ME CHAME TERROR 6 IND 11 ANOS LIVRE

O cemitério é cheio de pessoas, muitos conhecidos, parentes, curiosos, o enterro de Isabel e Jaime para a cidade.

- Mais quem diabos queria tanto maus a estes dois?

- Bem, segundo o que fora adiantado ela sofrera uma combustão humana.

- Combustão?

- Sim, não acontece tantas vezes, mais sim, existe.

Leandra conforta Fátima que não cessa o choro, já fora medicada com calmantes, mais nada.

Jocyane vai até elas, Antônio brinca com o filho de Fátima junto dos seus.

- Oi.

- Oi dona Jocyane, muito obrigado pelo que a senhora fez e.......

- Calma, mesmo sendo pouco tempo que eu a conheci, sabe, Isabel foi se tornando para mim meio e que uma amiga, entende?

- Acho que sim.

- Ela falou alguma coisa estranha com vocês?

- Estranha, como?

- Sei lá, algo que ela tenha visto.

- Bem, eu acho..........

Leandra entra no assunto.

- Ela falou sim, falou de uma menina.

- Menina?

- Sim, disse que essa menina entrou na casa dela.

- Como assim?

Fátima ao ouvir tem uma lembrança triste, mais choros.

Jocyane entende que o momento não é o mais propicio para continuar com a conversa, pede licença e se afasta delas, retorna ao marido que deixara o filho de Fátima sob os cuidados dos seus filhos.

- E ai?

- Não estava errada.

- Como assim?

- Ela viu algo.

- Quem te disse, quando, como?

- Calma Antônio, por hora é melhor deixarmos, mais eu sei, sinto, Isabel ficara frente a garota.

- Será, mais não haveria ligação nisto.

- O que sei, essa menina nos quer longe ou mortos.

- Tem certeza?

- Olhe ali, aquele caixão abaixo daquela terra nada mais é que duas vitimas daquele monstro.

- Temos de pensar em algo.

- Agora me decidi, vamos ficar.

- Quer isso mesmo?

- Sim eu quero.

Antônio olha para a mulher que se vira em direção a sepultura e depois de volta a ele.

- Vamos acabar com aquilo, seja o que for.

28122019........

Dois dias depois, ali no terminal rodoviário, Antônio e Jocyane se despedem dos filhos.

- Mãe, tem certeza que quer ficar?

- Claro, não largo seu pai nunca, além de quê agora sou eu que vou provocar essa peste.

- Tome cuidado mãe, por favor.

- Vou tomar, podem ir tranquilos.

Os rapazes entram no ônibus após receberem calorosos abraços dos pais, assim que o veiculo some de vista, Jocyane entra no carro com o marido.

- Pode me deixar na igreja?

- Sim.

- Então vamos.

- Tudo bem com você?

- Tudo.

O casal segue em silêncio.

Na igreja, Jocyane faz suas preces sempre atenta ao vir do paróco até que:

- Padre.

- Minha filha. Ela conta ao padre em pormenores o que lhe ocorrera e suas suspeitas quanto á morte trágica de Isabel e de seu marido.

- Acho que esta fantasiando um pouco, pode ser devido ao fato de que a senhora queira tanto ir embora daqui, minha filha.

- Não padre, me escute, posso lhe garantir, aquilo seja o que for, uma coisa é certa, não é de Deus.

- Por favor, senhora. Jocyane continua a contar ao padre, até que ele é vencido ou pelo cansaço ou num quase acreditar, fazendo assim o que ela lhe pedira.

Antônio esta ao término de seu plantão, aos poucos os funcionários dali vão indo, ficando somente ele em sua sala, porta principal trancada.

- Olá doutor.

- Acho que de certa sabia que viria aqui.

- Pois ja eu acho que o doutor aqui é um tanto frustado, ainda mais agora como delegado e nãoconsegue nem ao menos resolver um crime.

- Por que, você saberia, ah sim, você é parte principal neles.

- O que foi seu delegadinho de merda, quer me afrontar, é isso?

- O que sei é que você é um espirito fraco, dependente e escravizado por um ódio corrosivo, você é um obssessor.

