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O DTRL te deseja uma excelente leitura, mas...
Pseudoanjos
Frio. Era a única coisa sentida por Elisa Cabral, investigadora de renome em uma pequena cidade no interior de São Paulo. Crimes eram comuns naquela cidade, principalmente relacionados à morte de mulheres, então, quando Elisa recebeu o chamado da polícia sobre a morte de duas garotas na estrada, não se surpreendeu.
Os corpos foram encontrados na ponte que atravessava a cidade para a capital, jogados, mutilados... A perícia identificou que as garotas tinham entre 16 e 17 anos. Tão jovens... pensou a investigadora enquanto isolava a cena do crime. O ambiente estava gélido, o mar abaixo da estrutura de concreto trazia consigo ventos que arrepiavam cada pelo do seu corpo. As garotas foram encontradas por volta das 3 horas da manhã, a hipótese de homicídio foi logo descartada por conta da brutalidade, foi um crime de ódio, morte por morte...
Elisa se aproximou dos corpos, notou que ambas as garotas eram bonitas, jovens, com tanta vida pela frente. Porém, em sua análise percebeu algo que passou despercebido pela perícia. As costas das garotas estavam furadas, como se algo tivesse sido arrancado. Guardou as informações para si e o IML levou as jovens para uma análise mais aprofundada.
A investigadora foi para sua casa, morava sozinha em um apartamento no centro da cidade, seu trabalho era o único companheiro. Pegou seu computador e pesquisou sobre garotas desaparecidas na região de São Paulo, porém, suas buscas foram em vão. Nenhuma das garotas desaparecidas eram as mortas.
Quando o sol estava nascendo novamente, resolveu se deitar para à tarde visitar o necrotério com os corpos.
Na tarde do mesmo dia Elisa foi até o necrotério da região e encontrou seu amigo José Falcone, o médico-legista do hospital. Ambos conversaram sobre o caso e o médico se revelou confuso, assim como Elisa. A arma do crime foram facas, porém, o motivo, o criminoso e a causa da morte continuavam sem respostas, e o mais importantes de tudo, quem eram as garotas misteriosas...
José compartilhou que durante a madrugada e inicio da manhã, cinco pais foram atrás dos corpos para confirmar se eram suas filhas desaparecidas, mas todas as respostas foram negativas, elas não estavam com identidades nem qualquer outra coisa que poderia às identificar, eram apenas corpos não identificados.
Despediu-se do médico e disse que voltava mais tarde, sua intuição dizia que deveria ir até a cena do crime, e decidiu seguir seus instintos. A investigadora queria mais do que tudo descobrir o que tinha acontecido com aquelas crianças. Pegou seu carro e dirigiu até a ponte onde tudo tinha começado, ou de certa forma, finalizado.
A viagem foi tranquila, o sol estava se pondo mais uma vez e a angustia de saber que mais uma noite se aproximaria sem a resposta para o caso deixava Elisa apreensiva. Chegou na ponte e encontrou o local ainda demarcado com fitas pretas e amarelas, o chão continuava sujo com sangue das garotas, o local continuava frio, o mar continuava agitado... Mas dessa vez, corpos sem vida não estavam jogados ali.
Ao se aproximar mais ainda, flashbacks voltaram em sua mente. Lembrou-se de como ambas as garotas estavam deitadas no chão, com seus corpos cortados, suas costas principalmente. Com os olhos abertos, olhos opacos que olhavam incansavelmente para o céu por não ter outro lugar para olhar.
Percebeu que se dirigir até ali não adiantaria de nada, a perícia e outros investigadores já tinham coletados tudo de importante. Sentou-se na borda da ponte e observou o mar a aproximadamente 5 metros abaixo de si, estava agitado e impressionantemente limpo, cristalino. Porém, algo se diferenciava da escuridão das águas.
Duas penas brancas flutuavam no mar, mas diferente das penas de pássaros, essas emitiam uma energia nunca sentida antes pela investigadora, correu até o final da ponte e desceu os vales até chegar no mar. De perto eram ainda mais bonitas, porém, as penas próximas de si mostraram detalhes que passaram despercebidos por Elisa quando as viu de longe.
As pontas estavam manchadas de sangue.
Capturou as duas. Sentiu uma angustia nunca sentida antes, sentiu-se vazia, como se sua alma tivesse sido capturada do seu corpo.
Resolveu ignorar essa sensação e correu até seu carro, precisava mostrar para Falcone sua nova descoberta. Enquanto dirigia, sentia-se cada vez mais tonta e cansada. Deveria ser porque mal dormiu na noite passada, pensou Elisa.
Chegou no hospital e andou apressadamente até o necrotério, eram aproximadamente 2:40 da manhã e a mulher estava muito cansada, precisava mostrar as amostras para José e voltar para sua casa. Encontrou o homem sentado de frente para os dois corpos, de costas para si.
- José, você não vai acreditar no que eu encontrei!
- Elisa se aproxime, olha o que eu encontrei no corpo dessas duas garotas...
