Desejo Diabólico

“O medo remonta há épocas remotas como o Paleolítico, a Idade da Pedra Lascada. Nesta época, nossos ancestrais tinham medo da natureza (raios e trovões), dos animais e de seus iguais de outras tribos. O medo do desconhecido existe até hoje. É como dizem: todo mundo quer ir para o Céu, mas ninguém quer morrer. Escritores de terror fizeram e fazem sucesso até hoje. Poe, Stoker, Lovecraft, Mary Shelley, Stevenson, Anne Rice e King são alguns dos autores que fazem sucesso mundial. Quem nunca ouviu falar de “Drácula” de Bram Stoker? Do livro “Frankenstein” de Mary Shelley? E o que dizer da obra-prima de Robert Louis Stevenson “O Médico e o Monstro”? Bem, com isso, eu encerro a aula de hoje. Até amanhã”, disse o professor de Literatura de Terror, Edgar Gray, finalizando a aula. Enquanto os alunos deixavam a sala de aula, apressadamente, um homem alto, magro e extremamente pálido batia palmas para o docente. “Espere, professor. Não vá embora ainda. Gostaria de trocar algumas palavras com o senhor. Pode ser?”

“Sim, mas seja breve. Porque tenho um compromisso daqui a uma hora”.

“Serei breve.” Meu nome é Monde Vedil. Adorei sua aula. Mas eu tenho um conhecimento que será muito útil para aprimorá-la. E terei o prazer de cedê-lo ao senhor sem nenhum ônus.”

“Sinto muito senhor, Monde, mas não estou interessado...”

“Espere. Tome meu cartão. Nele tem meu celular e e-mail. Se mudar de ideia é só me contatar, a qualquer hora...”

O professor saiu do recinto apressado. O homem lhe deu calafrios. Até o fundo da alma.

Passou uma semana e nada de novo aconteceu na vida do professor Edgar Gray. No momento em que ele apanhava a carteira para pagar a pizza que pediu, o cartão de Monde Vedil cai-lhe aos pés. Ele pegou o cartão e sua vontade foi de destruí-lo, mas algo o impediu. Já passava de uma da manhã, mas o homem, Monde, disse ao professor que ele podia ligar a qualquer hora e, após comer a deliciosa pizza portuguesa, o professor ligou para Monde.

“Monde Vedil?”

“Sim. Quem fala?”

“Sou o professor Edgar Gray. O senhor me deu seu cartão...”

“Ah, sim! O senhor gostaria de ouvir minha proposta?”

“Por isso que eu liguei...”

“Tem razão, professor. O senhor pode me visitar agora, em minha casa?”

“Mas já é uma e meia da madrugada...”

“O senhor está com medo?”

“Não tenho medo de nada. Só de assalto.”

“Minha casa é segura. Venha. O senhor não vai se arrepender...”

O professor anotou o endereço, foi à garagem e saiu com seu carro como se fosse um piloto de fórmula 1.

O lugar do endereço era um cemitério. O professor conferiu três vezes o endereço passado por Monde: “Rua das Flores, 595.” Não tinha erro. Era ali mesmo. “Na certa o cara tem dois empregos e o de administrador do campo-santo é um deles.” O professor decidiu ligar para Monde:

“Alô, Monde? Você mora num cemitério? Você é louco ou o quê para me fazer vir aqui a essa hora da noite?”

“Espere. Eu estou te vendo professor. Já vou até aí. Prometo que lhe darei todas as informações e o motivo de ter marcado aqui.”

Monde chegou em segundos. O professor assustou-se com a aparência cadavérica dele, mas podia ser apenas uma impressão causada pela luz do luar. Monde começou então a falar: “eis aqui, professor, o que permitirá ao senhor ir além no que se refere ao terror!” O sinistro homem enfiou uma faca na barriga do professor Edgar Gray. Enquanto o docente se contorcia e convulsionava, Monde Vedil recitava bem alto cânticos profanos da Bíblia de Satanás. Após confirmar a morte do professor, Monde decepa a cabeça do docente e a coloca num caldeirão cheio de ingredientes esquisitos e sinistros como asas de morcego, antenas de baratas e cocô de rato. Depois de mexer cerca de uma hora o conteúdo do recipiente, Monde bebe todo o conteúdo do caldeirão e corta um pedaço de seu dedo mindinho. Pronto. Seu pacto com Lúcifer estava selado e graças a ele realizará seu maior desejo: ressuscitar seu único filho. Mas a alma a ser paga ao Príncipe das Trevas para ressuscitar Henrique, o filho de Monde, não será a do satanista, mas sim a do professor Edgar Gray, que terá o prazer (ou desprazer) de conhecer o Diabo e seus demônios em pessoa.

FIM

Luciano RF
Enviado por Luciano RF em 18/12/2019
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