- Agora decidiste filosofar, sabe, não te servirá para nada isso, lá para onde vais é tão gélido.

- Para uma criança seu vocabulário é bem enriquecido, com certeza seus pais lhe deram uma boa educação quando vivia.

- Vá para o inferno.

- E ficar assim, igual a você tão pálida e critica de tudo e de todos, um ser ou espirito sem critérios éticos, isso?

A menina se lança a ele, Antônio se esquiva em ligeira manobra corporal.

- O que foi, coitadinho, tem muito medo de mim?

- Pare com isso, você já não existe, esta morta e sabes disso, retorne de onde veio.

- Te quero morto.

- Você sofrera muito quando viva, até entendo, em certo, mais daí a ficar vagando e fazendo mau a pessoas que nada te fizeram, pare com isso e vá para o seu lugar, seu canto.

- Não manda em mim.

- Eu sei que não, mais alguém tem de fazer o papel de pai, você não teve pai?

- Não, eu odeio pais, eu odeio vocês, os quero mortos.

- Vá para o seu lugar, retorne de onde veio, me obedeça, você tem feito muitas coisas ruins, vá embora, agora.

Grita Antônio ali, em gesto rispido a menina joga ele contra a parede e depois contra um armário, ele cai ao chão com fortes dores nas costas, logo se levanta.

- Até que o velho é bem forte.

- Já chega, retorne para o seu lugar.

- Acha mesmo que vai dar certo, acha?

- Vai embora, agora. Os olhos da menina mudam de cor para um roxo, logo a sala começa a sacudir e ela desaparece.

29122019............

Jocyane faz a décima entrevista com as candidatas a funcionária de sua casa, ali chega uma senhora negra de seus 48 ou mais.

- Quando pode começar?

- Agora mesmo.

- Amanhã, esta bem?

- Sim senhora, chegarei por volta das 7, tudo bem?

- Ótimo.

- Muito obrigado dona Jocyane, sabe, esta cada vez mais dificil velho arrumar emprego neste nosso país e ainda por cima quando este é negro, entende?

- Primeiro você não é velha e segundo pare com isso de complexo com cor, somos brasileiros e todos somos uma mistura de raças e crenças, somos miscigenação pura.

- Obrigado.

- Até amanhã.

- Sim.

A mulher se despede saindo, Jocyane toma um bom banho, caminha pela casa, apaga as luzes ainda são 20 horas, seu esposo fora para outra cidade auxiliar o delegado em uma diligência.

- Nossa como essa casa fica deserta.

Ali andando ela segue para o quarto onde coloca uma camisola laranja curta, penteia seus cabelos e passa um deoparfum pós banho.

Depois de cremes nas pernas, pescoço, rosto e braços.

- Nunca é demais, afinal prevenção faz só bem, principalmente a minha prevenção.

Ali com riso ela segue para a cozinha, toma água e apaga a luz.

- Oi.

- Sai daqui.

- Acho que não.

A menina mexe a boca e Jocyane levita pelo corredor, logo inicia um desvairado para lá e para cá com a mulher que é jogada de um lado a outro no corredor, ela cai desmaiada, aos poucos vai se recuperando daquilo, a visão ainda esta um tanto turva, ela vê os sapatos pretos, meias brancas, a menina ali tão perto dela em vestido rosa com marcas de sangue.

- O que você quer, quem você é?

- Cale a boca.

- Você a matou, matou ela e o marido?

- Já te disse, vá pro inferno, cale a maldita boca. A mulher fica muda com a atitude da menina que lhe mostra um cutelo na mão.

- Vai embora.

- Por que, o que te fizemos, não te odeio, nem te conheço, por que, por que conosco, por que?

- Morra. Jocyane torna a sentir dores pelo corpo, vai ficando imobilizada ali pela dor e grita insansentemente.

- Pare, pare, vá embora, não te fiz mau algum, pare, pare, pare.

- Por que, por que parar?

- Vá para o seu lugar, retorne de onde veio.

- Eu?

- Vai. Vocífera Jocyane ali, a menina se aproxima dela com a arma em punho levantado quando vai desferir o golpe, Isabel surge frente a menina.

