Tudo que fizeram comigo.
Vou tentar não prolongar esse breve relato. Sinceramente, nem sei por onde começar... vamos lá!
Há alguns meses fui internada para fazer uma cirurgia, nada complicado. Durante o breve período de internação, fui muito bem recebida e cuidada por toda a equipe do hospital. Foram muito atenciosos comigo e por isso, me senti calma.
Tudo mudou quando fui pra sala de cirurgia. A calmaria da internação deu lugar ao pânico e agonia. O anestesista injetou algo na minha veia. Depois disso, fui conectada aos monitores. Colocaram uma máscara no meu rosto e pouco antes de adormecer, pude ouvir um dos enfermeiros dizer: "Tá tranquilo. Ela não tem família".
Ouvir aquilo me deixou assustada, mas não pude fazer nada. Eu devo ter dormido por vinte minutos. E então meu pesadelo começou. Eu acordei ouvindo o som dos equipamentos. O barulho do bisturi. Pensei que a cirurgia tinha acabado, mas ainda estava no meio. Eu estava atordoada, mas acordada. O efeito da anestesia havia passado. Não administraram a dose corretamente. Não pude me mexer, pois junto com a anestesia aplicaram um bloqueador neuromuscular, por conta da cirurgia ser próxima ao abdômen.
Para minha agonia, a anestesia não funcionou, mas o bloqueador sim.
Tentei gritar, mas nem consegui abrir a boca. Senti o médico me cortando. Senti toda a dor enquanto minha pele era rasgada. A dor era tanta, que eu queria chorar, mas não podia. Estava tão paralisada que não tinha lágrimas para chorar.
A cirurgia continuou normalmente. Eu podia ouvir o monitor cardíaco batendo cada vez mais rápido. Ouvi toda a conversa entre os médicos e enfermeiros. Senti alguns órgãos sendo arrancados para explorar a área.
Apesar de estar acordada, eu estava entubada e conectada à um respirador. Eu só podia respirar oito vezes por minuto. Eu estava sufocando.
Desejei estar morta naquele momento.
Quando o fim da cirurgia se aproximou, recuperei os movimentos do meu rosto. Então, mexi minha língua para que me notassem. Percebendo minha reação e entendendo que o bloqueador estava acabando, o anestesista tirou o respirador de mim. Era como se eu nunca tivesse respirado antes. Não consegui buscar ar. Vi uma das enfermeiras se aproximar com um olhar preocupado. Ela ficava cada vez mais distante. Era como se eu afundasse na mesa de operação. Fechei os olhos, senti uma paz de espírito. Toda aquela dor e angústia havia acabado. Pude ver tudo que fizeram com meu corpo. Ele estava lá na mesa. Tentavam me ressuscitar enquanto eu me desligava desse mundo.
Minha barriga ainda estava aberta. Era pra ser uma cirurgia simples. Eu já estava na mesa há mais de duas horas. Não imaginei que morreria assim.
Algum tempo depois de tentarem me ressuscitar, vi luzes piscando. Senti uma dor no peito que me fez fechar os olhos. Quando os abri novamente, a cirurgia havia acabado. Eu estava viva, mas por algum motivo, eu acordei na sala de autópsia.
Vou tentar não prolongar esse breve relato. Sinceramente, nem sei por onde começar... vamos lá!
Há alguns meses fui internada para fazer uma cirurgia, nada complicado. Durante o breve período de internação, fui muito bem recebida e cuidada por toda a equipe do hospital. Foram muito atenciosos comigo e por isso, me senti calma.
Tudo mudou quando fui pra sala de cirurgia. A calmaria da internação deu lugar ao pânico e agonia. O anestesista injetou algo na minha veia. Depois disso, fui conectada aos monitores. Colocaram uma máscara no meu rosto e pouco antes de adormecer, pude ouvir um dos enfermeiros dizer: "Tá tranquilo. Ela não tem família".
Ouvir aquilo me deixou assustada, mas não pude fazer nada. Eu devo ter dormido por vinte minutos. E então meu pesadelo começou. Eu acordei ouvindo o som dos equipamentos. O barulho do bisturi. Pensei que a cirurgia tinha acabado, mas ainda estava no meio. Eu estava atordoada, mas acordada. O efeito da anestesia havia passado. Não administraram a dose corretamente. Não pude me mexer, pois junto com a anestesia aplicaram um bloqueador neuromuscular, por conta da cirurgia ser próxima ao abdômen.
Para minha agonia, a anestesia não funcionou, mas o bloqueador sim.
Tentei gritar, mas nem consegui abrir a boca. Senti o médico me cortando. Senti toda a dor enquanto minha pele era rasgada. A dor era tanta, que eu queria chorar, mas não podia. Estava tão paralisada que não tinha lágrimas para chorar.
A cirurgia continuou normalmente. Eu podia ouvir o monitor cardíaco batendo cada vez mais rápido. Ouvi toda a conversa entre os médicos e enfermeiros. Senti alguns órgãos sendo arrancados para explorar a área.
Apesar de estar acordada, eu estava entubada e conectada à um respirador. Eu só podia respirar oito vezes por minuto. Eu estava sufocando.
Desejei estar morta naquele momento.
Quando o fim da cirurgia se aproximou, recuperei os movimentos do meu rosto. Então, mexi minha língua para que me notassem. Percebendo minha reação e entendendo que o bloqueador estava acabando, o anestesista tirou o respirador de mim. Era como se eu nunca tivesse respirado antes. Não consegui buscar ar. Vi uma das enfermeiras se aproximar com um olhar preocupado. Ela ficava cada vez mais distante. Era como se eu afundasse na mesa de operação. Fechei os olhos, senti uma paz de espírito. Toda aquela dor e angústia havia acabado. Pude ver tudo que fizeram com meu corpo. Ele estava lá na mesa. Tentavam me ressuscitar enquanto eu me desligava desse mundo.
Minha barriga ainda estava aberta. Era pra ser uma cirurgia simples. Eu já estava na mesa há mais de duas horas. Não imaginei que morreria assim.
Algum tempo depois de tentarem me ressuscitar, vi luzes piscando. Senti uma dor no peito que me fez fechar os olhos. Quando os abri novamente, a cirurgia havia acabado. Eu estava viva, mas por algum motivo, eu acordei na sala de autópsia.