Cuidado! Você pode não está sozinho.

O terror de estar sozinho não pode ser descrito em palavras. Posso dizer apenas, que uma grande ventania fazia vibrar o telhado, e eu cantarolava deitado em minha cama uma canção, olhando desconfiado para os lados. Eu não tinha ideia do que eu poderia encontrar num simples giro do pescoço, porém tinha medo.

Talvez eram só delírios bobos de escuridão, para quem estava no abismo, mas era como se falassem comigo, não por palavras, mas por arrepios. Eu me sentia constantemente arrepiado e imaginava que as piores coisas do mundo poderia acontecer: Que o telefone poderia tocar me contando uma noticia ruim, que eu poderia ter um ataque e ninguém estaria ali para me ajudar ou que alguma coisa estava ali me assombrando, mas eu sozinho não a poderia espantar.

Me levantei e acendi a luz, que iluminou todo o espaço rapidamente, e o silencio era tão desconfortante que eu conversava comigo mesmo, tentando acalmar eu, comigo mesmo, uma alma atormentada. Saí vasculhando, cada comodo, cada canto, cada sopro que ouvisse do vento, pastoreando minhas pegadas e olhando sempre para detrás de mim, tinha algo ali, tinha certeza e eu tinha que encontrar, se não, não conseguiria dormir.

Foi quando eu estava quase certo, porém um pouco ainda sinuoso, que uma força oculta, era uma força, eu pude sentir com um calafrio na espinha, derrubou a energia da casa. Tudo ficou escuro, eu sai correndo e com medo, e tropecei em alguns moveis. Tudo que eu queria era chegar no meu quarto. E eu cheguei, tranquei a porta e me embrulhei no lençol - Tremulo.

Eu estava sozinho, eu queria estar sozinho, não tinha ninguém ali - eu tentava me convencer disso. E naquele momento, cada ação da natureza, parecia ser o fim, pensava que algo de outro plano iria me imergir nas profundezas do submundo, e não tinha ninguém aqui comigo para me segurar, só eu me agarrando firmemente em meu lençol, como se ele fosse um velcro sagrado de proteção.

Eu já não sabia se estava sozinho, eu temia não estar, pois caso não estivesse tinha uma companhia desagradável comigo. Não era amigo, não conversava, só me deixava cada vez mais assustado com meu terror, como se alimentasse daquilo, pois eu sentia algo me devorando entre planos.

Comecei a sentir um calor der repente, como se tudo houvesse passado, era como se minha vitalidade roubada estivesse voltando. Naquela noite eu perdi completamente a noção do tempo, quando vi uma luz emergir da janela, foi que percebi que já estava de dia. Só então que consegui pregar os olhos, e de tão cansado desmaiei.

Talvez não eram mais que delírios, tudo que eu estava vendo, tudo que eu estava sentindo, mas eu sei o que senti, e confio em meus sentimentos, mesmo que estes desafiem a logica e a razão. Mas vocês deveriam vê, a bela visão que tive, a do exato momento, em que a luz espanta a escuridão.