O quadro
Gabriela havia acabado de se mudar para a nova casa em um bairro de uma pequena cidade do interior. Ela organizou toda a mudança com cada objeto meticulosamente pensado onde deveria estar ao chegar a seu quarto ela encontrou pendurado na parede um estranho quadro que parecia estar ali há décadas, não era um quadro comum, não era de paisagem e nem foto de família, parecia ser uma arte abstrata, tinha um fundo escuro e linhas vermelhas que pareciam rabisco na tela.
Ela ficou irritada, pois tinha se deparado com ele quando comprou a casa e havia pedido para o corretor devolver aos antigos donos, porque além de não ser dela definitivamente o quadro não combinava com sua mobília, portanto não havia nenhum interesse em mantê-lo ali, mas ao que parecia o corretor não devolveu aos donos. Gabriela observou por um momento o que a fez sentir um frio na espinha, então resolveu retirar o quadro e guardar no fundo de seu closet para devolvê-lo assim que possível.
Já era noite quando Gabriela conseguiu finalizar a arrumação da casa e assim pode dormir satisfeita com o excelente trabalho que realizou.
No dia seguinte quando ela acordou percebeu que estava se sentindo muito mal, sentiu enjoos e muitas dores, estava queimando em febre então foi ao médico, mas não descobriu nada que pudesse estar causando o mal-estar, passou semanas, e mesmo tomando os remédios receitados pelo médico, Gabriela parecia só piorar.
Em uma noite andando pela casa Gabriela se surpreendeu, pois se deparou com aquele horrível quadro na parede do corredor a caminho de seu quarto. Ela se assustou e pensou estar alucinando, pois tinha certeza que tinha guardado o quadro, como ele podia agora estar ali, diante dos seus olhos?-pensou.
Assustada resolveu jogar o quadro na lixeira externa de sua casa. E no caminho de volta para casa ela estava se sentido cada vez pior, começou a tossir até quase perde o fôlego, parecia que o ambiente ao redor dela se movia lentamente, e seu estômago estava querendo expulsar de seu corpo a maçã que havia sido a única coisa que conseguiu comer no dia. E quando entrou em casa, lá estava; o mesmo quadro pendurado agora na sala de estar.
Gabriela não sabia o que fazer, achou que estava enlouquecendo, então em um impulso alucinado ela pegou o quadro e o jogou no chão quebrando-o com ódio, estava tão enlouquecida que não percebeu que à medida que ia despedaçando o quadro sangue jorrava pelo seu nariz, e quando quebrou o ultimo pedaço do quadro, ela sentiu uma dor aguda em no lado direito da cabeça e sentiu o escapar ar de seus pulmões.
Gabriela caiu com um forte impacto no chão, se viu mergulhando na escuridão, e antes que pudesse perder totalmente a consciência, ela pode ver o quadro pendurado perfeitamente na sala de estar e ao olha-lo do ângulo que estava caída no chão e com a vista um pouco destorcida pela dor, ela pode perceber que naqueles rabiscos vermelhos formavam as palavras:
“Agora é você que estará na escuridão”.