A EPOPEIA DOS MORTOS 3

by: Johnathan King

À medida que os meses passavam, e o planeta ia sucumbindo ao poder esmagador dos mortos-vivos -, as coisas pareciam fadadas ao fracasso iminente e a extinção total da vida na Terra era só uma questão de tempo.

Peter havia escapado das trincheiras da guerra, mas escapar do ataque de uma horda de mortos ressuscitados - vorazes, famintos e canibais - parecia algo muito mais desafiador e mortal do que conseguir sobreviver ao tiro de um canhão.

O dia estava nublado e fazia frio - muito frio!

Peter estava dentro de um tanque de guerra submerso numa cratera no meio do que um dia fôra um campo de batalha. Ele estava exausto e amedrontado. Do lado de fora, sob a escuridão da noite, mortos-vivos vagueavam sem rumo um após o outro - sempre emitindo um grunhido abafado -, uma característica deles.

Peter - que um dia fôra um soldado americano da Tríplice Aliança -, hoje era apenas um homem comum tentando sobreviver em um mundo apocalíptico dominado por hordas de mortos-vivos.

O inimigo agora era outro!

Peter estava decidido a sair de dentro do tanque e se arriscar lá fora, não havia outra escapatória de fugir daquele maldito pesadelo de guerra. Quando colocou sua cabeça para fora, ele contemplou o horror: tudo estava devastado e cadáveres voltavam da morte aos montes, e podiam andar. Ele olhou para todos os cantos daquele inferno, e tudo o que Peter podia vislumbrar era a morte por todos os lados.

Ele voltou para dentro do tanque e começou a chorar feito uma criança abandonada pelos pais. Para ele não havia outro destino se não se tornar um morto-vivo também. Peter começou a lembrar da namorada, Poly, que havia deixado para trás, mas que prometera se casar quando voltasse da guerra. Ele se perguntava se ela estaria bem, se aquelas coisas lá fora também existiam onde ela estava, se os pais dele estavam bem também?

E mais uma vez lágrimas!

De repente, o som de tiros vindos do lado de fora despertou Peter de seu transe melancólico temporário, e ele sentiu um fio de esperança brotar no seu coração. Quando colocou novamente a cabeça para fora do tanque, o soldado vislumbrou outra visão: homens fortemente armados abatendo os mortos-vivos como se fossem pinos de boliche, tanques disparando balas e transformando zumbis em restos de carne podre sob o solo.

Peter não tinha ideia de quem poderia ser aquelas pessoas lá fora combatendo a horda viral voraz e carnívora, de que nacionalidade eram, ele só tinha certeza de uma coisa: eles eram amigos. O soldado sinalizou para os outros balançando os braços e gritando.

A resposta fôra um tiro na cabeça e Peter caiu rendido nos braços da morte!

FIM