EU VEJO MONSTROS NA ESCOLA
Eu vejo monstros na Escola...
Lauro vai para sua escola muito cedo, sai às seis horas e com muito ímpeto, pois escutou a vida toda que estudar é importante.
Menino de periferia, vivia realmente bem longe do centro da cidade, ele soltou pipa, jogou bola, e estudava por conta da lenda urbana que apregoava que estudo é o único passaporte para o sucesso.
Pelo menos tal verdade utópica traria bons ventos e boas maneiras à estas crianças; pelo menos, até os 20 anos de idade – época da grande desilusão que demonstraria que na terra do futebol e da novela; poucos serão médicos e pouquíssimos advogados.
Hoje, claro, não há sequer esta luta pela sobrevivência, a eliminação já ocorre antes do nascimento, ou antes da evasão escolar dos educandos.
Nos anos de 1970 ainda havia uma concorrência entre filhos de funcionários públicos e outros profissionais liberais que mantinham seus rebentos em Escolas públicas que estavam à guisa de Universidades (também, públicas) no que tange a qualidade do ensino.
Voltando à vaca fria observemos a rotina da história de Lauro; cujo o nome significa loureiro, vitorioso. E todos os dias, fazendo chuva ou sol, o nosso triunfador seguia para sua Escola.
Suas notas eram impecáveis, 98 por cento de conceito A: durante o ano letivo. Quando Lauro conquistava um B, chorava demais. Sim, chorava copiosamente.
Sua mãe dizia então: - Calma querido! na próxima você se refaz. E ele ficava por vezes depressivo por conta de algum resultado - que ao seu ver constituía uma derrota. E ao traçarmos um paralelo entre o momento atual e o ontem: ficamos estupefatos com tanto desinteresse por parte de nosso alunado dentro da enfadonha escola pública que tem fama de Presídio. Quem são os verdadeiros vilões?
Num belo dia de sol de verão, ao aterrissar em sua terra das ilusões o nosso herói de dez anos ; já na quinta série, esqueceu de entregar sua caderneta para ser carimbada pela direção, levantou-se se dirigiu até a mesa da honrosa professora: Jandira, e solicitou sua aprovação para rumar até ao gabinete da direção para entregar seu documento; o intuito seria de atestar sua frequência, como de costume.
A senhora Jandira permitiu sua ida ao tal departamento, ele andava alegre pelo corredor mui comprido do estabelecimento escolar quando ouviu um sonoro: - Para aí já, pivete!
Ele parou, virou-se e avistou uma senhora demasiadamente gorda que se arrastava pelo passadiço com uma dificuldade que não combinava com sua irritação.E ela novamente bradou: - Estes pestes não sossegam nas salas... Lauro por sua vez se manteve incólume, ou seja, parado diante da assombrada figura que finalmente o alcançou inspirando e expirando sofregamente.
E o nobre aluno Lauro - só pensava em entregar sua caderneta para conseguir voltar a tempo de assistir o transcorrer da aula de física iniciada há dez minutos. A professora Jandira era proficiente nesta área.
A senhora em questão - olhou nos olhos daquela criança bondosa e urrou: - Volte já para sua sala seu pestinha!
O menino ficou perplexo, chorou por dentro. E lembrou de um episódio pretérito, no qual outra inspetora chamada Emília havia realizado (em relação) a uma menina que se deslocava para ir ao banheiro - há mais ou menos uma semana atrás: Emília empurrou a aluna contra a parede do corredor da morte.
Lauro (ao lembrar-se disto) resolveu acatar a ordem daquela imensa vida de olhos vermelhos e pernas tortas, que soltou um palavrão, ao ver sua pulseira de falsas pérolas se esborracharem no chão, por conta do arrocho permanente no cevado braço. Afinal de contas ação e reação tem limite.
Logo em seguida a esta desgraça, que era como a abespinhada senhora classificou o evento, o rapazola petrificado, se recupera e apavorado segue trajetória até sua sala de aula; e detalhe, sem a caderneta que infelizmente ficou nas mãos daquele "monstro", segundo o pensamento do infante.
Sim, Lauro, além de excelente aluno da quinta série de um Colégio público nacional, também já era escritor, e estava tecendo uma resenha sobre os acontecimentos escolares do seu cotidiano nesta unidade de ensino. Ele via sempre monstros na Escola, e precisava contar isto ao mundo...
