Os Segredos do Pântano VI-A Sinistra e o Macabro

Seguiam,com sacrifícios pela lama,ora,pelo matagal.As cobras não a amedrontavam.Pequenos animais se assustavam quando passavam,por eles.Ela usava um repelente de pernilongos,de forma insistente,nervosa.O sol estava ameno-domado por nuvens-, em cima de suas cabeças.Tinham,apenas as águas e o muito verde à frente dos olhos. Árvores desenhavam troncos curvilíneos,ostentando muitos nós e raízes expostas.Gralhas voavam,de canto agourento.Os meses se passaram,talvez,anos,quem sabe...Não mais eram as principais notícias dos noticiários policiais.Talvez,vivessem nos "causos" populares,feito os principais personagens-que assustavam,faziam tremer de medo,até mesmo os mais corajosos caçadores da região.

Era uma tarde vadia,de céu nebuloso,onde uma ventania brejeira levava as nuvens.A visão das raízes expostas,encardidas assustava.O pântano asselhava-se a uma armadilha convidativa para uma morte assustadora.

O barco à distância seguia pelas vielas aguadas,por entre as raízes expostas.Não viram nada de anormal por ali,no pântano,mas tinham medo.Tinha um caçador e pescador,mais uma criança à bordo-talvez,o filho.O menino olhava para o matagal,de forma tensa.

-Eu tenho medo,pai....está escurecendo.Eles podem aparecer,morro de medo.A professora da escola ja falou a respeito,e até ja saiu na televisão...Até mesmo ja teve coisa no cinema falando e nas revistas de histórias em quadrinhos de terror-daquelas que so falam de assombrações,zumbís...

Disse o menino(devia ter cerca de 14 anos.Era o filho caçula daquele pescador da região,os outros filhos seguiram para a cidade grande para serem escravos do famigerado mercado de trabalho-do salário mínimo da fome e da cobrança dos muitos impostos para o cidadão de bem).

-Bobagem,inventam essas histórias para que intimidar os que precisam da pesca,da caça, para que abandonem o pântano e deixem a natureza em paz.Querem que todos se juntem nas grandes cidades num tumulto,com falta de emprego,e numa favelação miserável.Só isso,não acredito nessas coisas...Quando não usam as balas da polícia militar para a intimidação do povo,usam as crenças folclóricas,sinistras,os "causos". Levaram os meus filhos na busca de aventuras nas grande metrópolis.Talvez,desapareçam para sempre-la é que da medo de viver...

-A lenda do horror,é de verdade,existe painho....Vamos embora...

-Bobagem.Precisamos pescar,ou pelo menos achar uma caça...Teremos que ter algo para vender na feira do próximo sábado.Os preços nos supermercados matam a gente de fome...

O pequeno barco seguia,com o seu pequeno motor sangrando as pequenas vielas de águas e arbustos.Era uma paisagem nada agradável.Parecia que a qualquer momento,algo surgiria das folhagens,ou das águas para um bote mortífero,sangrento.

Voltemos um pouco no tempo:

Longe dali,numa margem menos alagada está o nosso casal de seres humanos imorais e cultuadores das coisas do inferno.Aflitos,cansados-tramando um contra o outro.Ele pensou em quebrar o tom mórbido,silenciosos, com um pensamento,mais uma fala:

" Ela morrendo, estarei mais rico...Mas,se viver, é uma bruxa pode nos salvar.Tem o Grimórdio,um livro raro de bruxaria-secular."Então,quebrou o silêncio do ambiente,onde se ouviam, apenas as respirações ofegantes:

-Não fui vítima da péssima educação de um país...coisa comum do Brasil,onde pode se encontrar com facilidade um estudante universitário escrever assim a seguinte frase:"MECHA com o sistema"-com CH(riu).

-Não?-Indagou,tendo o músculo bucinador alterado, revelando desprezo pelo o que ele dizia. Sabia que as universidades no país,em que se encontravam estavam dominadas pelo marxismo cultural-que a tudo destrói,corrompe,estupra,suja.

-Não,eu era o ser humano péssimo,em pessoa(ria muito,com intervalos).De onde viemos não se educa,quem não quiser.Por aqui é que não se tem muitas chances(rindo,com deboche).A música predileta da juventude é o funk.A coisa que mais buscam?O sexo fácil,imoral.A cantora mais amada?Aquela que se parece com uma prostituta no palco...(não disse o nome da cantora...).A gravidez indesejada é o que mais acontece nas famílias pobres,entre as meninas.Ora,percebi que era este o país certo para se ter uma vida de bandido.O meu erro foi pensar que seria tão fácil ter esse pântano á frente." Quando se poupa o lobo sacrifica as ovelhas."Disse,certa feita Victor Hugo.

