A Maldição da Rua da Mata
Era uma noite de inverno, estava na fase de pré adolescente rebelde e durão, gostava de ser o líder da turma e era respeitado pela a galerinha da minha rua. Brincar de tocar campainha e jogar pedras nos portões já estava chato, eu queria fazer algo que me fizesse sentir descolado e adulto, então "dei idéia" nos meus amigos:
-- Alguém aqui já bebeu cerveja?
Ícaro se manifestou e disse que já havia bebido escondido quando seu pai estava bêbado, dormindo e largou uma lata quase cheia. Disse que o gosto era bom, os outros meninos ficaram curiosos para saber como era o gosto e como era ficar bêbados, tínhamos entre doze a quatorze anos de idade. Então contei minhas moedas e tinha quase cinco reais, pedi para os meninos esperarem na esquina que eu iria comprar uma "parada". Fui e voltei com uma garrafa de cerveja e dois cigarros soltos, os meninos vibraram, o Icaro, Kiko, Cezar e Lucas eram os mais empolgados, tinham disposição de sobra para as "capetagens", Jeremias era mais medroso, mas acabava "entrando na onda". Bebemos a cerveja desesperados e fumamos os cigarros escondidos numa rua escura, a sensação era de como estivessemos cometendo um crime e a adrenalina nos fascinava. A cerveja e os cigarros acabaram e todos chupamos bala para tirar o bafo para que nossos pais não descobrissem. Seguimos o caminho de volta para casa rindo, nos sentindo adultos e fingindo que estávamos bêbados. Decidimos passar por uma rua que tinha fama de ser "mal assombrada," a temida Rua da Mata. diziam que após o por do sol aconteciam coisas estranhas e ninguém passava por ela. Pessoas mais velhas contavam a lenda de uma misteriosa mulher maltrapilha que aparecera na Rua da Mata e passava a maior parte do tempo pedindo esmolas sentada no início daquela rua deserta, literalmente em uma encruzilhada, viveu lá por aproximadamente três anos, até que começou a desaparecer crianças das proximidades e a vizinhança logo começou a acusar a mendiga, a polícia local começou uma busca na mata que ficava no final daquela rua deserta e começou uma investigação. Mas nunca encontraram nada, revoltados a vizinhança começou a atacar a mendiga maltrapilha com pedradas, e durante o linchamento ela gargalhava e gritava:
--Falta mais um, não me matem! Tenho que plantar mais um!
E gargalhava ao mesmo tempo, foi morta a pedradas e queimada ainda viva.
Pessoas dizem que após o por do sol pode se ouvir gargalhadas sombrias de uma mulher vindo do centro da mata e gritando:
-- Falta um... Falta mais um.
Então convenci os meninos de arriscarmos a passar por lá para ver se é verdade e se aconteceria algo, logo aceitaram o desafio exceto o Jeremias que era o mais medroso, o provocamos o chamando de maricas, entre outros insultos até que ele "apelou" e decidiu ir conosco finalmente.
Já eram 23:30, começamos a chegar perto da Rua da Mata, andamos lentamente e estávamos atentos a qualquer barulho estranho, Jeremias começou a andar na frente já que havia sido insultado e queria provar que era corajoso. Ouvimos uma gargalhada, pensamos que fosse alguém tentando nos meter medo, mas o medo nos dominou, estávamos quase na metade do caminho, a lâmpada do poste que estava acima de nós explodiu, tentamos correr e gritar mas estávamos paralisados em silêncio pois não conseguimos reagir, alguma força sobrenatural estava nos privando de esboçar qualquer reação. Eis que do breu surgiu uma luz que vinha se aproximando, era uma pessoa... uma... uma pessoa pegando fogo. Uma mulher desfigurada e carbonizada com olhos brancos, era ela, a mendiga maltrapilha... Ela vinha se aproximando, estávamos travados. Ela se aproximou do Jeremias que estava mais a frente e fixou os olhos brancos nos olhos dele, ela rosnava igual um cão, ele começou a tremer e urinar pelas pernas abaixo com os olhos arregalados. A assombração tocou com o dedo indicador na testa dele suas unhas eram enormes, ela gargalhou estridentemente e gritou:
-- Faltava um, era você Jeremias, vou devorar sua carne até não sentir mais medo, até não sentir nada!
era um tom de deboche, cruel e uma voz rasgada.Então deu de costas adentrando a mata gargalhando. Jeremias estava travado e sendo arrastado a força para a entrada da mata.
em um piscar de olhos tudo voltou ao normal, a luz do poste que havia estourado estava intacta e retomamos nossos sentidos, olhamos uns para os outros e começamos a correr pedindo por socorro, corremos 4 quarteirões até a rua que morávamos e começamos a relatar desesperadamente o que tinha acontecido. logo a rua se encheu e as pessoas nos rodearam, no começo pensaram que fosse mentira já que éramos muito arteiros, Mas como eram bastante supersticiosos logo começaram a acreditar, pois estávamos tremendo e esvaindo em lágrimas sem saber o que aconteceu com nosso amigo Jeremias naquele momento, aquela hora da noite na Rua da Mata. Já passava da meia noite e a mata estava muito escura, naquela noite não tinha luar. Rapidamente a polícia apareceu e começaram a busca pelo o Jeremias, a mãe dele estava em estado de choque, pois havia perdido o marido recentemente e não conseguia imaginar perder o único filho. Ao amanhecer a polícia informou a população que Jeremias havia sido encontrado sem vida infelizmente com o corpo carbonizado e haviam seis crânios ao redor do corpo e muitos ossos, aquilo era um ritual macabro. A polícia e todos estavam intrigados pelo o fato de não haver vestígios de queimada na mata, muito menos no chão que estava o corpo carbonizado de Jeremias. todos ficamos desolados e em choque, após exames, a perícia constatou que aqueles seis crânios eram das crianças desaparecidas de vinte anos atrás, então confirmou se que a lenda da Rua da Mata é real e Jeremias foi a sétima vítima da mendiga maltrapilha daquela rua.
(Raw Necro)