Sim, Lauro via monstros na Escola.
Ele ainda conseguiu assistir o finalzinho da aula da professora Jandira, porém não sabia onde estaria sua caderneta, ou melhor, sabia sim...
Todos que eram vitimados por Rubéola, sabiam com certeza, para onde iam suas cadernetas, quando eram apreendidas por esta senhora fast.
Lá fora estava Léa esperando a joia mais querida de sua existência: Lauro.
A criança era inteligentíssima. Ele vivia feliz demais, no seio de uma família pobre, porém "limpinha
Sua mãe era formada em direito, e seu pai era professor de Geografia, mas Léa não exercia a profissão para se dedicar aos quatro filhos. Lauro era o mais novo. Seu Carlos, o pai, exercia a profissão em um Colégio do Estado, mas não era o mesmo onde seu filho cumpria sua jornada academicista.
Carlos não gostava de normas ditatoriais dentro da Educação, mas dançava conforme a música. Quando Lauro chegou em casa, correu para seu pequeno quarto, e mergulhou dentro dos caderninhos bem encapados de xadrez, por sua mãezinha querida; e começou a redigir os acontecimentos do dia:
''Que saudades de minha caderneta, que a esta hora deverá estar flutuando naquele poço, exalando um odor sanguinolento, junto com o esqueleto da Antiga diretora, e o esqueleto da minha querida amiguinha Beatriz, cujo os pais pensam que foi abduzida por extraterrestres....''
Assim que o jovenzinho colocou as famosas reticencias no final de seu primeiro parágrafo, e se preparava para dar continuidade ao trabalho textual ouviu...
A porta se entreabrir e vislumbrou a colérica Rubéola, com uma peruca loura, e vestida com a bandeira do Brasil, e com um cartaz pendurado no pescoço que dizia em letras garrafais: Ame-o ou deixe-o....
FIM
Moral da história: "O Brazil não conhece o Brasil". E a história supracitada é inspirada em fatos. Fatos ocorridos no hoje, no ontem, e se permitirmos ocorrerá no
amanhã.
#LEIABRAZILEVIREBRASIL
o TEXTO ACIMA FOI ESCOLHIDO PARA INTEGRAR UMA ANTOLOGIA IMPORTANTE.
Eu vejo monstros na Escola...
Lauro vai para sua escola muito cedo, sai às seis horas e com muito ímpeto, pois escutou a vida toda que estudar é importante.
Menino de periferia, vivia realmente bem longe do centro da cidade, ele soltou pipa, jogou bola, e estudava por conta da lenda urbana que apregoava que estudo é o único passaporte para o sucesso.
Pelo menos tal verdade utópica traria bons ventos e boas maneiras à estas crianças; pelo menos, até os 20 anos de idade – época da grande desilusão que demonstraria que na terra do futebol e da novela; poucos serão médicos e pouquíssimos advogados.
Hoje, claro, não há sequer esta luta pela sobrevivência, a eliminação já ocorre antes do nascimento, ou antes da evasão escolar dos educandos.
Nos anos de 1970 ainda havia uma concorrência entre filhos de funcionários públicos e outros profissionais liberais que mantinham seus rebentos em Escolas públicas que estavam à guisa de Universidades (também, públicas) no que tange a qualidade do ensino.
Voltando à vaca fria observemos a rotina da história de Lauro; cujo o nome significa loureiro, vitorioso. E todos os dias, fazendo chuva ou sol, o nosso triunfador seguia para sua Escola.
Suas notas eram impecáveis, 98 por cento de conceito A: durante o ano letivo. Quando Lauro conquistava um B, chorava demais. Sim, chorava copiosamente.
Sua mãe dizia então: - Calma querido! na próxima você se refaz. E ele ficava por vezes depressivo por conta de algum resultado - que ao seu ver constituía uma derrota. E ao traçarmos um paralelo entre o momento atual e o ontem: ficamos estupefatos com tanto desinteresse por parte de nosso alunado dentro da enfadonha escola pública que tem fama de Presídio. Quem são os verdadeiros vilões?
Num belo dia de sol de verão, ao aterrissar em sua terra das ilusões o nosso herói de dez anos ; já na quinta série, esqueceu de entregar sua caderneta para ser carimbada pela direção, levantou-se se dirigiu até a mesa da honrosa professora: Jandira, e solicitou sua aprovação para rumar até ao gabinete da direção para entregar seu documento; o intuito seria de atestar sua frequência, como de costume.
