ANJOS, DEMÔNIOS E O ÚLTIMO GIGANTE DA TERRA. ( PARTE FINAL)

Argueel estava em sua forma humana, porém, Sanael, anjo como ele, logo o reconheceu. -" Enfim o encontrei, Sanael. Nosso líder me confiou missões ingratas e eu as cumpri. Senti saudades de meus pupilos, Dromon e Fulggojorn!!! Procurei aqueles valentes até entre os filhos de Set. Vasculhei cada canto de Chipre, Assíria, Elam, Egito, mares e as terras ainda não descobertas pela vil raça humana. Não achei rastro deles!!!!" Sanael deu de ombros. -" Talvez alguém dos altos céus os tenha exterminado????" Argueel se aproximou do outro. -" Se isso ocorresse, nosso líder máximo saberia!! Não sou ingênuo, amigo! Captei sua energia na vila vizinha, onde meus pupilos deixaram um rastro de destruição! Onde eles estão, Sanael????" O povo do lugar cercou os dois. Sabaal-Januz se manteve ao longe. Argueel olhou para as mulheres e para o chefe do povoado. -" Sabaal-Januz!!! Sua fama chegou em Nínive e Harã. Pelo visto o meu colega de asas já ensinou a vocês a arte da quiromancia, feitiçaria e maquiagens!!! Bravo, Sanael!!!!" Disse o forasteiro, erguendo o olhar para a casa no monte. O gigante Ashtarg estava sentado numa rocha. Era um nefilim. Tinha sete metros de altura. Juniatam surgiu, atrás de Sanael. Sabaal-Januz temeu por eles. -" Sanael, Sanael!!! Não se prenda aos efêmeros prazeres mundanos. A beleza dessa mulher é passageira!!!" Argueel ergueu a mão direita. Sabaal-Januz, Juniatam e o restante do povo ficaram paralisados. Não podiam ver nem ouvir a conversa dos dois anjos. Eles estavam em outra dimensão e realidade. -"Sanael. Temos que poluir a linhagem sanguínea humana! Atrapalhar ao máximo a relação estreita do criador com o homem. Diga, anjo caído como eu, onde estão Dromon e Fulggojorn????" Sanael, dominado pelo outro, não mentiu. -" Levei seus corpos para o astro com anéis!! Por isso não os encontrou na terra!!!!" Argueel o empurrou. -" Tolo!!! Queres proteger esse povoado e sua bela mulher. E pra isso eliminou dois dos nossos!!?!!? A terra e os humanos já são demais protegidos. Ele, o criador, colocou os grandes astros para proteger esse lugar. Não há lugar melhor pra viver e eles não entendem isso. Nem no futuro entenderão!!!" Ashtarg, meio humano e divino, podia ver e escutar, perfeitamente, a conversa dos dois seres alados. -" Aquele Henoc falava com o criador. Agora é o tal Noé!! Devemos colocar todos contra ele!!! Essa é sua missão, Sanael. O líder o chama. Vá embora, Sanael. Eu ordeno!!!!" Sanael abaixou a cabeça e recolheu suas asas. Argueel era muito mais poderoso que ele. Eles voltaram a forma humana. Argueel ergueu a mão direita. Sabaal-Januz e o povo voltaram a ver e ouvir. Sanael olhou para Juniatam. Ele fechou os olhos e sumiu da vista de todos. Argueel também desapareceu. Juniatam sentiu muito ao se ver sozinha. Não demorou muito tempo para o povoado ser alvo de gigantes e titãs, sedentos por alimentos e carnificina. Ashtarg tentou defender o povoado mas os seres híbridos eram numerosos e mais fortes que ele. Argueel assistia a tudo, do alto do monte. Ashtarg foi amarrado, por dez titãs, a uma grande rocha. Ele viu Sabaal-Januz e sua família serem mortos e dilacerados. Juniatam preferiu tirar sua própria vida. O pequeno exército da vila não foi páreo para os invasores. As casas foram queimadas. Os gigantes, titãs e híbridos se foram. O lugar reduzido a cinzas. Uma semana depois, Ashtarg conseguiu se livrar dos cipós que o prendiam. Estava desorientado. Não tinha mais o povo que o alimentava. Decidiu sair dali. Ashtarg andou por meses. Egito. Sanael sempre falava desse lugar. Ashtarg viveu lá por setenta anos. Passou a matar humanos e destruir lavouras pra se alimentar. Ele cresceu ainda mais, chegando a altura de dezoito metros. Notícias chegavam ao Egito, levadas por mercadores. Ashtarg ouviu que um humano estava construindo uma grande arca. Argueel tinha citado Noé no dia que Sanael desapareceu. - "Noé!!!" Disse com voz grutural. Ashtarg sentiu vontade de sair do Egito. Queria ver a tal grande arca de madeira resinosa, dividida em compartimentos!!!! Durante sua viagem de volta a Mesopotâmia choveu, ininterruptamente, durante trinta dias. Ashtarg sentiu que rios e mares se elevavam depressa. Onde passava via a destruição das águas. Animais, gigantes e homens buscavam os cumes dos montes. Corpos de animais e de pessoas boiavam. Às águas cobriam vilas, casas e árvores. Ashtarg viu uma grande montanha. Ele a escalou com cuidado. Ficou ali por dois dias. Ashtarg olhou para os céus. A chuva era torrencial. Parecia que tinham aberto as comportas dos céus. A água logo chegou ao cume, molhando os pés do gigante Ashtarg. Ele se assustou. Olhou em volta e viu uma imensidão de água. Seu lado humano sentiu medo. Seu lado divino lhe disse que aquilo acontecia devido a maldade humana. Era o fim de tudo e de todos. Era seu fim também. Ashtarg sentiu a água fria quase nos seus joelhos. -"Noé!!!" Gritou, como querendo ser ouvido!! Não era miragem. A arca vinha em sua direção. Vinha na direção daquele cume. Ashtarg pode ver a arca de Noé, finalmente. O cume. Ashtarg pressentiu o perigo. A arca poderia sofrer sérias avarias caso se chocasse com a pedra do alto da montanha. O grande barco se aproximava. Ashtarg estava feliz em ver a arca mas ela passaria bem rente ao cume. Ele decidiu agir. Ashtarg prendeu as pernas a pedra. A arca passou de lado. Ashtarg respirou fundo, juntou forças e empurrou a arca. Ela mudou a direção mas, ainda assim, Ashtarg foi prensado contra o cume. O barco passou ileso. Ashtarg caiu na água. Estava sangrando e com vários ossos quebrados. Horas depois, a água cobriu o cume. Era noite quando Ashtarg afundou para a morte certa. Tinha feito algo bom. Conseguiu ver a arca e isso era maravilhoso!! FIM.

marcos dias macedo
Enviado por marcos dias macedo em 14/09/2019
Reeditado em 14/09/2019
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