado dela e estava agora lá em cima, lavando o facão e se preparando para matar a ela e a seu próprio filho. Cátia precisava reagir, levantar, correr, tentar se salvar e salvar seu filho, mas permanecia sentada no sofá em estado de choque, sem conseguir se mexer. Foi então que se ouviram passos na escada. E o pequeno Joaquim viu com horror, o pai descer as escadas com um olhar ensandecido e com o facão na mão.

Desesperado, o pequeno Joaquim começou a gritar e a sacudir a mãe: _ Vamos, mamãe, precisamos correr, ele vai nos matar, ele vai nos matar.

Ao ver o marido se aproximar com o olhar insano de uma fera assassina e ver o desespero do filho, Cátia finalmente se levantou e colocando se na frente do filho disse: _ Jorge, por favor, não faça isso, sou sua esposa. E esse é seu filho. Somos sua família. Você deveria nos proteger e não nos machucar.

Jorge olhou para ela sem nenhum sentimento. Um olhar frio, vazio, como se a alma estivesse oca e disse: _ Bem que as vozes me disseram que vocês tentariam me enganar. Vocês não são mais minha família, o demônio se apossou dos corpos de vocês e a única forma de salvá-los é cortando suas cabeças.

Cátia gritou: _ Pelo amor de Deus, Jorge, não faça isso, querido. Você está delirando. É a falta dos remédios.

Jorge berrou: _ Não, eu não preciso de remédios. As vozes me disseram que eles só servem para me roubar a alma. Você é uma emissária do demônio. Está trabalhando em conluio com ele para levar minha alma. Mas, eu não vou permitir. Vou cortar sua cabeça, a sua e a desse capetinha que se apossou da alma de nosso filhinho.

Cátia gritou: _ Corre Joaquim, corre, meu filho, correee.

Mas, Joaquim se agarrou nas pernas da mãe e disse: _ Sem a senhora, eu não vou, mamãe.

Vendo que não havia saída, a pobre mulher se ajoelhou no chão junto do filho e pediu: _ Feche os olhos, Joaquim. Fecha os olhos e reze.

E assim mãe e filho de joelhos no chão, fecharam os olhos e começaram a rezar, Jorge empunhou o facão e estava pronto para atacar, quando um tiro ecoou pela escuridão e um baque de algo caindo no chão foi ouvido pelos dois, e então uma voz disse ao ouvido de Cátia: _ Pode abrir os olhos, agora.

X

Enquanto os policiais levavam os corpos e Joaquim era examinado por paramédicos, Cátia se aproximou do caseiro Francisco e disse: _ obrigado por ter salvado nossas vidas e me desculpe por ter acreditado que você fosse o assassino.

Francisco apenas disse: _ Tudo bem, no seu lugar, talvez eu pensasse o mesmo. Mas o importante é que deu tudo certo. E eu espero realmente que seu menino fique bem.

Cátia olhou carinhosamente para o filho e disse: _ Ele é um bom garoto, acho que ficará bem sim e graças ao senhor.

Depois de se despedir de Francisco, Cátia se aproximou do filho, que a olhou preocupado e perguntou: _ O que vai acontecer com o papai?

_ Bom, ele vai ser levado para o hospital para tratar do tiro que levou no ombro e depois deve ir para um manicômio judiciário, pelo menos é o que eu acho. Mas no momento não dá para saber com certeza. Haverá um julgamento ainda.

O menino baixou a cabeça tristemente e disse: _ Será que ele vai se curar algum dia, mamãe e voltar a ser o mesmo de sempre?

_ Não sei filho, isso só o tempo poderá dizer. Mas não podemos perder a esperança.

Cátia, então se lembrou de algo: _ Filho, o que você queria me dizer mais cedo quando seu pai me chamou pedindo os remédios?

_ Bem é que eu vi o papai falando sozinho e jogando os remédios no vaso.

_ Sim, você me disse isso. Mas o estranho é que eu encontrei o vidro de remédios e vi quando ele tomou.

_ Mas não era remédio que ele tomou, ele substitui por balinhas, eu vi mamãe.

Cátia estava estupefata: _ Então foi por isso que ele ficou assim, com certeza vinha substituindo os remédios já fazia tempo. Filho me perdoa por não ter te escutado, mas pode ter certeza que daqui para frente, eu sempre vou te ouvir e sabe por quê?

Joaquim a olhou curioso: _ Não por que, mamãe?

_ Por que eu quase perdi a cabeça por não te ouvir.

Joaquim sorriu: _ E eu também, mamãe.

_ Sim, filho. Você me perdoa?

_ Sim, mamãe, eu te perdôo.

Os dois se abraçaram e Cátia apesar da dor, se sentiu agradecida por estar viva e de ter seu lindo filho ao seu lado. Dias melhores virão, ela pensou. Dias melhores virão.

Marcos Welber
Enviado por Marcos Welber em 20/01/2020
Reeditado em 20/01/2020
Código do texto: T6845960
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