Uma Noite Daquelas

O céu estava estrelado.Uma lua cheia a decorava, com uma cintilante luz dourada que expandia-se, com incontáveis e envolventes estrelas brilhantes. A abóboda celestial formava um manto cinza claro,iluminado sobre o todo da existência do grande Criador. De repente nuvens cinzas se formaram,do nada, e um uivo longo, se fez ouvir - era uma ventania insistente,que se chocava,de forma violenta nas paredes antigas dos velhos prédios daquela região da cidade rompendo o silêncio da madrugada. Estava ali, um bairro,outrora habitado pela destruída,hoje,classe média do país.Os mais ricos foram embora para outros países,ou para regiões,de maior rentabilidade econômica e social.

Em algum corredor,de um dos prédios se fazia ouvir os gemidos de prazer promovido por violentas estocadas de um membro rijo sobre a carne tenra e morna-era a voz de uma mulher jovem,talvez,junto de um mancebo recém conquistado pelas vielas da vida,num bar qualquer.A chuva fina começou a cair,talvez,em consonância,com o esporro gerido pelos espasmos do prazer obtido,de forma animalizada e irresponsável.Estavam bêbados e não usavam a camisinha,diante de uma crescente,e alarmante explosão de crescimento dos casos de doenças venéreas e demais doenças viróticas,feito as hepatites.Ela soltou um gemido estarrecedor revelando o alcance do ápice do gozo.Ele se postou para trás ,caindo em sono profundo-bêbado,extasiado.

- Merda... nunca nos satisfazem nos seus conformes.Ainda estou querendo...Bah,homens...pensam que sexo é só enfiar o caralho..

Deu este reclame,enquanto se dirigia ao banheiro.Deixou-o no corredor,semi-nu entre uma garrafa de vinho e dois copos vazios.Banhava-se,como quisesse se livrar do mau cheiro dele e o da bebida.Nua acendeu um cigarro e chegou até á janela,ficou ali,olhando a chuva fina cair.Era forte o bastante para carregá-lo.Arrastou-o até próximo do parapeito da área ,onde ficava a grande sacada interna que oferecia a vista para a rua.Usando uma das mesas, de apoio conseguiu que o corpo dele subisse até a sacada,e dali o jogou para o solo.O baque ensurdecedor não a abalou. Não sentiu a preocupação de ter podido acordar alguns moradores que procurariam saber do ocorrido.Entrou em casa levando a garrafa vazia do vinho,levando-o à boca e sorvendo um resto desprezível,insignificante da bebida.Recolheu os dois copos e os depositou na pia de pratos,que estava empanturrada de talheres sujos,e de resto de comida.Abriu uma das gavetas procurando a birra do último cigarro de maconha fumada, junto com ele,antes de terem saído em busca dos bares da vida.Buscou o isqueiro.este não soltava a chama com facilidade.Depois de muita teimosia conseguiu acendê-la.Tirou algumas baforadas,e soltando pouca fumaça balbuciava:

- A vida não presta.O dinheiro acaba,a massa não é de boa qualidade,chove na madrugada e o meu amor morreu.Cochilou sobre o tapete encardido,repleto de birras de cigarro barato.Antes de ter adormecido se recordou da discussão que havia tido com ele num dos bares.

-Eu trabalho,pago as minhas contas e você quer me controlar? Eu sou uma mulher independente,trabalho desde cedo.Eu estudei,eu me formei.Tenho dois cursos superiores...e um jumento como você quer me controlar? Saber aonde eu vou,aonde estou,com quem estou.Ora....vá à merda.

-Eu sou homem...

-Você é um homem morto. Homens que querem ser machitas,terem o domínio sobre nós,as mulheres independentes,MORREM.

Ela disse,enquanto se recordava do seu pai,do seu avô,que tiveram sobre ela um domínio incansável.

-Acha que vai poder me controlar,ter um absoluto controle sobre mim,por que acha que me satisfaz com sexo.VOCÊ É UM HOMEM MORTO.E,só faz é METER,nada mais,eu tenho o tempo todo fingido.Eu não tenho tido orgasmos.Eu finjo o tempo todo-EU FINJO gozar...

Dizia para ele todas as vezes que depois de barulhentas estocadas arrancava dela estrondosos gemidos e urro final de espasmo Ensurdecedor:-foi bom.Eu sei fingir muito bem.Também,sou atriz formada na escola de artes cênicas de uma faculdade federal.

A chuva fina persistia.A lua cheia não fora encobrida pelas nuvens.A sua luz continuava cintilante,reinava sobre as estrelas distantes.Ela dormia feito um cadáver,se quer respirava com ritmo.O cadáver do seu namorado estava jogado na grama verde envolto numa grande poça de sangue.Algumas costelas estavam quebradas e trespassavam o tecido da camisa.As pernas estavam dobradas,partidas ao meio.O crânio dividido deixava a massa encefálica pelo verde da grama.

- Eu acho que foi alguém que caiu,se jogou...se matou,talvez...

Dizia a senhora,uma moradora do prédio para o seu idoso marido.

-É melhor virar e dormir.Daqui eu senti o cheiro da maconha e...e....

-Metidas...

falou a velhinha,virando-se,enquanto se cobria.

FIM

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 20/07/2019
Reeditado em 23/07/2019
Código do texto: T6700017
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