O ASSASSINATO NA RUA DO OBAID

I PARTE - UMA NOITE DE CRIME E VIOLÊNCIA

Sexta-feira, 13 de Setembro de 2019 - Era início da madrugada quando a policial Olívia Martins foi chamada para atender uma ocorrência na casa número 1666 da Rua do Obaid, Bairro dos Anjos. Os vizinhos relataram ter ouvido gritos vindos da residência. Ao entrar no local a policial encontrou o corpo de Danielle Rodrigues caído no chão da sala de estar e envolto em uma poça de seu próprio sangue, a vítima teve o rosto completamente desfigurado por golpes de faca, os olhos haviam sido arrancados, e a língua e orelhas cortadas. A única testemunha do crime foi Giovanna de 10 anos de idade, filha da vítima, a menina foi encontrada pela avó no local do crime profundamente traumatizada. Na casa residiam a vítima, seu marido Fernando Rodrigues (desaparecido há 2 anos), a filha do casal e Julieta Rodrigues mãe de Fernando. Depois de interrogar os vizinhos a polícia começou a suspeitar do marido da vítima que foi dado como desaparecido há 2 anos, entretanto uma senhora de 95 anos que mora na casa vizinha relatou ter visto Fernando na noite do crime brincando com a filha no quintal da casa, mesmo que o relato da testemunha não seja 100% confiável devido à sua saúde mental frágil provocada pelo alzheimer, a polícia investiga o caso como feminicídio por motivo passional. Fernando é considerado foragido da justiça e principal suspeito do crime. Os vizinhos relataram que o casal tinha brigas frequentes, chegando até a se agredirem.

II PARTE - A VISITA DE OLÍVIA

-Bom dia. Senhora Julieta desculpe lhe incomodar novamente, eu sou a policial Olívia Martins, eu estou trabalhando no caso da Danielle.

-O que você quer policial?

-Eu só queria fazer mais algumas perguntas à senhora e à sua neta.

-Eu já estou cansada de tantas perguntas, vocês este tempo todo ainda não encontraram meu filho, e agora culpam ele pela morte da esposa.

-Desculpe senhora, eu só quero ajudar, assim como a senhora eu também quero descobrir quem fez aquilo com sua nora, e se seu filho for inocente eu quero encontrar ele e provar sua inocência.

-Eu não acho que você pode fazer mais nada por mim ou pelo meu filho policial, faça suas perguntas e vá embora da minha casa.

-Certo, eu prometo que vai não vou consumir muito do seu tempo. Naquela noite a senhora relatou que estava dormindo, e não ouviu nada. Mas os vizinhos disseram terem ouvido uma discussão na residência por volta da meia noite. A senhora não ouviu nada?

-Não, como eu já disse aos seus colegas, eu estava com muita dor de cabeça e tomei um remédio para me ajudar a dormir. Quando acordei encontrei minha nora naquele estado, e minha neta com canto da sala aos prantos. Logo em seguida você chegou.

-Me diga, como era a relação do Fernando com a Danielle?

-Olha policial, eles tinham os problemas deles como todo casal tem, mas o meu filho amava ela, ele nunca faria aquela atrocidade.

-E ela amava ele também?

-Eles eram apaixonados.

-Uma testemunha relatou ter visto seu filho visto na casa horas antes do crime. A senhora sabe algo a respeito?

-Aquela velha louca. Ela também te contou que vê o marido morto há 30 anos e que o gato dela conversa com ela?

-Sim, eu estou ciente do seu estado de saúde, só queremos considerar todas as hipóteses.

-Senhora e sobre a sua relação com a sua nora, como era?

-Ela era como uma filha pra mim.

-Certo, terminamos por aqui, eu prometo que não vou mais lhe incomodar, eu queria falar com a sua neta agora, a sós, se possível?

-Mas seja breve, minha neta ainda não se recuperou totalmente do desaparecimento do pai, eles são muito apegados, e agora tudo isso, os últimos dois anos têm sido muito difíceis para nós. Ela está no primeiro quarto subindo a escada.

-Olívia! só uma pergunta. Você acredita em Deus?

-Hummm. De certa forma. Porquê?

-Eu não era uma pessoa muito religiosa, mas depois que o meu filho desapareceu, eu pedi a Deus por um milagre e ele falou comigo, não diretamente, mas através da minha neta, ele disse que tudo iria ficar bem. Deus tem um plano para todos nós Olívia. Em tempo você vai descobrir que ele tem um plano para você também.

III PARTE - MEMENTO MORI

AO ENTRAR NO QUARTO OLÍVIA VÊ A MENINA SENTADA NO CHÃO DE MADEIRA BRINCANDO COM UM CADERNO E SORRINDO, ELA FICOU MUITO FELIZ AO VER QUE DEPOIS DE TANTA DOR AQUELA CRIANÇA AINDA CONSEGUIA ENCONTRAR UM MOMENTO DE FELICIDADE.

-Oi Giovanna, tudo bem. Meu nome é Olívia, eu só queria conversar com você um pouquinho, tá bem?

A MENINA BALANÇA A CABEÇA CONCORDANDO, OLÍVIA SE SENTA NO CHÃO DE FRENTE PARA ELA.

-O que você está fazendo? Você parece bem alegre.

A MENINA MOSTRA O CADERNO DE DESENHOS

-É uma roda gigante? Está muito bonito, você é muito talentosa. Posso ver os outros?