Elisa chegou perto do homem e percebeu que os corpos estavam de bruços com as costas totalmente abertas, o médico levantou o rosto para analisar a mulher e estranhou a aparência cansada e pálida.
- Elisa, você está bem? Parece que vai desmaiar a qualquer momento...
- Isso não é nada, o que você encontrou?
- Bom... Eu estava analisando o corpo das garotas e percebi algo de diferente nas costas, como se algo tivesse sido arrancado. Decidi abri as costas de ambas e encontrei algo nunca visto antes... Você pode achar que eu sou louco mais eu acho que essas garotas não são humanas.
- O que você encontrou José? O que você acha que elas são?
No momento que Elisa perguntou, as luzes começaram a piscar e a mulher se sentiu cada vez mais fraca.
- Eu não sei, pareciam raízes de asas dentro delas... Talvez anjos?
As luzes se apagaram de vez e José e Elisa ficaram assustados, ambos sentiam uma energia forte, como se tudo fosse tirado deles.
- Hoje eu fui até o local do crime encontrei penas sujas de sangue, vim aqui para te mostrar isso.
No escuro, Elisa tateou as mãos de José e entregou ao homem as penas, no momento em que ambos tocaram juntos nos objetos, não aguentaram mais a angustia e caíram no chão, mas ainda conscientes.
- Elisa o que está acontecendo?
O ambiente se tornou abafado, Elisa e José começaram a suar, se sentir sufocados e presos. Começaram a escutar gemidos de dor e se arrastaram até o canto da sala. José sentiu mãos geladas tocarem seu corpo e uma risada demoníaca foi escutada na beira do seu ouvido. Elisa tentava gritar, mas mãos gélidas tampavam sua boca.
Então, as luzes da sala acenderam e um zumbido ecoou por toda a sala. E no outro canto da sala estavam duas garotas, mutiladas e com as costas abertas sorrindo diabolicamente para as duas pessoas. As luzes desligaram novamente e acenderam logo em seguida, e os dois demônios estavam no chão se arrastando até Elisa e José.
As luzes piscavam e toda vez que acendia, elas estavam mais pertos. Até que no último apagão, o médico e a investigadora foram engolidos.
Toda a pressão aumentou.
Todo o frio intensificou.
Todo o medo duplicou.
A escuridão dominou.
Toc-Toc.
- Elisa Cabral, José Falcone, vocês estão aqui? Chegou um novo corpo hoje.
- Estamos aqui sim, pode mandar o corpo para cá, a autópsia desses dois já finalizou. – Falou José para um enfermeiro.
- E eu vou voltar para a delegacia, tenho muito trabalho pela frente.
Ambos sorriram um para o outro de forma demoníaca e cúmplice.
Mais uma possessão tinha sido realizada.
Tema: Investigação Policial
Total de Palavras é de 1242!
Os corpos foram encontrados na ponte que atravessava a cidade para a capital, jogados, mutilados... A perícia identificou que as garotas tinham entre 16 e 17 anos. Tão jovens... pensou a investigadora enquanto isolava a cena do crime. O ambiente estava gélido, o mar abaixo da estrutura de concreto trazia consigo ventos que arrepiavam cada pelo do seu corpo. As garotas foram encontradas por volta das 3 horas da manhã, a hipótese de homicídio foi logo descartada por conta da brutalidade, foi um crime de ódio, morte por morte...
Elisa se aproximou dos corpos, notou que ambas as garotas eram bonitas, jovens, com tanta vida pela frente. Porém, em sua análise percebeu algo que passou despercebido pela perícia. As costas das garotas estavam furadas, como se algo tivesse sido arrancado. Guardou as informações para si e o IML levou as jovens para uma análise mais aprofundada.
A investigadora foi para sua casa, morava sozinha em um apartamento no centro da cidade, seu trabalho era o único companheiro. Pegou seu computador e pesquisou sobre garotas desaparecidas na região de São Paulo, porém, suas buscas foram em vão. Nenhuma das garotas desaparecidas eram as mortas.
Quando o sol estava nascendo novamente, resolveu se deitar para à tarde visitar o necrotério com os corpos.
Na tarde do mesmo dia Elisa foi até o necrotério da região e encontrou seu amigo José Falcone, o médico-legista do hospital. Ambos conversaram sobre o caso e o médico se revelou confuso, assim como Elisa. A arma do crime foram facas, porém, o motivo, o criminoso e a causa da morte continuavam sem respostas, e o mais importantes de tudo, quem eram as garotas misteriosas...
José compartilhou que durante a madrugada e inicio da manhã, cinco pais foram atrás dos corpos para confirmar se eram suas filhas desaparecidas, mas todas as respostas foram negativas, elas não estavam com identidades nem qualquer outra coisa que poderia às identificar, eram apenas corpos não identificados.
Despediu-se do médico e disse que voltava mais tarde, sua intuição dizia que deveria ir até a cena do crime, e decidiu seguir seus instintos. A investigadora queria mais do que tudo descobrir o que tinha acontecido com aquelas crianças. Pegou seu carro e dirigiu até a ponte onde tudo tinha começado, ou de certa forma, finalizado.