A senhora Jandira permitiu sua ida ao tal departamento, ele andava alegre pelo corredor mui comprido do estabelecimento escolar quando ouviu um sonoro: - Para aí já, pivete!
Ele parou, virou-se e avistou uma senhora demasiadamente gorda que se arrastava pelo passadiço com uma dificuldade que não combinava com sua irritação.E ela novamente bradou: - Estes pestes não sossegam nas salas... Lauro por sua vez se manteve incólume, ou seja, parado diante da assombrada figura que finalmente o alcançou inspirando e expirando sofregamente.
E o nobre aluno Lauro - só pensava em entregar sua caderneta para conseguir voltar a tempo de assistir o transcorrer da aula de física iniciada há dez minutos. A professora Jandira era proficiente nesta área.
A senhora em questão - olhou nos olhos daquela criança bondosa e urrou: - Volte já para sua sala seu pestinha!
O menino ficou perplexo, chorou por dentro. E lembrou de um episódio pretérito, no qual outra inspetora chamada Emília havia realizado (em relação) a uma menina que se deslocava para ir ao banheiro - há mais ou menos uma semana atrás: Emília empurrou a aluna contra a parede do corredor da morte.
Lauro (ao lembrar-se disto) resolveu acatar a ordem daquela imensa vida de olhos vermelhos e pernas tortas, que soltou um palavrão, ao ver sua pulseira de falsas pérolas se esborracharem no chão, por conta do arrocho permanente no cevado braço. Afinal de contas ação e reação tem limite.
Logo em seguida a esta desgraça, que era como a abespinhada senhora classificou o evento, o rapazola petrificado, se recupera e apavorado segue trajetória até sua sala de aula; e detalhe, sem a caderneta que infelizmente ficou nas mãos daquele "monstro", segundo o pensamento do infante.
Sim, Lauro, além de excelente aluno da quinta série de um Colégio público nacional, também já era escritor, e estava tecendo uma resenha sobre os acontecimentos escolares do seu cotidiano nesta unidade de ensino. Ele via sempre monstros na Escola, e precisava contar isto ao mundo...
Sim, Lauro via monstros na Escola.
Ele ainda conseguiu assistir o finalzinho da aula da professora Jandira, porém não sabia onde estaria sua caderneta, ou melhor, sabia sim...
Todos que eram vitimados por Rubéola, sabiam com certeza, para onde iam suas cadernetas, quando eram apreendidas por esta senhora fast.
Lá fora estava Léa esperando a joia mais querida de sua existência: Lauro.
A criança era inteligentíssima. Ele vivia feliz demais, no seio de uma família pobre, porém "limpinha
Sua mãe era formada em direito, e seu pai era professor de Geografia, mas Léa não exercia a profissão para se dedicar aos quatro filhos. Lauro era o mais novo. Seu Carlos, o pai, exercia a profissão em um Colégio do Estado, mas não era o mesmo onde seu filho cumpria sua jornada academicista.
Carlos não gostava de normas ditatoriais dentro da Educação, mas dançava conforme a música. Quando Lauro chegou em casa, correu para seu pequeno quarto, e mergulhou dentro dos caderninhos bem encapados de xadrez, por sua mãezinha querida; e começou a redigir os acontecimentos do dia:
''Que saudades de minha caderneta, que a esta hora deverá estar flutuando naquele poço, exalando um odor sanguinolento, junto com o esqueleto da Antiga diretora, e o esqueleto da minha querida amiguinha Beatriz, cujo os pais pensam que foi abduzida por extraterrestres....''
Assim que o jovenzinho colocou as famosas reticencias no final de seu primeiro parágrafo, e se preparava para dar continuidade ao trabalho textual ouviu...
A porta se entreabrir e vislumbrou a colérica Rubéola, com uma peruca loura, e vestida com a bandeira do Brasil, e com um cartaz pendurado no pescoço que dizia em letras garrafais: Ame-o ou deixe-o....
FIM
Moral da história: "O Brazil não conhece o Brasil". E a história supracitada é inspirada em fatos. Fatos ocorridos no hoje, no ontem, e se permitirmos ocorrerá no
amanhã.
#LEIABRAZILEVIREBRASIL
o TEXTO ACIMA FOI ESCOLHIDO PARA INTEGRAR UMA ANTOLOGIA IMPORTANTE.