A MULHER DE BRANCO

Jonas acordou gritando por causa de um pesadelo do qual agora ele já não conseguia se lembrar mais nada, olhou para a janela que estava quase que completamente fechada pela cortina preta, mesmo assim ainda dava para ver a lua a brilhar céu, o relógio na mesa de cabeceira marcava 03:17, ele então deitou novamente, mas logo decidiu levantar para ir ao banheiro, em seguida foi até a cozinha para pegar um copo d'água, como também tinha fome resolveu fazer um sanduíche, ao cortar o salame a faca escorregou e acabou cortando sua mão, o corte não foi muito profundo, Jonas apenas limpou o ferimento com papel higiênico, ao voltar para a cozinha para ver o que poderia ser aproveitado do salame regado a sangue ouviu um barulho muito alto e repetitivo vindo da sala, como se alguém estivesse martelando alguma coisa com muita força, ao verificar percebeu que era a porta da frente que ele possivelmente esqueceu de fechar e agora estava batendo descontroladamente por causa da ventania, olhou para fora e viu uma mulher caminhando lentamente rua a baixo, ela estava de costas, usava um vestido branco que parecia refletir a luz da lua em meio a escuridão da rua. Jonas achou aquilo um pouco estranho, o que ela estaria fazendo ali andando sozinha bem no meio da madrugada, ainda por cima sabendo que aquele bairro não era lá muito seguro. Decidiu então ir até lá e perguntar se a moça estava bem, correu para alcançá-la, e ao chegar perto parou e chamou por ela com uma voz baixa para não assustá-la, apesar da proximidade a mulher não o ouviu, então Jonas chamou novamente, desta vez com um tom de voz levemente mais alto, e novamente a mulher parecia não ter ouvido nada.

-PORRA, SERÁ QUE ELA É SURDA?

-Ele então decidiu se aproximar mais e tocar no ombro da mulher para chamar sua atenção, ela parecia perdida e provavelmente poderia estar precisando de ajuda, pensou Jonas, tocou nela e se desculpou, mas para seu espanto a moça o ignorou completamente, nem sequer se virou para trás para ver quem era, apenas continuou andando como se nada estivesse acontecido. Ao tocá-la Jonas percebeu que seu corpo estava muito frio e sua roupa úmida, parecia que ela tinha passado a noite inteira ali fora.

-Moça? Moça, você está bem? Precisa de ajuda?

ELA NÃO PARECE NADA BEM, DEVE ESTAR DROGADA OU É LOUCA. SERÁ QUE É MELHOR CHAMAR A POLÍCIA? ACHO QUE EU VOU LEVAR ELA PRA DENTRO, ESTÁ MUITO FRIO AQUI. HUMM, ACHO MELHOR NÃO, ELA PODE SER PERIGOSA, É MELHOR CHAMAR A POLÍCIA MESMO.

Moça, espera. Você está perdida? Onde você mora?

ELA NÃO PARECE SER LOUCA DO TIPO PERIGOSA, TALVEZ ESTEJA DROGADA.

ESTÁ MUITO FRIO AQUI, MELHOR LEVAR ELA PRA DENTRO.

Não precisa ter medo, okay. Meu nome é Jonas e eu só quero te ajudar.

Eu moro naquela casa ali na frente, venha comigo e eu vou encontrar alguém para te ajudar, sua família, amigos, quem quer que seja.

Meu Deus, suas mãos estão congelando. Vamos, eu vou arrumar alguma coisa quente para você beber.

-Jonas pega a mulher pela mão, que o segue sem relutância até sua casa. Ele vai à cozinha e prepara um leite quente para ela. Nesse meio tempo ela já parecia ter recuperado um pouco da lucidez, ainda não estava falando, mas aceitou o leite e bebeu metade do copo.

-Você deve estar com muito frio, eu vou buscar um cobertor.

-Obrigado. -Disse a mulher encerrando finalmente o que parecia ser um voto de silêncio, confirmando o que Jonas suspeitava, ela não era louca, nem deficiente, estava provavelmente drogada, e já estava recuperando a lucidez.

-Meu nome é Jonas, e o s…?

-Ana

-Okay Ana, que bom que você está melhor, eu fiquei muito preocupado, achei que você estivesse machucada ou algo do tipo.

-Estou bem.

-Que bom

-Ana está sentada no sofá de frente para Jonas, ele tenta iniciar uma conversa sútil para saber as circunstâncias em que aquela mulher veio parar ali, e porquê. Ana estava com as pernas levemente abertas em sua direção, o que o fez perder completamente o foco nas perguntas que pretendia fazer, eventualmente ele percebeu que ela não estava usando calcinha.

-PORRA, NÃO OLHA JONAS, É PECADO, VOCÊ TEM SUA MULHER. ACHO MELHOR TOMAR UMA GELADA PRA CLAREAR A MENTE.