A viagem foi tranquila, o sol estava se pondo mais uma vez e a angustia de saber que mais uma noite se aproximaria sem a resposta para o caso deixava Elisa apreensiva. Chegou na ponte e encontrou o local ainda demarcado com fitas pretas e amarelas, o chão continuava sujo com sangue das garotas, o local continuava frio, o mar continuava agitado... Mas dessa vez, corpos sem vida não estavam jogados ali.
Ao se aproximar mais ainda, flashbacks voltaram em sua mente. Lembrou-se de como ambas as garotas estavam deitadas no chão, com seus corpos cortados, suas costas principalmente. Com os olhos abertos, olhos opacos que olhavam incansavelmente para o céu por não ter outro lugar para olhar.
Percebeu que se dirigir até ali não adiantaria de nada, a perícia e outros investigadores já tinham coletados tudo de importante. Sentou-se na borda da ponte e observou o mar a aproximadamente 5 metros abaixo de si, estava agitado e impressionantemente limpo, cristalino. Porém, algo se diferenciava da escuridão das águas.
Duas penas brancas flutuavam no mar, mas diferente das penas de pássaros, essas emitiam uma energia nunca sentida antes pela investigadora, correu até o final da ponte e desceu os vales até chegar no mar. De perto eram ainda mais bonitas, porém, as penas próximas de si mostraram detalhes que passaram despercebidos por Elisa quando as viu de longe.
As pontas estavam manchadas de sangue.
Capturou as duas. Sentiu uma angustia nunca sentida antes, sentiu-se vazia, como se sua alma tivesse sido capturada do seu corpo.
Resolveu ignorar essa sensação e correu até seu carro, precisava mostrar para Falcone sua nova descoberta. Enquanto dirigia, sentia-se cada vez mais tonta e cansada. Deveria ser porque mal dormiu na noite passada, pensou Elisa.
Chegou no hospital e andou apressadamente até o necrotério, eram aproximadamente 2:40 da manhã e a mulher estava muito cansada, precisava mostrar as amostras para José e voltar para sua casa. Encontrou o homem sentado de frente para os dois corpos, de costas para si.
- José, você não vai acreditar no que eu encontrei!
- Elisa se aproxime, olha o que eu encontrei no corpo dessas duas garotas...
Elisa chegou perto do homem e percebeu que os corpos estavam de bruços com as costas totalmente abertas, o médico levantou o rosto para analisar a mulher e estranhou a aparência cansada e pálida.
- Elisa, você está bem? Parece que vai desmaiar a qualquer momento...
- Isso não é nada, o que você encontrou?
- Bom... Eu estava analisando o corpo das garotas e percebi algo de diferente nas costas, como se algo tivesse sido arrancado. Decidi abri as costas de ambas e encontrei algo nunca visto antes... Você pode achar que eu sou louco mais eu acho que essas garotas não são humanas.
- O que você encontrou José? O que você acha que elas são?
No momento que Elisa perguntou, as luzes começaram a piscar e a mulher se sentiu cada vez mais fraca.
- Eu não sei, pareciam raízes de asas dentro delas... Talvez anjos?
As luzes se apagaram de vez e José e Elisa ficaram assustados, ambos sentiam uma energia forte, como se tudo fosse tirado deles.
- Hoje eu fui até o local do crime encontrei penas sujas de sangue, vim aqui para te mostrar isso.
No escuro, Elisa tateou as mãos de José e entregou ao homem as penas, no momento em que ambos tocaram juntos nos objetos, não aguentaram mais a angustia e caíram no chão, mas ainda conscientes.
- Elisa o que está acontecendo?
O ambiente se tornou abafado, Elisa e José começaram a suar, se sentir sufocados e presos. Começaram a escutar gemidos de dor e se arrastaram até o canto da sala. José sentiu mãos geladas tocarem seu corpo e uma risada demoníaca foi escutada na beira do seu ouvido. Elisa tentava gritar, mas mãos gélidas tampavam sua boca.
Então, as luzes da sala acenderam e um zumbido ecoou por toda a sala. E no outro canto da sala estavam duas garotas, mutiladas e com as costas abertas sorrindo diabolicamente para as duas pessoas. As luzes desligaram novamente e acenderam logo em seguida, e os dois demônios estavam no chão se arrastando até Elisa e José.
As luzes piscavam e toda vez que acendia, elas estavam mais pertos. Até que no último apagão, o médico e a investigadora foram engolidos.
Toda a pressão aumentou.
Todo o frio intensificou.
Todo o medo duplicou.
A escuridão dominou.
Toc-Toc.
- Elisa Cabral, José Falcone, vocês estão aqui? Chegou um novo corpo hoje.
- Estamos aqui sim, pode mandar o corpo para cá, a autópsia desses dois já finalizou. – Falou José para um enfermeiro.
- E eu vou voltar para a delegacia, tenho muito trabalho pela frente.
Ambos sorriram um para o outro de forma demoníaca e cúmplice.
Mais uma possessão tinha sido realizada.
Tema: Investigação Policial
Total de Palavras é de 1242!