Na cozinha

Chovia naquela noite – uma quarta-feira. Dorival estava só em casa – Celeste, mulher dele, saíra, fora dormir no hospital, ficar com o pai, doente.

Estava à frente da TV, no quarto. Ouvia o bater das águas (da chuva) no telhado. Se aproximava das 23 horas.

De repente escutou um barulho. Vinha da cozinha. Parecia alguém arrastando uma cadeira. O casal residia ali duas semanas.

Claro, aquilo o assustou. Ele paralisou, veio-lhe um frio pelo corpo.

E a chuva caía, forte, torrencial.

Dorival pensou: ------ Que barulho será este? Permaneceu deitado, a TV ligada.

Fez-se silêncio. Os ruídos apenas da chuva. De novo aquele barulho, parecido com o arrastar de uma cadeira.

----- Não, não vou lá. Acho que esse barulho, esse ruído estranho, vai passar.

Seria um fantasma?

O ruído parecia ter parado. A chuva reduziu, diminuiu. Dorival relaxou.

Mas de novo o barulho. Agora o ruído, vindo da cozinha, era como se a cadeira tivesse sido derrubada – Dorival tremeu, passou a suar frio. A respiração dele quase parando.

Depois escutou passos. Vinham na direção de onde ele estava, no quarto. O pavor o sufocava.

Nada lhe restava senão ficar ali, na cama, paralisado. Ficou lá, imóvel. O tempo passou, pleno silêncio. Alguém caminhava naquela casa estranha. Os passos voltaram para a cozinha.

Já quase uma hora depois Dorival criou coragem, foi à cozinha. Acendeu a lâmpada. Viu a cadeira no chão. E ninguém, nada, nem uma viva alma.

Juntou a cadeira. Voltou para o quarto – e de tão aterrorizado, pegou no sono.

Pela manhã foi à cozinha, meio atordoado, encontrando a cadeira caída.

Quem a teria derrubado?

Bem, um mistério.

Salatiel Hood
Enviado por Salatiel Hood em 09/09/2019
Reeditado em 09/09/2019
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