No canto do Quarto

Acordo assustado de um sonho às 3 da manhã, com o coração acelerado e suando frio, sento na cama do quarto escuro e tento recuperar o fôlego, não me lembro mais do sonho, mas ainda sinto medo.

Foco no canto do quarto e vejo uma figura estranha nas sombras, sinto um frio na barriga e uma tremedeira no corpo, estou com medo, fecho os olhos por um instante e volto a olhar para o canto, a figura espectral ainda esta lá, mesmo sem rosto sinto que olha para mim, e sinto medo.

Ligo a abajur para afugentar as sombras do quarto, mas quando volto o rosto para o canto o espectro ainda esta lá, dou um gemido engasgado de medo, mas o grito não sai, estou apavorado, minha respiração acelera e meu coração bate muito rápido, sinto que estou suando frio, estou com muito medo.

Não consigo pensar direito e me levanto da cama para em sair correndo, mas ao me levantar a sombra sem rosto aparentemente se mexe e volta a face para mim, consegue me ver, penso, e me desespero.

Corro para sala escura e por hábito passo a mão no interruptor, quando a luz acende o espectro aparece na minha frente, caio de medo no chão e fecho os olhos ficando em posição fetal, meu coração bate loucamente e minha cabeça gira, estou chorando, fico esperando algo, um barulho, um toque, mas nada acontece, o que é aterrorizante.

Abro os olhos lentamente e procuro a sombra sem rosto, me apavoro ao vê-la próximo aos meus pês descalços, imóvel, espero uns instantes mas nada acontece, a coisa não se mexe, me levanto lentamente e com o coração disparado e a respiração ofegante, começo a me direcionar para a porta, ao chegar próximo ao sofá a coisa começa a se mexer loucamente, parece que esta tendo espasmos violentos, apavorado caio sentado no sofá, fecho os olhos.

Estou sentado de olhos bem fechados, tentando levar ar aos pulmões que parecem se fechar, o coração parece que vai estourar meu peito e os pelos do meu corpo estão arrepiados pela tensão, começo a ficar paranoico, fico imaginando de onde a coisa irá me atacar e levanto os pés no sofá escondendo meu rosto nos joelhos.

A espera é angustiante, nada acontece, preciso sair daqui penso, respiro profundamente e tento me acalmar, mas a tremedeira não passa, abaixo as pernas pensando em correr assim que abrir meus olhos, tento me acalmar, mas sem sucesso, respiro profundamente outra vez e abro os olhos.

O grito preso sai engasgado do fundo da minha garganta e choro de pavor, ao ver o rosto da coisa a centímetros do meu em uma posição estranhamente envergada para cima de mim, seus grandes olhos estavam em órbita e assim que abri meus olhos, ele focou em mim.

Agora a coisa tem olhos, penso horrorizado, me desvio deslizando pelo sofá e corro para a porta, meu coração chega a doer no peito de tão forte que bate e já quase não tenho controle do meu corpo, tento abrir a porta com tanta força, mas esta trancada, vou desistindo aos poucos e choro por saber que não vou conseguir sair.

Onde está a chave, onde coloquei a maldita chave, penso, mas não me lembro. Acabo por cair no chão e choro como uma criança, sabendo que a coisa está logo atrás de mim, levo as mãos para o rosto e choro derrotado. Como pode um adulto chorar de medo, estava chorando de medo, sem forças no chão.

Sinto a coisa tocar meu ombro, um toque suave mas frio, gélido, meu corpo se eletrifica e fico de pé rapidamente, me debato contra a parede, querendo abri-la com as mãos para sair mas acabo voltando ao sofá, respirando loucamente e suando como se tivesse corrido uma maratona.

Estou deitado no sofá, na mesma posição que cai ao fugir do toque daquela coisa, respirando ofegantemente e com a cabeça girando, sinto meus olhos arregalados olhando fixamente para a coisa enquanto ela levanta lentamente e se vira na minha direção enquanto começa a se debater novamente em violentos espasmos, é horrível e fico paralisado pelo medo vendo aquela visão dos infernos.

Em um instante de coragem corro para o quarto esperando fugir do espectro negro da sala, mas grito de pavor ao ver o espectro no quarto agora com dentes afiados em um sorriso largo se preparando para me atacar, olho por cima do ombro e vejo o espectro da sala também preparado para atacar com o mesmo sorriso aterrador, ambos agachados com as mãos agora em garras e olhos vermelhos violentos.

Respiro profundamente e fecho meus olhos esperando a morte.

É tudo que me lembro, quando acordo às 3 da manhã de um sonho, com o coração acelerado e suando frio e...

Espera, sobre o que era o sonho, não me lembro, mas estou com muito medo daquela sombra no canto do quarto.