- Corre senhora.

Jocyane corre meio tonta ainda devido as agressões sofridas ali, vai até o telefone e faz uma ligação ainda em medo, ao terminar, não vê mais nem a menina nem Isabel na casa.

- O que foi isso, que loucura esta acontecendo neste lugar, meu Deus. Minutos depois dois policiais estão com ela na sala, Jocyane lhes conta que sentiu estar sendo observada e quando foi a cozinha, jurou ter visto um homem no quintal, os policiais fizeram uma procura, mais nada fora do anormal.

30122019................

Antônio ali com Jocyane que termina o soro devido a fortes dores no corpo e náuseas.

- Esta se sentindo melhor amor?

- Sim, agora já podemos ir, tenho que lhe contar algo.

- O que foi?

- Falaremos assim que eu sair deste lugar.

- Tudo bem. O médico entra ali e após algumas recomendações dá alta a paciente.

No carro a caminho para a casa, Jocyane lhe conta o ocorrido em detalhes, Antônio ouve tudo aquilo a ponto de parar o veiculo numa praça.

- Estive pensando amor, vamos nos mudar.

- O quê?

- Sim, não posso te deixar a mercê dessa louca.

- Pare Antônio, sabe, eu também estive pensando e pesquisando.

- Pesquisando o quê?

- Amor, essa garota realmente viveu por aqui.

- Como?

- A história é cheia de segredos e trechos um tanto nebulosos.

- Como assim?

- Quando chegarmos vou te mostrar.

- Quero saber tudo.

Na casa ali na sala, Jocyane mostra no tablet os resultados de suas buscas.

- Eu ouvi algo bem parecido com o que esta escrito aqui, meu pai nos contava, só que eu e meus irmãos achavamos que era para nos amendrontar e irmos logo para a cama.

- Pois talvez não fosse só para isso, acho que no fundo seu pai e os outros que contavam essas estórias só queriam mesmo é proteger os seus.

- Proteger?

- Daquele demônio, você a viu aquilo pode até parecer um anjinho de inicio mais é a perfeita secretária do cão.

- E agora?

- O nome.

- Como, o nome?

- Você se lembra, quando apareceu para a gente pela primeira vez, um dos garotos disse um nome para ela.

- Verdade, estou me lembrando.

- Temos que falar com os meninos.

- Vamos ligar para eles.

- Sabe, amor, dessa vez sinto que vamos nos fortalecer, essa criatura ja foi longe demais.

- Concordo.

Jocyane conversa com os filhos por telefone, Antônio segue no trabalho e nos momentos de descanso estuda a estória contada sobre a garota vingativa.

- O que achou?

- Me parece que a família dela se mudou há muito, mais por sorte eu encontrei uma tia e prima, residem daqui uns 40 km.

- Então vamos ve-la?

- Amanhã, sairemos bem cedo.

- Sim.

- Amor, não podemos ficar mais nenhum dia refém deste diabo.

- Não ficaremos amor, não ficaremos. O casal segue para o quarto.

Amanhece e eles pegam a estrada rumo a uma cidade ribeirinha, chegam no endereço e lá descobrem que a tia falecera há uns 3 anos e a prima que morava com ela se mudou para a área rural.

- Obrigado senhora.

- Nada.

O carro sai, levando o casal para o endereço, no caminho Jocyane passa mau, tem várias crises de choro e chega a vomitar por algumas vezes.

- O que esta acontecendo, você esta melhor?

- É ela, agora sim, é ela.

- O quê, acha que ela esta por aqui?

- O que sei é que ela não quer que a gente encontre sua família ou o que sobrou desta.

- Vamos continuar?

- Sim amor. Antônio dá partida no carro e eles seguem, na estrada a menina surge vendo o carro se afastar.

- Malditos.

Ela desaparece e o casal depois de uns 20 minutos, pára frente a placa de um sitio.

- Sitio Romão.

- É este?

- Com certeza que sim.

- Agora vamos saber algumas verdades sobre tudo isso.

- Tomara.

