A Ponte

Estou entre a cruz e a espada. À minha frente, há uma longa ponte pênsil, em péssimas condições, sobre um precipício sem fundo e, atrás de mim, há um exército de zumbis assassinos querendo acabar comigo. O que aconteceu para eu estar nesta situação crítica? Vou contar...

Na madrugada do Dia das Bruxas, em Elmville, uma cidadezinha localizada no sul do estado do Colorado, eu dormia tranquilamente até ser acordado com o barulho de pedras se chocando contra o telhado de minha casa. Abri a janela assustado e vi que eram meteoritos do tamanho de bolas de beisebol. A “chuva” durou cerca de meia hora. Tentei dormir novamente, mas não consegui. Após 20 minutos, ouvi gritos vindo da rua. Olhei pela janela e vi criaturas, que tinham a forma humana, sugando o sangue de meus vizinhos, Rachel e Eltz. Na mesma hora, peguei a chave do carro e corri para a garagem por uma porta interna. Entrei no carro e quando abri a porta da garagem com o controle remoto para sair com o veículo, havia, na frente da garagem, dezenas de seres que outrora foram humanos querendo o meu sangue. Acelerei e passei por cima de alguns desses monstros. Corri o máximo que pude com o carro, mas, por descuido e esquecimento, não o havia abastecido e, então, ele parou, sem gasolina, alguns quilômetros adiante. Tentei ligar para a polícia, mas meu celular estava sem sinal. Após alguns minutos de hesitação saí do carro e corri como um maratonista sem saber ao certo aonde chegar. Só queria me livrar daqueles monstros. Só isso. Porém, a despeito de minha vontade, os zumbis assassinos começaram a surgir atrás de mim. Monstros disformes à procura de algo que não possuíam mais: vida! E, agora, me vejo num dilema: ou eu atravesso a ponte, correndo o risco de cair no abismo, ou serei morto pelos zumbis. Decido arriscar. Com o fôlego que me restou, corro o máximo que posso até a ponte. Os zumbis me seguem como moscas no mel. Quando estou chegando ao fim da ponte, um dos zumbis segura meu pé. Chuto-o o mais que posso e consigo escapar, mas a ponte cai. Enquanto caio no infinito, junto com dezenas de monstros que um dia foram humanos, penso em minha breve vida: 29 anos, solteiro, sem filhos, namorador e com um ótimo emprego. Pretendia casar aos trinta anos. O fim do precipício se aproxima. Agradeço a Deus por não ter virado uma daquelas criaturas e, agora, me preparo para o fim que eu escolhi e ele, enfim, chega...

FIM

Luciano RF
Enviado por Luciano RF em 19/01/2020
Reeditado em 19/01/2020
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