UM MORTO QUE ME PERSEGUE!!!!

Georgeland, Texas. Nathalie não viu com bons olhos a chegada de mais um irmãozinho. Seria mais um boca pra comer na humilde residência dos Carter. Ernest e Jeniffer já tinham quatro filhos. O mecânico de carros era um alcoólatra às escondidas. Aos olhos de todos, na pequena cidade, era um homem temente a Deus. Os filhos viviam debaixo de regras rígidas. Se um dos filhos fizesse alguma travessura, todos apanhariam do pai, depois que ele voltasse do trabalho. Nathalie nem chorava mais, de tanto que apanhava. Tinha ódio do pai. Conrad, o filho mais velho, de quinze anos, auxiliava na oficina. Ernest exigia que seus filhos tirassem notas altas na escola. -" Namoro só após os dezoito anos de idade, ainda assim, na presença dos pais." Dizia Ernest Carter. Às vinte horas, a mãe desligava a chave geral da energia elétrica, a fim de economizar. Nathalie via fantasmas. Tinha uma amiguinha imaginária!! Carne somente no almoço dos domingos. Família toda junta no culto dominical. Família toda junta nos velórios. Nathalie tinha doze anos quando o velho Ferdinando bateu as botas, caindo de seu cavalo. O produtor de leite era um dos velhos amigos de Ernest. Vivia numa fazenda e raramente frequentava a cidade. -"Vamos ao velório do Ferdinando!!! Que Deus o tenha!!! Levem as capas pois o tempo está fechado!!!!" Ordenou Ernest aos filhos. Nathalie não presentiu mas o tempo fecharia mesmo era em sua vida, trazendo um temporal de coisas ruins!!! A família apertada no furgão. A chuva começou. Jennifer estava quieta. Tivera um breve romance com Ferdinando, antes de se apaixonar por Ernest. -"Pai.... não quero entrar!! Tenho medo!!!!" Ernest empurrou Nathalie pra dentro da sala três. Um monte de gente. Uns bebendo café, outros chorando. Algumas pessoas em volta do caixão de madeira. O pai de Nathalie desatou a chorar. A garota num canto, aguardando a hora de ir embora. Era uma tortura. -" Era um bom homem!! Feioso com aquela barba branca mas bom!!!!" Diziam as pessoas que olhavam o morto. Um terno roxo e algodão no nariz do morto. O padre chegou. Aspergiu água benta no defunto. Um missionário alemão. Uma hora de rezas e sermão. Um homem se aproximou de Nathalie. -" Olá, menina. Que triste!! Odeio velórios!!" Nathalie mexeu a cabeça, afirmativamente. O homem de barba branca sorriu. -" O gato comeu sua língua??? Aproveita a vida pois ela é curta!!! Estou velho e não aproveitei nada!!!" O homem sorriu e fez cafuné na menina, antes de sair da sala. O cheiro de velas. Um vento gelado invadido o local. A chuva parou. -"Nathalie, venha!!! Vamos nos despedir do falecido Ferdinando." Nathalie estava imóvel. Ernest agarrou as orelhas de Nathalie. -" Venha, insuportável !! Vai pôr a mão no morto e fazer o sinal da cruz. Vai apanhar ao chegarmos em casa!!!!" Um a um, os irmãos de Nathalie foram até o caixão. Nathalie se arrepiou toda pois o homem no caixão era o mesmo que conversara com ela, pouco tempo atrás. Nathalie chorava. Olhos vermelhos. Branca como vela. Nathalie não dormiu direito naquela noite. Não disse nada a ninguém. Uma semana depois, ao sair da escola, Nathalie viu o fantasma de Ferdinando saindo da loja de ferragens. Estava com uma caixa de pregos. Um vento gelado soprou. Nathalie desmaiou. A garota tinha pesadelos com Ferdinando. Um ano depois, Nathalie e quatro amigas foram fazer um piquenique no campo. Um vento gelado. Nathalie viu um homem num cavalo. Tinha barba branca. -" É ele!! É ele!!! O Ferdinando!! O fantasma dele!" As amigas olharam e não viram ninguém. -" Está louca!! Ferdinando morava aqui perto mas está morto!!!!" Disse Caroline, a amiguinha de sardas e cabelos ruivos. Nathalie também viu o fantasma de Ferdinando no lago e no pesqueiro. Apenas ela via. A