MESMO DEPOIS DE MORTA VIREI TE MATAR... DISSE E CUMPRIU!!!

Remilda ouviu a porta se abrir. Calculou que deveria ser umas três horas da manhã. Passos no assoalho. Ela abriu um olho e notou uma claridade que vinha da cozinha. Barulho de água da torneira. A porta da geladeira foi fechada com força. Ela se cobriu e fingiu dormir. Sentiu um cheiro forte de álcool. O marido se jogou na cama. Deitou sem tomar banho. Estava na farra. Era toda sexta feira assim. A mulher sentiu uma mão calejada e áspera em sua perna. A mão subiu. Sentiu repulsa. Remilda começou a rezar. Pediu a presença de um anjo pra fazer aquele demônio dormir. Tião a abraçou com violência. Um beijo no pescoço. As mãos percorrendo o corpo da esposa. Ela odiava o cheiro de álcool misturado ao perfume feminino de alguma vadia. Tião xingava a esposa. Puxou os cabelos de sua companheira de vinte anos de união. Ele a despiu e a possuiu com força sobrenatural. Parecia possuído. Era outra pessoa sob o efeito do álcool. Remilda se entregou e depois se cobriu com a coberta. Tião deu murro na cabeça da mulher. -" Tá fingindo dormir, preguiçosa!!?!?" Finalmente no homem dormiu. Ele logo estava roncando. O sono dela deu lugar a dor, ao ódio e a raiva. Ela suportava tudo por amor aos dois filhos pequenos. Bruno e Samuel, de oito e dez anos, eram filhos do primeiro casamento dela. Tião era estéril. Era revoltado por isso. Tião era ciumento e possessivo. Remilda escondia as agressões de sua família. Evitava sair de casa com o olho roxo e hematomas. Os tapinhas do namoro deram lugar a agressões físicas maiores. Dar queixa na polícia nem pensar. -" Se eu morrer primeiro que você, venho te buscar!!!!" Tião riu da esposa. -" Você, me buscar?!?? Sou mais novo, minha filha!!!!" Tião tinha um ótimo salário de vidraceiro. Não deixava faltar nada às crianças. Sequer erguia a voz para elas. Remilda descobriu um caroço grande no seio. Exames e mamografia detectaram um câncer de mama. Ela extraiu um seio. Tião não a procurava mais. Passava noites no cabaré. Remilda sentia o perfume das damas da noite nas roupas do marido. Seis meses depois, a mulher foi internada. Estado grave. Tião foi visitar a esposa no hospital da cidade vizinha. -" Mesmo depois de morta, virei te buscar, fio de uma égua!!!" Tião se arrepiou. Foram as últimas palavras dela, no hospital. Tião e os enteados voltaram para casa. Na manhã seguinte o telefone tocou. Era do hospital. Remilda tinha morrido. Tião avisou a família da esposa. Ele pegou roupas, os documentos dela e foi até a funerária. Ele e o motorista do carro funerário foram até a cidade, vizinha vinte quilômetros, pra buscar o corpo da falecida. Assim foi feito. Tião não chorava. Estava quieto apenas. Ver o corpo, duro e inerte da mulher mexeu com ele. O caixão com o cadáver da mulher, atrás no carro da funerária. Tião e o motorista na frente do carro. Chuva. Estrada com caminhões e carretas. Um motorista de uma carreta viu uma mulher de branco, no meio da pista. Virou o volante. Uma fechada. A carreta bateu no carro da funerária. O motorista saiu da pista. Um barranco. Um forte solavanco. O carro funerário capotou. O motorista foi jogado do carro. O caixão de Remilda se desprendeu com o impacto forte. Deslizou e quebrou o vidro. Tião olhou pra trás. Um grito de pavor. O caixão esmagou a cabeça de Tião, prensando o homem no vidro do carro. Morte instantânea. Remilda prometeu e cumpriu. O espírito de Tião saiu do corpo. -" Cacetada, motorista. Estamos vivos!!!" Remilda deu uma gargalhada. -"Vivo??? Você morreu e vai pro inferno, Tião." O homem se olhou. Em seguida olhou seu cadáver dentro do carro funerário. -" Prometi e cumpri, Tião. Agora estou livre de sua presença repugnante!!!" FIM

marcos dias macedo
Enviado por marcos dias macedo em 06/09/2019
Reeditado em 06/09/2019
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