Antônio desce e abre a porteira, Jocyane passa com o veiculo e ele fecha, depois de uns 500 metros outra porteira e o sistema é o mesmo, ali frente a uma casa de madeira, bem velha, eles param, mais a frente uma construção de uma residência bem menor só que de alvenaria.

- Olá.

- O que foi, o que vocês querem?

03012020........................

Ali em pé, na beirada da varanda, uma mulher de seus quase 50 anos, num vestido de jeans já bem surrado e sujo.

- Bom dia, me chamo Jocyane, a senhora sabe me dizer se aqui mora uma mulher por nome de Laura?

- Sou eu mesma, o que vocês querem aqui?

Jocyane se aproxima, Antônio pega no carro uma pistola colocando-a na cintura por debaixo da camisa.

- O seu companheiro ai que nem pense em fazer uma de pistoleiro, afinal quem invadiu o lugar aqui foram vocês.

- Me desculpe ele só esta um tanto nervoso, podemos conversar dona Laura?

- Sobre o quê?

- Mara.

A mulher ao ouvir aquele nome deixa cair a espingarda que trazia em mãos e um estojo com pólvora.

- O que vocês disseram, vão embora agora, não quero vocês aqui.

- Dona Laura, eu estive estudando um pouco sobre essa Mara, ela foi ou é, não sei bem sobre isso, alguma parente sua?

- Vão embora, ja disse para irem.

- Por favor dona Laura, aquela criatura esta nos fazendo muito mau, acredite, jamais sairíamos do nosso lar para vir até aqui se a situação não fosse tão critica.

- Eu não posso fazer nada.

- Por favor, é uma mãe de dois garotos que ainda estudam, por favor, a senhora é mulher como eu, me ajude, seja o que souber, me ajude.

- Minha vó contava uma história, já a outra contava quase a mesma só que tinha alguns detalhes que a da outra não havia.

- E qual a senhora pensa ser a melhor?

- Nenhuma, sempre trouxe padres e pastores e outros chefes de outras denominações e religiões.

- O que aconteceu, dona Laura?

- Bem, ela só me apareceu uma vez há cerca de uns dez anos, eu estava em preparo de casamento de um irmão.

- Meu Deus, ele se casou?

- Não, não chegou a se casar, o casamento que ele construira as duras, a casinha humilde onde ele estava se arrumando para a cerimônia pegou fogo.

- Céus.

- A noiva dele, uma moça bem simples, mais de uma beleza estonteante não aguentou a noticia, tomou veneno no barracão da fazenda em que meu pai era capataz.

- Meu Deus, ela morreu?

- Dois dias depois, fora enterrada vestida de noiva, na época minha tia trouxe 3 vestidos novos e colocou junto do corpo.

- Sério?

- Disse que após a viagem, seria bom para que ela se possível arrumasse um outro alguém em outro plano.

- Nossa, bem funesto isso.

- Olha acho que já falei demais, melhor irem agora.

- Mais dona Laura.

- Por favor, respeitem minha casa.

Antônio percebe que alguém atravessa o corredor da casa, a mulher percebe o visto do homem apressando o casal a irem embora.

- Tchau.

- Tchau. No veiculo, Antônio olha ao redor, Jocyane fica um tanto desgostosa de terem ido tão longe por nada.

O homem decide por parar o carro perto da primeira porteira de cá para lá.

- O que foi?

- Espere, só um minuto.

A senhora surge do lado do motorista por fora.

- O que houve?

- Senhora, só mais uma pergunta, o que são aqueles riscos em alguns mourões e já os vi outros bem parecidos na entrada principal, no eucaliptos que ladeiam a entrada.

- O que ainda querem aqui, vão embora, por favor.

- Então posso deduzir que esta escondendo algo, tipo algum ritual obscuro?

- Por favor, vão.

- Vai nos ajudar, vai?

- Eu encontro vocês daqui uns 3 dias, é só ficarem em espera.

- Muito obrigado senhora.

- Agora vão.

Antônio pisa no acelerador, saindo dali, pelo retrovisor eles veem a mulher desaparecer no caminho.

- Você viu aquilo?

- Sim.

- O que acha?

- Melhor deixarmos essa dúvidas onde deverão ficar, só vamos esperar que ela cumpra sua parte.

