O Freguês sempre tem razão
Pedro Henrique estava com a família, seu filho de nove anos e a esposa, no restaurante, em Copacabana, que acabara de ser inaugurado. O local estava entupido de tanta gente. Pedro Henrique teve que esperar do lado de fora do restaurante por quase uma hora. Finalmente, vagou uma mesa e ele, Rodrigo e Madalena entraram a passos rápidos no “Quitutes da Vovó”. Pedro Henrique estava verde de fome. Rodrigo então nem se fala. O menino estava quase adormecendo com a queda glicêmica provocada pelo jejum forçado. Madalena estava irritada pela espera forçada. Passados dez minutos, que mais pareciam uma tortura chinesa, o garçom, afinal, chegou à mesa da família.
− O senhor gostaria de comer o quê?
− Quero um bife com fritas, feijão, arroz e salada. O mesmo para meu filho e para minha esposa. – Disse, com cara de poucos amigos, o advogado criminalista.
Após quinze minutos de uma espera irritante, Madalena já estava quase convencendo o marido a ir embora quando os pratos da família finalmente chegaram. Rodrigo dormia como um bebê e foi acordado carinhosamente pela mãe.
Quando Pedro Henrique começou a mastigar sua comida, ele encontrou um fio de cabelo enrolado na batata frita. Isso não foi nada. Pior foi Rodrigo que encontrou um inseto morto em seu prato. Madalena vendo a barata francesinha no prato do filho começou a vomitar o pouco que comera, seguida de Rodrigo. Os vizinhos de mesa ao se depararem com as golfadas da família de Pedro Henrique também começaram a regurgitar. Em pouco tempo, como num efeito dominó, todo os clientes do restaurante estavam vomitando exceto Pedro Henrique. Ele foi até a cozinha do restaurante. O chef de cozinha (se é que pode se chamar um cara desses de chef), que já sabia o que tinha acontecido, tentou argumentar com o advogado que o que aconteceu foi uma fatalidade, mas não teve jeito. Com os olhos saindo das órbitas e os dentes trincados, Pedro Henrique apontou sua pistola funcional para a cabeça do mestre-cuca e o fez comer todo o conteúdo do prato de seu filho, ou seja: a comida cheia de vômito e com a barata morta. A cada colherada engolida pelo chef vinha uma rajada de vômito de sua boca. Após o “chef” quase colocar os bofes para fora de tanto vomitar, Pedro Henrique deu-se por satisfeito e foi embora com a família. No fim das contas, o freguês sempre tem razão...
FIM