A Babá - CLTS 09

A BABÁ - CLTS 09

by: Johnathan King

Distrito de Suede, Flórida - EUA

19h30m

Quando a campainha da casa dos Roberts tocou, Martha correu atender:

- É a Mary, querido, desça logo ou vamos nos atrasar. - disse a mulher, correndo buscar sua bolsa que estava jogada no sofá da sala. - Mary, querida, as crianças já estão deitadas, qualquer coisa ligue para o Gregory, o número tá anotado na porta da geladeira, meu anjo.

Martha saiu e ficou aguardando do lado de fora o marido, que veio em seguida.

- Até mais tarde, Mary. Qualquer coisa me liga. - disse o homem para a babá e saiu com certa pressa.

O casal havia saído para jantar, iriam comemorar mais um ano de casamento, o décimo segundo de suas vidas. Haviam contrato os serviços de Mary com três dias de antecedência, não queriam ser pegos de surpresa com a falta de uma babá para os filhos numa data tão importante para eles. Era a primeira vez de Mary na casa dos Roberts, e também sua primeira vez como babá.

A casa era grande, possuía dois andares, e era afastada de qualquer outra moradia da região. De certa forma o lugar dava medo, e Mary estava sentindo bem essa sensação ao passear pelos cômodos, fazendo uma espécie de reconhecimento do lugar.

A garota deitou no sofá e ligou a televisão, nada de interessante, os dedos passando pelos botões do controle em busca de entretenimento de qualidade, mas nada. Ela desistiu e pegou o celular, ficou olhando as redes sociais e conversando com o namorado e alguns amigos através do chat.

Já tarde da noite, Mary acabou pegando no sono e ficou ali mesmo pelo sofá, com a televisão ligada em um canal qualquer. A casa estava no mais absoluto silêncio, exceto pelo barulho da televisão ligada. De repente, o telefone principal da residência tocou, e Mary foi despertada subitamente.

A babá levantou do sofá e foi atender ao telefone que ficava na cozinha. Ela acreditava serem os pais das crianças ligando querendo saber como tudo estava. Mas nenhuma voz saia do outro lado da linha. E só após alguns instantes de um silêncio perturbador e inquietante, ela houviu uma gargalhada histérica e a frase: "Estou aqui em cima com as crianças, seria melhor você subir".

Mary bateu o telefone e correu até o segundo andar, onde as crianças estavam dormindo no quarto. Quando chegou lá e abriu a porta, ela encontrou um cômodo completamente vazio e duas camas infantis arrumadas, dando sinal de que ninguém havia se deitado nelas pelas últimas horas. O coração da babá começou a bater de maneira descontrolada e o medo tomou conta dela.

A garota procurou por todos os cantos do quarto, mas nada das duas crianças. Ela vasculhou cada cômodo da casa dos Roberts, mas nada. Ela resolveu então ligar para os pais das crianças, mas quando chegou na cozinha, não havia nenhum número anotado na porta da geladeira. De repente, o telefone tocou outra vez e Mary levou um susto. Ela ficou parada olhando o aparelho tocando, com medo de atendê-lo.

A ligação foi parar na caixa postal dos Roberts. A mesma coisa, um silêncio aterrador seguido da inconfundível gargalhada histérica, e depois da mesma frase de ameaça. Dessa vez Mary resolveu confrontar seu algoz misterioso, se era uma brincadeira já tinha passado do limite. Ela pegou o telefone e discou o número da polícia, nesse instante a linha ficou muda e as luzes da casa se apagaram.

A babá pegou uma faca dentro da gaveta do armário e foi caminhando até a sala, ela procurou pelo seu celular, mas ele não se encontrava no lugar onde ela o havia deixado. De repente, às luzes da casa voltaram e Mary começou a ouvir o choro baixo e abafado de criança. Ela começou a procurar pela casa de onde estava vindo o som, quando encontrou uma menina de aproximadamente uns sete anos agachada no chão do quarto dos filhos de Martha e Gregory Roberts.