garota passou a ser vista como maluca. A história correu pela cidade. O pai de Nathalie levou a filha numa psiquiatra. Exames e testes psicológicos. As crianças gritavam quando a viam. -" Nathalie louca. Nath louca!!!!" Ernest culpou a esposa. -"O espírito do Ferdinando está rodando nossa filha pois tem alguma coisa a dizer. Nathalie é filha dele!!!!" A mulher negou. Ernest agarrou a mulher. -" Nathalie não se parece comigo!!!!" Socos e ponta pés. Ernest estrangulava a esposa. A mulher caiu e bateu a cabeça na quina da mesa. Jeniffer estava morta. O assassino ficou sentado, olhando pro nada. Os filhos chegaram e chamaram os vizinhos. Ernest foi preso. No enterro da mãe, Nathalie viu o fantasma de Ferdinando. A mesma barba branca. Estava ao longe, observando. Nathalie começou a gritar. -" Ferdinando está lá. Eu vi. Eu vi!!!!" A garota foi amarrada com lençóis e levada para o hospital psiquiátrico da cidade vizinha. Conrad ficou triste. Agora deveria cuidar dos irmãos. Desolado, seis dias depois, se enforcou numa árvore. Um irmão de Ernest levou os outros filhos pro México, onde vivia. Nathalie definhou no hospital de loucos. Drogas e remédios fortes. Ela tinha pesadelos frequentes com Ferdinando. Nathalie vivia no mundo de Nárnia, totalmente fora da realidade. Tinha quase dezessete anos quando soube que seu pai morrera na cadeira elétrica. Nathalie matou uma enfermeira a tesouradas e fugiu do hospital psiquiátrico com as roupas dela. Cruzou matas e rios. Um policial dormindo na viatura. Noite fria. Nathalie tirou a roupa. Estrada deserta. Nathalie tinha um belo corpo. Era constantemente abusada pelos médicos e enfermeiros do hospital psiquiátrico. O policial acordou com as batidas no vidro. -" Boa noite. Vim aquecer seu coração!!!" Nathalie entrou no carro. O policial gostou do que viu. Sexo animal. O tira tinha uma garrafa de rum. A garota pegou a arma do tira. Um tiro na cabeça. Mais uma morte na ficha da garota. De arma na mão, partiu em direção de Georgeland. Era quase de manhã quando avistou a fazenda do falecido Ferdinando. Estava disposta a tocar fogo na propriedade. O fantasma dele deveria estar lá. Ela não era mais uma garota frágil. Daria um fim aos seus pesadelos. Seu pai não lhe dava mais ordens. Uma luz acesa. Era a cozinha. Um cheiro de café. Nathalie se escondeu no quintal. Um vulto na janela. Nathalie se arrepiou. ,-" Maldito. Encontrei você, Ferdinando!!!!!" Ouviu uma música. Knocking on Heavens Door, do Bob Dylan e regravada pelo Guns n' Roses. -" Você vai bater mais será na porta do inferno, canalha. Você ferrou comigo e com minha família!!!!" Nathalie deu um chute na porta da cozinha. O homem de barba branca a encarou. Olhos amedrontados. Tremeu ao ver o revólver. -" Não!!Piedade de mim !!" Nathalie estava cega de ódio. -" Morra de vez, Ferdinando!!! Vai pro inferno!!!" Três tiros. Acertou a cabeça e o coração do homem. Ela deu socos no cadáver. Estava possessa. Nathalie caminhou até a cidade. Estava feliz. Sorria. Duas viaturas policiais. Estavam atrás do assassino de seu colega de corporação. A garota estava sem a arma. As mãos com muito sangue. Quatro policiais armados. Sem oferecer resistência, Nathalie foi presa. A cidade ficou abismada com a tragédia. Notícias na tevê. Mais uma tragédia envolvendo os Carter. -"Está presa pela morte do policial Ryan e do senhor Fernando Reynolds!!!!" Nathalie sorriu. -" Não é Fernando e sim Ferdinando!!! Matei o Ferdinando!!!!!" O delegado explicou. -"Fernando era irmão gêmeo de Ferdinando!!! Eram idênticos!! Ele morava na China e poucos sabiam dele!!!" Nathalie foi julgada e condenada a prisão perpétua. Confessou outros crimes. -" Eu achando que era um fantasma quando, na verdade, era o irmão gêmeo do filho da puta!!!!!!" FIM