o Último - capítulo IV

1975...

- Senhor?

- Diga Mariano

- Sebastiana está aqui e deseja falar com senhor, eu avisei que...

- Eu falarei com ela – Disse o Delegado, indo ao encontro da mulher – Sebastiana, eu sinto muito – Disse o Delegado com tom de desespero

- Como isso foi acontecer, Jorge? Você havia me prometido após a morte de Miguel que nada...

- Eu sei o que eu prometi, e eu não sabia que isso iria acontecer, tomei todos os cuidados possíveis

- Mas não foi o suficiente, agora você sabe o que deve fazer, e faça rápido antes que essas pobres pessoas morram e fiquem sem paz pela eternidade.

Muitas pessoas se aproximavam do local e a policia tentava afastar a todos, o fogo já não existia e só os escombros com os corpos estavam ali, muitas mães e pais gritavam por seus filhos mortos, uma cena triste e escura, como um dos maiores massacres que você se recorda. O vento soprava forte como se anunciando um mal presságio.

- Mariano!

- Sim, sargento!

- Comece a evacuar a cidade com as tropas e saia assim que possível e independente do que aconteça ou ouça não volte para cá.

- Mas senhor, o que está acontecendo?

- Uma coisa muito maior do que você pode compreender, trabalhamos juntos ao que? 10 anos?

- Mais ou menos, isso

- Então – Jorge pôs o braço no ombro de Mariano – Confia em mim e ordene a saída de todos daqui

- Mas e o prefeito?

- Ele pediu que isso fosse feito – Jorge olhou para Sebastiana e disse: - Vamos!

- Onde o senhor vai? – perguntou Mariano

- Para casa do prefeito, resolver mais alguns problemas, ande rápido...

Mariano convocou a todos e começou a ordenar a saída, ouve muito tumulto, principalmente porquê não tiverem tempo nem de quase pegarem seus pertences.

Jorge e Sebastiana entraram na fusca da policia e foram em direção ao prefeito...

- Sebastiana, eu tentei de tudo para que isso não acontece, há catorze anos quando Miguel e Rosa morreram, eu não acreditava que aquele homem tinha aquele poder

- Pelo amor de Deus, Jorge, nós matamos aquele homem por acreditar que ele era o ultimo daquela família amaldiçoada e você não acha estranho sua esposa e meu marido morrerem da mesma forma logo após nossos filhos nascerem no mesmo dia e na mesma hora?

- Aquele dia, as 3 da manhã, não esqueço, Rosa estava tão feliz o desejo dela era sair da cidade após aquele ocorrido, e iriamos embora, mas um dia antes ela morreu.

- Assim como o Miguel, nunca pensei que as historias contadas por nossos pais fossem virar realidade, se pelo menos o Motta estivesse vivo...

- É, mas ele não está, ninguém nessa cidade está...

Chegaram a casa do prefeito que ficava no alto de uma montanha próximo a uma cachoeira...

- Prefeito? – Quem chamava era Jorge

- Não precisa mais me chamar de prefeito Jorge, me chame de Dimas, realmente aconteceu não é? O que fizemos há 14 anos não serviu de nada...

- Pelo jeito não...

Dimas segurou Jorge pelo colarinho e gritou: - Eu sujei minhas mãos de sangue por acreditar que essa cidade estaria a salvo, e acontece isso?

- Acalmem-se! – Gritou Sebastiana

- Me acalmar? Sua putinha! Por sua causa e desse filho da puta nós vamos enfrentar a irá de Deus ou sabe lá o que – um estrondo próximo a cachoeira – Vejam só, a cachoeira parou, igual a profecia...

- Nós são sabíamos que isso iria acontecer!

- Ah Não, Jorge? E tudo que aquele garoto que matamos disse? Ele jogou a praga para a família de vocês, Vocês sabiam desde o começo que... – Dimas foi interrompido por gritos de dores ensurdecedores

- Vamos tentar sair daqui – Disse Sebastiana.