A NOTÍCIA ANTES DO FIM.

Definitivamente eu estava na pior fase da minha vida. Sem dinheiro, sem autoestima, sem fé e sem esperança. Eu não queria mais sair de casa. Eu não queria mais viver. Os dias se tornaram cinzentos, as músicas que me inspiravam passaram a soar como marchas fúnebres.

O eu faço? Me indagava com a mente perturbada.

Numa tarde de sexta-feira, depois de ter trabalhado por dez horas, recebi o que todo trabalhador não deseja; a demissão.

Ser demitido foi a fagulha que incendiou minha mente de pensamentos ruins.

Trabalhei por dez anos na empresa. Nunca faltei, nem por doença. Eu era um bom funcionário, mas a empresa não precisava de bons funcionários, precisava apenas cortar gastos.

Voltando para a casa depois de ser demitido, decidi que deveria acabar com minha maré de sofrimento. Eu decidi tirar minha vida.

Alguns podem dizer que é covardia, afinal eu tenho pais e esposa. Mas cada um sabe onde o nó aperta, e sinceramente, eu queria apertar esse nó no meu pescoço.

Ao entrar em casa, notei que minha esposa estava lendo uma carta, provavelmente era cobrança de alguma dívida. Nós estávamos atolados em dívidas. Passei pela sala, disse para minha companheira que a amava e fui ao banheiro. Lá, tirei o cinto das minhas calças e o apertei no meu pescoço, mas não com muita força. Assim que fechei os olhos e pedi à Deus para cuidar dos meus pais e da minha esposa, ouvi um grito. Era um grito acompanhado de choro, mas um choro diferente, de uma emoção que nunca senti antes.

Tirei o cinto do pescoço e fui até a sala. Minha esposa estava em prantos e com aquela carta na mão. E me olhou nos olhos e disse algo que mudaria minha vida para sempre. Eu estava recebendo a notícia de que me tornaria pai. A partir daquele momento, nada mais me importou, exceto a vida daquela criança que estava no ventre de minha esposa, e que futuramente me chamaria de pai!