A fazenda da Vovó

Natália era uma jovem rebelde que morava com a mãe, diziam que ela ficou assim porque seu pai abandonou sua mãe e ela há alguns anos e ela nunca se recuperou totalmente.

Naty, era como ele carinhosamente a chamava e após o abandono, ela não deixou que ninguém mais a chamasse assim, apenas de Natália.

Quando Natália começou a fazer pequenos furtos em lojas e a andar com a “turma errada”, sua mãe decidiu que ela iria passar um tempo com sua avó em sua afastada fazenda.

A avó paterna de Natália era uma mulher excêntrica, se afastou há muitos anos da civilização e morava sozinha em uma grande fazenda, Natália nem se lembrava de como ela era, pois havia anos que elas não se viam.

Natália estava com uma mochila nas costas em um velho ponto de ônibus esperando alguém que a levaria até a fazenda de sua avó, já estava escurecendo quando um velho homem em uma velha carroça chega até ela e diz que a levaria aonde ela precisava ir.

Quando Natália chegou à fazenda viu que sua avó morava em uma fazenda arruinada, com alguns animais aqui e outros ali, com algumas construções em madeira que estavam caindo aos pedaços e pensou no que sua mãe tinha na cabeça quando a mandou para aquele lugar.

Ao entrar no casebre de sua avó, Natália levou um susto, pois aquela casa parecia um cenário de filme de terror e Natália pensou que não ficaria nenhuma noite naquele lugar tenebroso.

Quando viu a mulher que morava ali, sua avó, levou mais um susto, pois ela era aterrorizante, combinava direitinho com aquele cenário de filme de terror, cabelos brancos emaranhados, pele enrugada, dentes escuros e olhos de louco e uma roupa muito velha e suja, Natália não moveu um musculo ao ver aquela mulher, sua avó, ela não podia acreditar nisso, aquela mulher era sua avó.

Quando Natália ia falar algo, um cachorro avançou em sua direção, mas a mulher estranhamente se moveu muito rápido e segurou o cachorro e o arrastou para fora, que ficou chorando e arranhando a porta querendo entrar.

Natália ficou sem saber o que fazer, agora estava trancada naquela casa com aquela mulher, sua avó, com aquele cachorro tentando de todas as formas entrar na casa e pensando que precisava fugir dali o mais rápido possível.

Que estranha mulher, sua avó, pensava Natália enquanto subia para seu quarto, com sua avó logo atrás segurando uma caneca de chá quente. Pode dormir aqui, disse a velha com uma voz rouca enquanto abria uma porta rangente e empoeirada.

Ao entrar no quarto, Natália olha em volta e pensa, assim que amanhecer sairei daqui o mais rápido possível, cheirou o vapor do chá e sentiu um cheiro horrível, ficou tonta, tentou se equilibrar na cama, mas não conseguiu e caiu no chão, seus olhos começaram a pesar e seu corpo ficou mole, ela teve tempo apenas de ouvir o barulho do cachorro latindo cada vez mais perto enquanto via os pés de sua avó entrar no quarto em sua direção, antes de apagar por completo.

Ao acordar, Natália se sentia diferente, estava meio grogue e estranhou pois aparentemente estava deitada encima de uma estranha mesa de madeira, escutava duas pessoas próximas discutindo e pessoas falando algo mais de longe, mas não conseguia saber quem eram ou o que falavam, com muita dificuldade levantou a cabeça e viu sua avó discutindo com aquele cachorro, mas o estranho era que o cachorro falava e ela conseguia entender, que estranho sonho, pensou Natália.

Então ela se encheu de terror ao se ver no reflexo e o que viu foi um gato vira-latas olhando de volta e então gritou de pavor, o cachorro correu até ela e disse, Naty, essa não é sua avó, então percebeu que a conversa ao longe eram os outros animais pedindo por socorro.