O Sonho
"Sabeis leitor estas linhas que agora vão, realmente aconteceram dentro da mente enferma e adormecida da poeta, então não assustais nas semelhanças e nas insânias agora descritas. Foste feito a menos de sete dias desde a marca escrita (vide final do conto) mas sinto eu decorrer a história na mais longa data, temo eu do sonho e temam vós de minha loucura".
O Sonho
A noite era longa e escura, andavam pela estrada de terra quatro jovens, um aparente vinte e tantos anos (na verdade eram só vinte anos), corpulento, barbado e de cabelos compridos milimétricamente encaracolados caindo abaixo da cintura, o outro, pacato, aparentemente mais jovem e calmo, dezoito anos, cabelos curtos e aloirados, caminhando ao lado de uma jovem, magra, cabelos negros e curtos caindo acima do ombro, vestida em breu, e apoiando-se em outra jovem, esta, aparentemente normal, cabelos negros e ondulados caídos sobre as costas e sobre os seios, e mesmo no clima não tão frio, trajava um sobretudo "jeans" e calça negra; Por baixo dos óculos os olhos (castanho avermelhado por sinal) fitavam o chão e o poste em silencio (sim essa coisa seria eu), que logo foi quebrado com a primeira fala em tempos pela outra jovem.
_"Vamo" beber!
_"Bora!", tem um bar aqui perto, embora para mim complique pois meu primo mora aqui enfrente, mas se o Mark ou o Rodolfo comprar e agente andar um pouco pra beber, ta beleza.
_Pode ser. Respondeu um dos jovens.
Assim que falou o ultimo continuaram andando, passando enfrente a um campo e a uma escola que anoite parecia mais uma gaiola de tijolos abandonada, a pouca luz que iluminava parecia se cerrar; Ouve-se um barulho no mato, os olhos fitam assustados, o ar torna-se frio e áspero.As luzes se apagaram. A jovem que estava próxima do que eles chamam de Mark encosta-lhe o corpo, sussurra umas poucas palavras, o escuro toma as vistas e apenas ouve-se o estalar dos lábios e o correr das mãos; E assim segue, até que as luzes piscam descontroladamente, como se algo as interferisse e as fizessem reacender e apagar. Os olhos se abrem. Ao longe vê-se uma sombra, incrivelmente larga, os olhos se travam, agora estava próxima e os olhos brilhantes como diamantes negros fitavam a jovem, que solta-se a aparentemente como se pendesse a razão de si caminhou em direção da besta, que a fitava. Parou frente a frente, mudou a feição do rosto, a criatura a cheirou e rosnou como se mordesse, derrubando-a no chão (não percebia e nem sentia a ação dos outros) apoiando-se com as mãos no chão, as unhas sempre enrijecidas como garras endureciam e alongavam-se, a mão estava rija com a marca dos ossos finos travados e curvos, sombras e dobras aparecem na face, e os olhos demonstram atrevimento, brilhando num tom claro e avermelhado, o ar que saia de seus lábios era quente. A expressão paradoxalmente fria soltou da boca um som, como se rosnasse, olhando fixamente para a besta, que de seus rosnados e latidos ouvia-se agora palavras.
_O lobisomem quer falar com ele... Disse o lupino a fitando; Ao ouvir as palavras ela se recordou de antigas palavras que um homem dissera a seu pai e completou quase involuntariamente.
_ Mas ele nunca foi o ver... Ao ouvir isso o lupino a cheirou forte e logo abaixou-se.
_Teu cheiro, é igual ao dele, cheira a medo e a coragem, cheira a dor e a força, cheira a verdade; Peço perdão pela quase mordida filhote, mas você também cheira a morte... (Cheirava ela à um daqueles malditos sanguessugas, pensava o lupino provavelmente). Ela espicha o nariz e cheira o braço, o único cheiro que sente é o do jovem a quem estava agarrada até a pouco. O lupino espicha o focinho no ar e rosna em direção ao jovem de cabelos compridos.
_Ele! O Cheiro da morte! Cheiro de morte e de sangue...
Após terminar a frase ele vira-se em direção aos que olham assustados e solta um respiro de ar...
_Seu cheiro está mesclado ao dele, cuidado te peço, porém... Veremos-nos em breve.
E Ao dizer isso saiu uivando e indo em direção ao vasto matagal. Nisso, acordei.
(Rafaela Duccini, Escrito dia 21/9/2007).