Trágico celeiro de meu avô
Era noite, eu observava calado o mato seco do sertãozinho do vô. fui passar as férias lá, ele sempre me convidará. Pedia para o ajudar a cuidar das vacas, a vó havia falecido a um pouco mais de 1 mês e não era fácil suportar isso.
Volta e meia eu pegava ele chorando no canto ao lado de uma garrafa de vodca. Tinha alguns surtos toda madrugada, saia da cama e dormia junto das vacas.
Em uma certa manhãzinha:
- Vô, posso tirar o leite aqui? Quero fazer achocolatado.
- Só cuidado, pegue direito e sem machucar elas. Foram tudo o que sobrou quando Sonia se foi...
Não adiantava, eu percebia que ele estava cada vez pior. Parece que estava morrendo também. Não o culpo, só não quero ver ele assim.
Eu terminei de tirar o leite e fui para a cozinha. Percebi que ele estava lá, deitado no canto com as bebidas...
Ao lado, fotos da minha avó, ele chorava profundamente e se culpava também.
-Sonia, me perdoa amor, eu não estive presente naquele dia, talvez eu morra com isso, só quero te ver novamente, me de esta chance...
Minha avó Sonia sofreu uma parada cardíaca enquanto meu avô tinha ido para a cidade resolver uns assuntos pessoais, quando voltou se deparou com a imagem de Sonia babando no chão sem algum reação, avia adoecido.
Os dias se passaram, ele estava cada vez pior. Começaram a aparecer hematomas nos corpos das vacas, eu acredito que ele as golpeava pela noite. Pois dormia com elas todo santo dia.
Nunca mais dormiu na cama, ele não aceitava a realidade, não queria aceitar nada.
Eu dormia no sofá mesmo, sem nenhuma restrição. Um certo momento da noite, comecei a escutar os gritos das vacas, sai em prantos para ver o que acontecia.
Elas o golpeavam com força no peito, parece que estavam com raiva por ele ter feito aquilo.
Todas golpeavam de uma vez só, ele morreu rapidamente sobre a palha seca.
Eu não sabia o que fazer, o sinal mal pegava e a caminhonete eu não sabia pilotar. Comecei a chorar desesperadamente em busca de uma solução. Mas não havia.
Fui dormir e deixei o corpo dele lá durante 4 dias. Logo começou a feder muito e as vacas começaram a ficar agitadas demais. Resolvi enterrar ali mesmo, abri uma cova na palha e coloquei seu corpo carnicento.
Os dias se passaram e os mesmos gritos das vacas ecoavam do celeiro, mas desta vez começaram a desaparecer, uma a uma.
O cheiro da vodca se fazia presente toda noite, ele estava lá. O choro dava para ouvir ao fundo. Ele matou todas. E depois veio me pegar.
Eu sai correndo para o mato, fui em busca da estrada principal pedir qualquer ajudar, qualquer coisa. Uma caminhonete chegava ao fundo da estrada, era minha salvação.
-Por favor! Me ajude, preciso buscar ajuda! Estou com medo.
Ela parou, deu sinal de luz e logo entrei. Mas, não havia ninguém nela. Era a caminhonete de meu avô. Ela acelerou de volta para o celeiro, tentei escapar, em vão.
Quando chegamos, a imagem de meu avô se fez presente, ele me dava porradas enquanto chorava me dizendo que eu era o verdadeiro culpado da morte de Sonia. Ele me bateu inúmeras vezes e eu não puder mais raciocinar nada, tudo acabou.