Bons Sonhos
Eu sonhei que estava com minha mulher e meu filho de dois meses esperando alguma coisa por bastante tempo, não lembro o que era. Eu sei que, finalmente, fomos para casa e fomos dormir. No meio da noite, o meu filho estava entre nós dois na cama, acordado, brincando, balançando os braços e as pernas. Eu o abracei e fechei os olhos para dormir por alguns segundos, mas ouvi um barulho ao nosso lado. Ao olhar, minha esposa estava dando de mamar... para o nosso filho.
Havia dois bebês na nossa cama, e minha mulher não havia percebido. Era um doppelgänger, ou coisa pior. Na meia-luz, as crianças pareciam exatamente iguais. Eu alertei minha mulher sobre o que estava acontecendo com um gesto - para não chamar a atenção, também, da coisa que estava na nossa cama -, mas ela não conseguiu disfarçar nem um pouco, soltou um gritinho. Senti que seu impulso era jogar o bebê do seu colo para longe, mas podia ser o verdadeiro.
- Pega o teu celular. - Eu disse. Ela se agitou, apalpou tudo ao seu redor, o criado mudo, mas nada. - Então acende a luz.
Quando eu disse isso, o bebê que eu estava segurando começou a se agitar mais, no início fracamente, mas logo com muita força, muito mais do que um recém-nascido normal. Então identifiquei que ele era o falso e, com medo dele me morder ou coisa que o valha, o soltei. Imediatamente desapareceu, e eu acordei.
Ao olhar para o lado, vi minha mulher, desperta. Eu não sabia bem onde estava, mas era uma sala ou quarto de paredes brancas. Meu impulso foi logo contar para ela, mas enquanto eu falava, antes de chegar na parte de fazer menção de acender a luz, tive uma sensação estranha... e percebi que eu estava sonhando de novo. Um sonho dentro de um sonho, típico. A consciência do meu estado me fez acordar.
Eu estava na minha casa, no nosso quarto. Minha mulher dormia pesado na cama ao meu lado, o bebê estava no berço. Eu ainda estava meio confuso, mas dessa vez tinha certeza que era real. Ah, a gente sempre tem certeza que é real quando sonha, mas quando acorda a sensação é completamente diferente. Eu estava acordado sim, com certeza.
Meio sonolento, deitei novamente e fechei os olhos para dormir. Alguns segundos depois, uma ideia me despertou: eu devia estar sozinho em casa. Meu filho estava internado no hospital, e minha mulher estava com ele. Quando pensei em levantar e olhar novamente, uma mão muito forte tampou meus olhos, e pressionou minha cabeça contra o travesseiro. Então uma familiar voz feminina sussurrou em meu ouvido:
- Volte a dormir...