A garotinha estava chorando de cabeça baixa segurando um ursinho de pelúcia nos braços, a cena surreal deixou Mary completamente sem entender nada do que estava acontecendo ali. Ela começou a se aproximar da menina, querendo saber o que estava acontecendo, quando essa se virou de uma vez para encará-la com uma expressão assassina no olhar. A garotinha então deu um sorriso diabólico e segurando uma faca começou a esfaquear várias vezes seu ursinho de pelúcia.

- O Tedy era um ursinho muito sapeca, merecia isso.- disse a menina sorrindo histericamente. - Agora é a sua vez, Mary.

A babá sentiu medo dos pés a cabeça, era a mesma gargalhada das ligações que recebeu. Ela fez menção de sair correndo, quando sentiu uma fisgada fina na batata das pernas e percebeu que havia sido cortada com uma faca. Mary caiu de joelhos no chão e quando olhou para trás, a moça viu um garoto de uns dez anos em pé na sua frente segurando uma enorme faca de açougueiro encharcada com seu sangue.

- Olá, babá. É hora de morrer. - disse o menino gargalhando de modo tão histérico quanto a garotinha no chão. - Você matou o Tedy? Eu gostava dele.

E as duas crianças riram insanamente de toda a situação.

A garotinha se levantou do chão jogando seu ursinho completamente retalhado num canto, e foi na direção de Mary empunhando também uma faca de açougueiro ainda coberta de pelos do brinquedo. Nesse momento, a babá notou a faca que havia pego na cozinha caída ao seu lado, ela não pensou duas, pegou o objeto e se ergueu do chão tão depressa que o garoto atrás dela mal teve tempo de vê quando ela o golpeou no braço.

O menino caiu para o lado berrando loucamente, enquanto tentava estancar o ferimento. Sua irmã ficou paralisada no meio do quarto, atônita com o que acabará de assistir.

- Corre atrás dela, não fica aí parada igual uma idiota. - berrou o garoto caído no chão de maneira histórica. - Eu já acompanho vocês, aquela maldita me feriu. Ela vai me pagar.

A menina saiu do quarto, deixando seu irmão estatelado no chão em meio a agonia e dor. Ela ia abrindo portas e olhando nos quartos, embaixo das camas e dentro dos armários, procurando por Mary. Mas a babá havia sumido.

A pequena psicopata bufou de ódio e saiu do quarto, ela foi seguindo pelo corredor até o topo da escada, onde levou uma rasteira de Mary, que estava escondida atrás de uma cortina, e caiu rolando os degraus. Seu irmão que vinha logo atrás gritou de desespero, e saiu correndo em seu encalço. Vendo isso Mary desceu as escadas quase tropeçando nas próprias pernas, parando no final, aos pés da garota estendida no chão desacordada.

A garota estava caída no último degrau e Mary temia que ela pudesse acordar de repente e atacá-la, como acontece sempre nos filmes de terror. Mary olhou para trás, o irmão da garotinha estava parado no alto, ele a encarava com ódio nos olhos. A babá saltou sobre a menina quando o irmão dessa começou a descer as escadas enfurecido.

Mary chegou até à porta e quando abriu a mesma deu de cara com Martha e Gregory Roberts, os pais das duas crianças assassinas. Ela sentiu um grande alívio quando os vius parados na sua frente, e começou a narrar com detalhes tudo o que tinha acontecido, acreditando que os Roberts pudessem dar crédito à sua história, por mais absurda que você.

Os dois filhos deles eram psicopatas mirins e haviam tentado matá-la. Eles teriam que acreditar no que ela estava falando. Era obrigação deles acreditarem nela. Mas logo seu semblante mudou, a babá ficou consternada ao constatar que tanto o pai quanto a mãe das crianças não pareciam estarem surpresos com o que haviam encontrado.

Martha correu ao encontro dos filhos, a menina ainda estava desacordada e seu irmão estava ao seu lado, tentando reanimá-la.