- É, esta certo, concordo.

A nova funcionária de Jocyane limpa a casa , termina de colocar a ultima leva de roupas no varal, agora vai para o quarto dos rapazes trocar as roupas de cama.

- Oi. Ela olha para trás ali na porta em vestido branco com salpiques de sangue.

- Quem é você, esta machucada?

- Sim.

A mulher a leva com todo cuidado para o banheiro, do armário deste ela pega uma maletinha de primeiros socorros, ja área de serviço a mulher faz o curativo da menina no dedo médio dela.

- Menina, onde você mora, onde machucou seu dedinho?

- Não sei tia.

- Pois deveria, olhe já estou terminando, vou te dar uma fruta e dai você vai, tudo bem?

- Sim, tudo.

O casal chega ja no meio da tarde, Jocyane segue para o banheiro, Antônio vai ao escritório onde guarda a pistola de seu uso numa maleta em cima deste armário.

- Boa tarde.

- Oi, achei que ja tivesse ido embora.

- Dona Jocyane me pediu que esperasse os senhores, daí poderia ir.

- A sim, obrigado.

Jocyane vem até eles.

- Muito obrigado por ficar um pouco mais tarde.

- Sim. Jocyane lhe dá um certo valor, Antônio acompanha com os olhos.

- Obrigado senhora, nem precisava.........

- Por favor e muito obrigado.

- Sendo assim, bem vou indo, ja ia me esquecendo senhora, teve uma garotinha aqui, não sei como ela entrou, havia machucado o dedo, sei que estou errada, mas, me perdoem, eu fiz um curativo nela.

- Garotinha?

- Sim uma menina, deve ter seus 9 a 11 anos de idade.

Antônio se aproxima dela.

- Como ela era?

- Senhor.

- A garota, como ela era?

- Branca, em vestido branco com marquinhas de sangue, acho bem, só pode ser daquele machucado e.......

- Ela te disse algo?

- Me respondeu o que lhe perguntei.

- Disse o seu nome?

- Não.

- E sobre seus pais?

- Bem, ela estava um tanto amendontrada.

Jocyane se aproxima da mulher.

- Por favor Vanda, me diga, ela tentou ou você notou algo de ruim nela?

- Como, uma menina de aparência tão triste, solitária, ferida, não, senhora, aquela menina não seria nunca alguém ruim.

O casal se entreolham.

- Poderia ficar mais um pouco Vanda, precisamos lhe contar algo?

- Sim senhora.

A funcionária vai se inteirando de tudo que ja ocorrera aos patrões, fica em certo pálida com a história deles.

- Meu Deus, minha virgem Santissima, mais não, será, aquela menina?

- Mais pode acreditar, porém eu estou aqui um tanto surpresa com algo?

Antônio entra.

- Com o quê?

- Por que ela não tentou algo com você, Vanda?

A mulher ali na frente deles, esfrega as mãos em sua saia.

- Bem, melhor eu ja ir logo dizendo, bom mesmo seria eu ter dito no inicio, quando a senhora me entrevistou.

- O que foi?

- Por favor, não me mandem embora, eu preciso demais desse emprego.

- Fale, o que houve, o que você não nos disse?

- Bem, eu frequento um terreiro.

- Terreiro?

- Sim de Umbamda.

- Meu Deus, não havia pensado nisto.

- Sempre no meio sa semana e no inicio tomo uns banhos, faço alguns rituais.

- Magia, me desculpe dizer, mais é macumba?

- Banhos com ervas, não, não gostamos dessa denominação, macumba se torna algo muito xulo, são rituais, mais nada ofensivos, sem sangues.

- Acho que entendo.......

- Por favor, não mandem embora, por favor.

Jocyane olha para Antônio.

- Talvez a menina se sentiu de alguma forma bloqueada, só pode ser isso.

- Será?

- Bem, é o mais plausível até o momento.

Vanda retorna a fala.

- Na realidade, sou acostumada a lidar com desencarnados, eles sempre vem aos cultos com o pai caboclo.

- Pai Caboclo?

- Sim, o guia mestre do terreiro, o cabeça de frente.

Jocyane entra no assunto.