Ela desenhou rugas na glabela fuga infraorbital. Sustentava por ele,nojo,desprezo-uma reação de teor mais do que negativo pelo seu interlocutor.A todo momento sustentava diante dele uma bengala emocional:segurava os dois malotes que carregava,como quisesse dele se proteger.Tensionava as mãos.Parecia querer:

"Preciso ver a indicação de uma bruxaria do livro... para desse me livrar."

Então agiu como as mulheres da Grécia antiga.Estavam numa elevação de terreno,onde a água não alcançava.Exibiu parte dos seios fartos e rijos reduzindo parte do tecido da blusa que usava.Exibiu as coxas,que eram grossas,bem torneadas-de beleza formidável.Dobrou a saia pela cintura,encurtando o seu cumprimento.Sem pudores ele se desnudou,e se jogou na água.

-Preciso de um banho,relaxar...

Então,largaram as armas emocionais, e as de fogo, e deram vasão ao fogo das paixões desmedidas-da carne. Não havia limites-ela sabia como dominar um homem.Gemia alto,sussurrava.Deixava-o embriagado.Livrou-se de suas roupas hipnotizando-no,por completo.Era uma mulher bela,sensual.Tinha uma cintura de violão bem desenhada, que encaixava o quadril com as coxas, numa medida de obra grega projetada pelo mais talentoso artista renascentista.Um par de seios belos,que apontavam para frente-se quer balançavam.Era um par de avelãs durinhos,de bicos rijos,aureólas circulares.Os seus lábios entre-abertos soltavam uma respiração ofegante,que o deixava mais transloucado,Estava tomado pela excitação,pelo desejo animalizado.

O sol ensaiava o poente,por entre a folhagem. Ouviam-se os cantos agourentos dos pássaros feios do pântano.Os gemidos tomaram o ambiente, de assalto;Uma atmosfera impura,animalizada.

Retornemos, aos dias de hoje-passados alguns anos,que fizeram o pântano se tornar num local amedrontador,temido pelo mais corajoso dos homens.

Um barquinho seguia pelas vielas aguadas,cercado por muitas raízes expostas.Apesar de estar o sol iluminando o pântano,o pai já havia acendido a rudimentar luminária do pequeno barco.Um recipiente de metal pouco nobre,com um espaço fundido para se ter exposto,ali, querosene e algodão.

-Filho tenho uma notícia ruim...E hoje,aquela sua velha e cansativa conversa tem a sua razão por amedrontar...

-O garoto, assustado, perguntou-lhe,com angústia:-o que foi?

-Estamos perdidos.Busco,busco o caminho de volta e nada...Tudo aqui parece igual.Raízes longas,expostas,árvores horrorosas,de caules escuros,retorcidos,água escura...e esses pássaros feios ,de canto agourento...

-Meu Deus...vamos morrer.Eles vão nos pegar...Hoje,vai saber que eu falava a verdade.Vão nos encontrar...morreremos...

-Eles quem?-indagou o pai.

-O MACABRO E A SINISTRA.Reza a lenda que se perderam,por aqui depois de um assalto.Ela era uma bruxa.Tinha a alma dada ao capeta.Ela certa vez tinha fechado o corpo dele...Entrando no pântano ele quase foi devorado pelos jacarés.Ela fugiu pela mata achando que tinha se dado bem,ficando com o dinheiro...Mas,ele,além do corpo fechado tinha adquirido poderes demoníacos e se vingou dela...

-Sei... e vivem pelo pântano...matando quem por aqui se aventura...

-É,falou a professora.Pode-se ver ela correndo e sendo perseguida por ele ...ela é linda,mesmo, depois de morta, e ele se decompondo. Tem os ossos expostos,os músculos apodrecidos.Exibe uma cara de caveira.A professora disse que tudo terminou assim,por que o Diabo cobra um preço alto pelo que dá àqueles que pedem em isconjuro.

O pai deu um sorriso silencioso.Fez o sinal da cruz.Remava.O motor do barco estava desligado,uma forma para poupar o combustível.O menino ficava olhando,de forma assustada para as raízes expostas do arvoredo peculiar do pântano. A noite se tornava mais escura,assustadora.

-E o dinheiro?

-Estou morrendo de medo,e o senhor pensando no dinheiro roubado por eles... E,depois de tanto tempo?( disse o menino,enquanto orava, em voz alta a AVE-MARIA-que havia lhe sido ensinada pela avó já falecida). A lua cheia estava exposta,por entre as folhagens.Era uma noite sem estrelas. Dizem que as cédulas perdidas de um roubo,quando perdidas, jamais se estragam,porém,quando encontradas a maldição se cumpre.O Diabo cobra daquele que o encontrar, a dívida do maldito que lhe pediu.

Fim ( talvez...quem sabe, eles( os invisíveis que me contam a estória) queiram continuar ...)

LG

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 26/07/2019
Reeditado em 26/07/2019
Código do texto: T6704748
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.