-Desconcertado Jonas não conseguiu seguir adiante com os questionamentos, levantou-se da poltrona e foi à geladeira buscar uma cerveja, ao voltar sentou-se no sofá ao lado da mulher, para evitar a tentação de ficar de frente para ela olhando o que não deveria. O que não foi uma boa ideia porque agora o único pensamento que lhe passava pela cabeça era beijá-la, e fazer sexo com ela ali naquele antigo sofá, e sem pensar duas vezes o fez, a beijou, mas Ana o recusa e o empurra para trás, ele insiste e começa a beijá-la e tocá-la à força, ela tenta se soltar, Jonas é mais forte e consegue dominá-la, ele rasga seu vestido enquanto ela grita , a mulher chorando implora para ele parar, mas Jonas continua, ele vai se tornando mais violento, e começa a bater no rosto dela, um pouco de sangue escorre pelo canto da sua boca, Jonas a beija como se fosse um vampiro sedento por sangue.

-Desculpe eu não queria te machucar. Me desculpe, eu não sei o que me deu, eu não sou assim, eu tenho esposa e filhos.

-Ana corre para a porta da sala, mas não consegue abrir, então ela vai para a cozinha procurando outra saída daquela casa, ao descobrir que a porta da cozinha também está trancada Ana entra em total desespero, quando vê uma faca manchada de sangue sob o balcão. Jonas corre atrás dela e a segura por detrás com uma chave de braço.

-Ana consegue esticar o braço pegar a faca, acertando um golpe na barriga de Jonas, a faca penetrou profundamente. Jonas um pouco atordoado se agarra ao balcão para não cair, tateando com mão pega a tábua de carne que estava no balcão junto à faca, ele mesmo cambaleando consegue acertar um golpe na mão de Ana que deixa cair a faca no chão, Jonas rapidamente chuta a faca para o outro lado da cozinha. Naquele momento sua visão fica um pouco embaçada, a camisa que minutos antes era de um azul claro quase branco, agora já se encontrava completamente vermelha. Jonas dá outro golpe em Ana, desta vez na cabeça. Ela cai no chão se contorcendo, o golpe foi muito forte, nos primeiros segundos depois da pancada um pequeno esguicho de sangue jorrou do ferimento, algo parecido com o esguicho de uma seringa, depois o sangue começou a escorrer lentamente na pele pálida do seu rosto até a ponta do nariz. Jonas se ajoelha perto dela e a observa, não acreditando no que acabou de acontecer ali, as gotas de sangue agora já formavam uma pequena poça no piso de madeira que no dia anterior Mônica, sua esposa havia empenhado horas limpando e encerando. Ele encosta a mão no rosto de Ana e a acaricia, sua pele agora parecia ainda mais branca devido ao contraste com o encarnado do sangue fresco. Jonas puxa para trás uma mecha do longo cabelo preto e liso que encobria um pouco o rosto, como se quisesse arrumá-lo. Repentinamente uma raiva intensa toma conta de seu corpo, confuso ele não sabia dizer de onde vinha toda aquela raiva, mas ela só fazia aumentar a cada segundo, dominado por toda aquela fúria súbita Jonas pega novamente a tábua de carne nas mãos e começa a dar pancadas e mais pancadas na cabeça de Ana, Ele agora se parece mais com um homem possuído por alguma entidade malígna, as pancadas são tão violentas que o crânio da mulher se despedaça completamente, aquilo já não se parecia mais com o rosto pálido e triste de uma bela mulher, agora é apenas um amontoado de carne, ossos, cérebro e mechas de cabelo ensanguentadas espalhados pelo piso da cozinha. Subitamente toda a fúria que o consumia se dissipou do mesmo jeito que surgiu, como em um passe de mágica, nesse momento Jonas já não enxergava mais nada, sua visão se apagou completamente restando apenas escuridão. Ele caiu por cima do corpo de Ana, naquele momento parecia que tudo havia desaparecido, Ana, a casa, mesmo seu próprio corpo ele já não o sentia mais, restando apenas sua consciência que agora flutuava no breu daquele vazio.

-ONDE EU ESTOU? EU NÃO CONSIGO VER NADA -SERÁ QUE EU MORRI?

Aos poucos uma luz fraca começa a brotar na escuridão. Sua visão começa a voltar, ele vê algo familiar, seu quarto, e se dá conta que está deitado em sua cama, aflito levanta a camisa procurando por algum ferimento de facada, entretanto não encontra nada.

-PORRA. EU SONHEI QUE ALGUÉM ME DEU UMA FACADA. PARECIA TÃO REAL.

Ele não se lembrava muito sobre aquele estranho sonho, mas lembrava nitidamente de ter sido esfaqueado por uma mulher, lembrava da dor aguda no estômago, da agonia.

-Jonas olha para o relógio que marca 03:17, então levanta da cama e vai até a geladeira para pegar um copo d'água, antes pudesse abrir a porta da geladeira escuta um barulho estranho vindo da sala, era a janela batendo descontroladamente por causa do vento, ao olhar para fora da janela ele vê uma mulher vestida de branco caminhando lentamente pela rua, ela lhe parece muito familiar. Jonas sente um frio intenso lhe subir pela espinha...

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Chico Alhandra
Enviado por Chico Alhandra em 19/08/2019
Reeditado em 04/09/2019
Código do texto: T6724258
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