AMOR À MORTE

Júlio odiava ter que ajudar o pai na funerária da família, ele não suportava viver cercado por morte todo o tempo. Os dois tinham muitas brigas por causa da funerária, Júlio queria fechá-la, mas o pai dizia que aquele lugar era o que colocava comida na mesa deles.

Certa noite eles tiveram uma briga terrível. O pai disse que ainda veria o dia em que o filho amaria a morte, e o filho disse que preferia morrer. No dia seguinte ambos arrependidos pediram desculpas e voltaram ao trabalho na funerária.

O pai pediu ao filho para preparar um corpo que chegaria à noite, pois ele precisaria ir ao necrotério municipal resolver alguns problemas. Júlio não tolerava ter de lidar com os corpos, mas naquele dia ele cansado de tantas brigas aceitou o pedido do pai sem questionar. O corpo foi entregue pelo necrotério pontualmente à meia noite, conforme combinado. A defunta em questão, uma mulher chamada Isabella, tinha por volta de 24 anos de idade, e havia morrido enquanto dormia. O filho ao olhar aquela mulher ali morta, não parava de imaginar que triste fim aquela moça tão bonita teve, um completo desperdício de vida. A família havia pedido que a moça fosse maquiada e vestida em uma belo e elegante vestido vermelho que ela mandara fazer meses antes para sua festa de formatura, mas que infelizmente não pôde usar em vida.

Ao ver aquele corpo pálido desnudo o Júlio não conseguiu evitar sentir um pouco de atração pela moça morta. Mesmo depois de morta Isabella não deixou de conservar sua beleza sem igual. Ela tinha um rosto angelical, longos cabelos negros e olhos azuis como o céu. Júlio não conseguindo se conter decidiu então violar aquele cadáver e fazer sexo com ela, uma coisa horrenda que ele outrora nunca pensaria em fazer, mas naquela noite algo estava diferente, aquela mulher mesmo morta parecia cheia de vida. Consumado o ato ele seguiu com seu trabalho de maquiar e vestir o corpo conforme pedido. Chegando a hora de levar o corpo para o local do sepultamento, ele sentia uma imensa angústia por ter que enterrar a mulher, ele queria deixá-la lá na funerária onde os dois poderiam estar juntos. Naquele momento ele já não conseguia negar o amor que sentia pela moça, tentou persuadir a família dizendo que o corpo precisava retornar à funerária porque houve um erro e ela ainda não estava pronta para ser velada, mas a família não aceitou, afinal o funeral já estava em andamento.

Passado o sepultamento, Júlio decidiu invadir o cemitério naquela mesma noite e resgatar sua amada daquela tumba fria, escura e solitária. Levou seu belo corpo para uma cabana de pesca abandonada na beira de um rio. Ele não conseguia mais ficar longe da amada, nem por um minuto, nos dias seguintes ele não foi trabalhar, nem voltou mais para casa, decidiu dedicar todo o seu tempo a ficar ao lado da moça naquele refúgio paradisíaco que se tornou o ninho de amor do casal. Toda noite ele fazia uma fogueira na frente da cabana e os dois ficavam horas ali abraçados admirando as estrelas.

Com o passar dos dias o corpo da moça começou a se deteriorar, larvas já o consumiam de dentro para fora, um líquido negro escorria manchando todo o lençou branco da cama, o cheiro que se alastrou por toda a cabana era terrivelmente pútrefo, mas não para Júlio, aquilo só fazia o amor entre os dois crescer ainda mais.

Alguns meses depois pescadores chamaram a polícia, eles haviam encontrado dois corpos em avançado estado de decomposição dentro da velha cabana. Os corpos, de um homem e uma mulher estavam abraçados sob a cama. Segundo dados do legista o homem morreu de inanição e a mulher não foi possível determinar a causa da morte.

O QUE ACHOU DO CONTO? DEIXE UM COMENTÁRIO, AJUDA A SABER SE ACERTEI OU NÃO AO ESCREVER A ESTÓRIA.

TENHO OUTROS CONTOS:

https://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=209644

PARA QUEM QUISER ME SEGUIR:

Instagram ou Face: @jairosouza02

E-mail: jairosouza02@gmail.com

Chico Alhandra
Enviado por Chico Alhandra em 28/08/2019
Reeditado em 04/09/2019
Código do texto: T6731195
Classificação de conteúdo: seguro