Ecos de uma Alma
Uma alma desfigurada surgiu em meu entorno. Beirando o delírio, retomei minha consciência. Aquela alma ainda permanecia lá, encarando-me com aqueles olhos fumegantes. Eles escaldavam em raiva e tristeza, e isso me deixou receoso.
Com uma tentativa sem sucesso de conversa, aquela alma, aparentemente irracional, continuava encarando-me com aquele olhar brilhante. Uma funesta sombra transpassava por detrás dela.
Era Ela. A Morte chegou, jazendo no ar em volta agonia e terror.
A alma debateu-se em agonia e desespero. Podia eu, ver seus olhos suplicantes direcionados a mim, mas indiferença apenas reinou em meu ser.
A fugaz alma se esvaiu; consumida por desesperança e medo.
Depois de uma longa jornada, tornei a ver aquela alma. Assustado e perplexo, perguntei a ela o que fazia ali. Mas nada. Sua boca não se movia um milímetro e seus olhos continuavam a me encarar como da última vez. Me perguntei como ela escapara da Morte; era impossível uma alma fugir dela. Tentei chegar próximo a ela, mas ela estava tão dispersa que a mesma parecia estar em estado vegetativo.
Me distanciei dela e retomei aos meus afazeres. Porém, ela ainda me seguia. Comecei a me indagar o que ela queria, até que seus olhos transformaram-se em larva. De seus olhos começou a sair um lodo fumegante que queimava tudo e quaisquer formas de vida. Corri o máximo que pude para longe dela, mas ela continuava a me seguir. Depois de um certo tempo, o lodo parou de escorrer de seus olhos e eu pude ver: dois vácuos negros de onde deveria estar seus olhos; não residia nada dentro deles.
Encarei-a, embora ela não tivesse mais seus olhos, e uma fumaça saiu do vácuo criado. O ambiente ao meu redor, infestado por essa fumaça, começou a ser contagiado por alucinações. Eu estava em delírio novamente. Vozes e mais vozes, repetiam-se. Até que eu ouvi uma doce voz; uma doce voz de uma menina.
“Essa é a voz dela.”
Após isso, fui sugado pela fumaça até o ínterim daquela alma. E agora, estou preso a ela. Preso por toda a eternidade.