A Obra de Arte de Um Macabro Empalhador

Há algum tempo atrás, havia em uma cidadezinha histórica no interior de Minas Gerais uma pequena loja de lembrancinhas, que até parecia ser um mini zoo, dada a grande variedade de pequenos animais da região que; artísticamente empalhados, ficavam lá expostos para venda. Lá era possível se encontrar belíssimas espécies de aves e pássaros, assim como também; coelhos, quatis, tamanduás, tatus e outros pequenos animais. E quando alguém perguntava ao proprietário sobre quem seria o autor daquelas preciosidades, ele sempre se esquivava, dizendo que era 'segredo de estado'...

Até que houve um certo dia em que aquela sua misteriosa 'fonte' secou; morreu o seu Joca, o mais velho coveiro do cemitério. Era ele o misterioso artesão que durante muitos anos tinha sido o autor secreto daquelas verdadeiras obras de arte.

Ele vivia já fazia bastante tempo, sózinho em um casebre, que ficava bem junto aos fundos do cemitério, onde inclusive havia uma pequena e exclusiva passagem por onde ele costumava passar para chegar até o seu local de trabalho. Segundo diziam os moradores mais antigos, ele há muitos anos atrás havia para lá se mudado com a sua família; uma jovem e bela esposa com seus filhos, que eram um casal de gêmeos, que naquela ocasião deveriam ter cerca de uns três ou quatro anos de idade. Só que, poucos meses depois, sua esposa simplesmente desapareceu com os filhos. Diziam ainda que ele tinha sido traído e abandonado por ela, que fugiu com um mascate, levando junto os seus filhos e desde então ele sempre morou lá sozinho.

O fato é que depois da morte do seu Joca aquela passagem foi fechada, assim como o seu casebre que permaneceu, fechado e abandonado por cerca de uns três anos.

E quando certo dia os funcionários da Prefeitura estavam fazendo uma limpeza geral naquela área para a ampliação do cemitério e decidiram derrubar aquele velho casebre abandonado, uma cena dantesca e tenebrosa surgiu repentinamente ante os seus olhos...

Aconteceu que, já dentro daquilo que tinha sido o casebre, ao derrubarem uma daquelas paredes de onde deveria ter sido o quarto, eles perceberam que havia uma segunda parede onde onde estavam, pendurados lado a lado em três ganchos de ferro já enferrujados pelo tempo, os corpos empalhados da esposa e dos dois filhos do seu Joca, sendo que no meio de diversos talheres de cobre e pratos de ágata branco com beirada azul jazia um esqueleto, que possívelmente seria do tal mascate... Uma cena horripilante e inesquecível...

Os corpos tinham sido emparedados e, tal qual os animais que ele costumava empalhar, também eles estavam empalhados e muito bem conservados.

Teria sido talvez aquela barbárie, a principal obra de arte daquele macabro empalhador?