- Poderia nos dar o endereço?

- Sim, claro.

Jocyane anota o endereço e logo a mulher se despede indo.

- O que achou?

- Amor, temos de tentar de tudo.

- Tem certeza que quer ir nesse lugar?

- Só se você for junto comigo, lógico.

- Mais você sabe, é macumba?

- Sim amor, mais temos de respeitar as religiões, vai que neste lugar temos as respostas que tanto precisamos.

Antônio meio que concorda e segue para o banho, Jocyane prepara um lanche para eles.

Vanda desce da perua que a trouxe até o bairro bem afastado da cidade, já esta anoitecendo e ela cumprimenta alguns conhecidos que passam por ela, logo entra em um caminho estreito de terrenos baldios, já avista sua casa ali com as luzes acesas e sons de crianças.

- Aqueles meninos vieram de novo, ai meu Deus, hoje morro de tanto de rir com eles.

Anda ali sentindo ser seguida.

- Por que falou com eles?

- O que foi menina, se perdeu dos seus pais de novo?

- Não era esse o nosso trato.

- E qual era criança, aquele casal esta enlouquecendo, logo terei minha vingança, tudo graças a você.

- Não gosto de fazer aquilo.

- Você não tem que gostar, se esqueceu, é um espirito oriundo das sombras, quem mandou alguém da sua família te-la amaldiçoado.

- Você é má.

- Igual qualquer ser humano que respire e tenha ocorrido o que me ocorrera.

- Bruxa.

- Igualmente.

05012020................

O casal dorme quando Jocyane tem um pesadelo com seus filhos, onde um deles é morto enforcado na grade da ponte.

- Não. Ela acorda em suor, suas mãos trêmulas, Antônio continua seu sono, ela lhe dera um leve calmante.

- Meu Deus. Sai da cama e segue para a cozinha, bebe água e lava o rosto na pia da cozinha, pela janela olha para o quintal, agora iluminado, ela decidira colocar pontos de luz por lugares estratégicos do quintal.

Terminado ali ela segue de volta ao quarto, sente um ar gélido no corredor e se apressa para entrar no dormitório.

- O quê?

- Oi senhora.

- Por que esta aqui?

- É ela, ela que quer o seu fim.

- Ela quem?

- Não posso.

- Por favor querida, me diz.

- Só vão embora.

- Tudo bem, mais preciso de um argumento.

- Vão embora.

Antônio acorda, sai da cama e tenta segurar por trás a garota.

Ao prende-la a si, sente como se estivesse abraçado a uma grande brasa.

- Ai. Antônio grita de dor, Jocyane vê as mãos e braços do homem sendo incendiados.

- Não, por favor filha, querida, não faça isso.

- Eu........

- Não meu amor, vem aqui comigo. A menina arde ali, Antônio a solta e cai no chão.

- Por favor querida.

A menina flutua ali indo em direção a Jocyane que abre os braços para recebe-la.

- Eu não posso, quero, eu quero, mais não posso.

- Vem querida, por favor.

A menina se aproxima da mulher e de repente para, rodopia por várias vezes e todo o quarto é tomado por uma força centrífuga, móveis foram quebrados, espelhos, make, roupas, tudo jogado para todos os lados, a garota grita em dor, como que se estivesse sofrendo algo, Jocyane se aproxima dela e tenta segura-la, a menina para e cai logo desaparecendo.

- Tem alguém manipulando ela.

- Como?

Ela olha para o marido ali caído com feridas nos braços, corre para o escritório e retorna com as chaves do auto.

No hospital, Antônio recebe o atendimento necessário, lhe é passado alguns medicamentos e depois ele é liberado.

- Vamos para casa.

- O que foi aquilo?

- Aquela menina é uma vítima.

- O que é isso, vai ficar do lado de uma criatura daquela?

- Não é isso, amor, ela meio que me pediu ajuda.

- Por favor querida.

- Vai, vamos, em casa te explico.

- Sim.

Ao chegarem na casa, na entrada principal um embrulho feito em jornal.

07012020........

paulo fogaça e IONE AZ
Enviado por paulo fogaça em 09/01/2020
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