OLÍVIA COMEÇOU A FOLHEAR O CADERNO DE DESENHOS DA MENINA QUANDO UMA PÁGINA EM PARTICULAR LHE CHAMOU ATENÇÃO, O DESENHO EM QUESTÃO PARECIA CONTER UMA INFORMAÇÃO DE GRANDE IMPORTÂNCIA PARA O CASO, A CRIANÇA DESENHOU ELA, O PAI, A AVÓ E A MÃE. NO DESENHO A GIOVANNA ESTAVA FELIZ DE MÃOS DADAS COM O PAI E A AVÓ, MAS HAVIA ALGO DE MUITO PERTURBADOR ALI, A MENINA SEGURAVA UMA FACA, ENQUANTO A MÃE FOI RETRATADA SOZINHA, ISOLADA DOS TRÊS E SANGRANDO.

-Essa é você Giovanna?

A MENINA BALANÇOU A CABEÇA DIZENDO QUE SIM

-Porquê você está segurando essa faca?

A MENINA BALANÇOU A CABEÇA INDICANDO QUE NÃO SABIA

-Isso tem a ver com o que aconteceu com a sua mãe?

A MENINA SE RECUSOU A RESPONDER.

-Foi seu pai que fez aquilo com a sua mãe?

A MENINA BALANÇOU A CABEÇA NOVAMENTE AFIRMANDO QUE NÃO.

-Foi você?

A MENINA BALANÇOU A CABEÇA DESTA VEZ E CONFIRMANDO QUE SIM.

-Porquê você fez aquilo?

-Ele pediu, meu pai pediu, ele disse que tinha que ser eu porque ele não era forte o suficiente.

-Você sabe onde ele está agora, seu pai?

A MENINA BALANÇOU A CABEÇA NOVAMENTE DIZENDO QUE SABIA, LEVANTOU DO CHÃO E FOI BUSCAR UMA CAIXA QUE ESTAVA CUIDADOSAMENTE EMBRULHADA COM UM TECIDO COR DE ROSA GUARDADA EMBAIXO DA SUA CAMA, ERA UMA CAIXA MUITO BONITA DE MADEIRA DECORADA COM ROSAS ENTALHADAS ARTESANALMENTE, A MENINA ENTREGOU A CAIXA NAS MÃOS DE OLÍVIA, AO ABRIR A CAIXA LÁGRIMAS ESCORRERAM DE SEUS OLHOS, DENTRO DAQUELA CAIXA HAVIA ALGO QUE OLÍVIA JAMAIS PODERIA IMAGINAR, UM CRÂNIO HUMANO E VÁRIOS OSSOS.

REPENTINAMENTE OLÍVIA SENTIU UMA PONTADA NA BARRIGA SEGUIDA DE UMA DOR AGUDA MUITO FORTE, A PIOR DOR QUE ELA JÁ HAVIA SENTIDO NA VIDA. AO SE VIRAR OLÍVIA SE DEPAROU COM JULIETA A AVÓ DA MENINA SEGURANDO UMA FACA LEVEMENTE MANCHADA DE SANGUE, OLÍVIA PASSOU A MÃO NA BARRIGA E VIU QUE SUA MÃO FICOU TODA ENSANGUENTADA. SUA RESPIRAÇÃO COMEÇOU A FICAR OFEGANTE E A VISÃO TURVA, NÃO DEMOROU PARA OLÍVIA CAIR NO CHÃO, ELA NÃO CONSEGUIA FALAR OU SE MEXER, MAS SEUS OLHOS AFLITOS REVELAVAM O QUE AS PALAVRAS JÁ NÃO PODIAM.

-MEU PAI PEDIU DESCULPAS, ELE FALOU QUE ISSO PRECISAVA ACONTECER COM VOCÊ, É A VONTADE DE DEUS. -DISSE A MENINA GIOVANNA COM VOZ BRANDA E SERENA.

-Eu sabia que não deveria ter deixado vocês sozinhas aqui, agora veja o resultado. Vá para a sala Gi, e me espere lá, e leve a caixa com o seu pai junto. Desculpe Olívia, eu sei que você só queria ajudar. Sabe, minha neta é uma menina muito especial, nós ficamos devastadas com o desaparecimento do meu filho, mas aí o milagre de Deus aconteceu na nossa vida, meu filho apareceu para a Gi, bem aqui nesse quarto, no início eu não acreditei, mas quando ele contou o que aquela puta maldita fez, ele disse onde ela o matou e onde enterrou ele, a Giovanna mostrou o lugar, nós cavamos a noite toda e trouxemos meu Fernando de volta pra casa, desde então ele vem aconselhando e guiando a filha como sempre fez quando estava vivo. Mas vocês tinham que aparecer para tirar nossa paz. Sabe eu era enfermeira no antigo hospital São Miguel, eu já vi acontecer muitas vezes, a faca provavelmente atingiu o estômago, eu acho que você ainda tem cerca de meia hora, é tempo o suficiente para você se arrepender dos seus pecados e fazer as pazes com o Criador. Eu sinto muito Olívia que você me obrigou a fazer isso, mas talvez ele te dê uma segunda chance como deu ao meu filho.

OS TRÊS SAÍRAM DE MÃOS DADAS PELA PORTA DA SALA, O DIA ESTAVA ENSOLARADO E O CÉU ERA DE UM AZUL ESPLENDOROSO, GIOVANNA ENTREGA A CAIXA COM OS OSSOS DO PAI PARA A AVÓ SEGURAR ENQUANTO ELA PEGA UMA FLOR NO JARDIM QUE ACHOU BONITA, E SORRIDENTEMENTE A ENTREGA A FERNANDO, QUE CHEIRA A FLOR E GUARDA DENTRO DA CAIXA JUNTO A SÍ MESMO.

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Chico Alhandra
Enviado por Chico Alhandra em 20/08/2019
Reeditado em 04/09/2019
Código do texto: T6725102
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