- Você matou minha filha, sua vadia maldita. - gritou a senhora Roberts. Ela estava chorando e parecia possuída por um ódio sobrenatural.

- Ela também me cortou, mamãe, olha. - disse o garoto apontando para o feriado no braço.

A senhora Roberts levantou e foi ao encontro de Mary e lhe deu um tapa, que a fez cair no chão. Nesse instante, Gregory Roberts trancou a porta e colocou a chave no bolso da calça.

- Você não deveria ter feito isso, garota. Ferir nossas crianças. - disse Gregory. - Isso terá consequências.

- Eu já disse, eles tentaram me matar, eu só me defendi. - tentou argumanter a babá, em vão.

- Billy, eu já ensinei pra você e sua irmã que não se deve brincar com o jantar, veja o que aconteceu, Lisa está morta. - disse o senhor Roberts ao filho.

- Eu sei papai, me desculpe, mas a culpa foi toda da idiota da Lisa. - disse o garoto. - Se ela tivesse seguido o plano como nós sempre fizemos, nada disso tinha acontecido.

- Cala a boca, sua irmã está morta. - berrou Gregory.

Martha abraçou o filho, que estava tremendo.

- Não grite com o menino, Gregory. A culpa foi toda dessa daí. - disse a senhora Roberts apontando para a babá no chão.

Nesse momento um turbilhão de pensamentos passavam pela cabeça de Mary, que não conseguia ainda acreditar em toda aquela história bizarra e aterradora que estava acontecendo com ela. Ela estava presa numa casa com uma família de psicopatas sádicos e não fazia a mínima ideia de como escapar daquele pesadelo, se escaparia.

Gregory pegou Mary pelos cabelos e foi arrastando-a até a cozinha, que se debatia em súplicas, tentando escapar de um terrível fim, que parecia muito próximo.

- Garota estúpida, sua carne dará um ótimo ensopado, e amanhã irei fritar seu coração e fígado para o almoço. - disse Martha. - Sua carne parece ser mais macia do que à da nossa última babá.

Mary começou então a gritar desesperada por socorro, mas tudo parecia ser em vão, a casa dos Roberts ficava no meio do nada, afastada de tudo e de todos.

- Você pode berrar o quanto quiser, menina burra, aqui ninguém vai te ouvir nunca, e nem te procurar. - disse o senhor Roberts. - Você acha que é a primeira babá que arrastamos para esse fim de mundo com a promessa de um bom dinheiro por poucas horas de trabalho? Muitas outras vieram antes de você, e ninguém nunca descobriu nada.

Dizendo isso, Gregory amarrou os pulsos e os pés de Mary e a colocou sob mesa da cozinha. Em seguida, ele, a esposa e o filho pegaram cada um uma faca e se aproximaram da moça. A família Roberts erguendo as facas pararam no momento final, quando ouviram o som de sirenes vindo do lado de fora, e desesperaram. Os policiais invadiram a casa, e chegaram até a cozinha, guiados pelos gritos de socorro de Mary.

A babá havia encontrado seu celular no quarto do casal e avisado seu namorado do que estava acontecendo na isolada casa dos Roberts. O namorado dela então contatou a polícia e indicou o endereço exato do lugar, baseado na narrativa de Mary e na sua história de pesadelo.

- Garoto estúpido, o que eu sempre falei sobre celular. - disse Gregory ao filho pouco antes de ser algemado e levado preso.

O mesmo aconteceu com a esposa e o filho.

O namorado de Mary a desamarrou e lhe abraçou, ela chorava aliviada e lhe agradecia por tê-la salvo. Enquanto as autoridades faziam um pente fino da casa dos Roberts, Mary e o namorado deixaram o local numa viatura da polícia. Antes de ir embora, a babá fez questão de encarar seus algozes e sorriu.

Fim

TEMA: Stalker

Johnathan King
Enviado por Johnathan King em 21/11/2019
Reeditado em 04/02/2020
Código do texto: T6800565
Classificação de conteúdo: seguro
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