O Fatídico Mistério de Bóris e Zara

Existe um antigo casarão que originalmente tinha sido uma próspera fazenda que, construido em estilo colonial, está localizado nos arredores de uma histórica cidade mineira. Embora esteja tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional, já se encontra há décadas abandonado, sendo que alguns dos moradores das redondezas afirma que ele é mal-assombrado.

Diz a lenda que lá pelo início do século passado, um grupo de ciganos resolveu ali se abrigar por algum tempo, antes de prosseguir viagem em direção ao sul do País. Naquela época, apesar de já estar abandonado, ele ainda não estava tão destruído e eles conseguiram uma autorização do então delegado do vilarejo, para ficarem lá por um período de uns dois meses, tempo que eles achavam suficiente para consertarem as suas já surradas tendas e carroças, ao mesmo tempo em que aguardariam a chegada de uma caravana de ciganos amigos, que se juntariam a eles naquela viagem.

O líder do grupo tinha uma linda filha; chamava-se Zara. Ela era prometida em casamento a um jovem chamado Boris, que era um dos filhos do lider da caravana que estava para chegar.

Haviam préviamente combinado que o casamento seria realizado quando os grupos se juntassem para a viagem. E aquele local seria o ideal para esse evento tão esperado e grandioso.

E quando aquela tão esperada caravana chegou a alegria foi geral. Os preparativos para a festa já estavam bem adiantados. E a cerimônia do casamento foi marcada para acontecer já naquele próximo final de semana.

E eles deram início às comemorações já na sexta-feira, véspera da grande festa, quando uma grande variedade de bebidas e também muita comida, foram servidas à vontade. A festa estava programada para continuar até o dia seguinte; sábado, quando só então os jovens nubentes, depois de casados, finalmente iriam para a sua própria tenda, que costumava ficar sempre um pouco afastada do acampamento...

E foi assim que em uma das mais tranquilas e ensolaradas manhãs de um sábado, aconteceu uma das mais raras e lindas cerimônias de casamento de que já se teve notícia naquelas bandas... E o casal ainda ficou festejando com os seus amigos até tarde da noite.

Mas eis que logo no dia seguinte, isso lá pelo final da tarde, alguns amigos do Bóris acharam estranho que até aquela hora o casal ainda não havia aparecido sequer para o seu desejum, já que era do conhecimento de todos que na tenda deles não havia nenhum tipo de alimento. O que será que teria acontecido com o casal?

E foi então que dois amigos dele resolveram ir até lá... Chamaram por ele várias vezes, mas como não obtiveram nenhuma resposta, resolveram 'invadir' a tenda... E quando assim o fizeram, ficaram simplesmente paralisados com o que viram; sobre uma enorme poça de sangue, estavam o Bóris e sua jovem esposa Zara, caídos de bruços no chão da tenda,

Eles sairam dali correndo e foram até a tenda do pai da jovem Zara para avisá-lo sobre o seu macabro achado.

O delegado foi chamado. E assim que chegou ao local, sua primeira providência foi mandar desvirar os corpos do casal. E todos viram que em cada corpo havia um pequeno pinhal de prata cravado bem no seu coração. E tinha um tenebroso detalhe mais; os dois cadáveres estava sem os olhos...

Todos que se encontravam ali ficaram horrorizados diante daquele quadro...

Ninguém dizia uma única palavra, mas no seu íntimo todos se perguntavam; quem teria feito aquilo com eles? Quem seria capaz de tamanha crueldade? Perguntas difíceis de serem respondidas...

E quando o delegado, sem nenhuma hipótese que o levasse para a elucidação daquele misterioso caso, retornava em seu automóvel para a delegacia, avistou bem no meio da pequena estrada um homem que, com os seus braços abertos parecia estar apavorado, sinalizando para que ele parasse o carro. Meio ressabiado o delegado dele se aproximou e então ficou sabendo que em uma encruzilhada ali bem próxima, em meio a uma toalha branca e entre velas e charutos haviam duas taças brancas, cada uma com um par de olhos humanos... O que só serviu para aumentar ainda mais aquele mistério.

E a partir daquele dia, segundo afirmam alguns antigos moradores daquela região, às vezes na noites de lua cheia se ouvem gemidos, vindos lá dos lados do velho casarão. Dizem eles que alguns 'corajosos' que se atreveram a ir até lá em tais noites, juravam 'de pés juntos' terem visto dois pares de olhos vermelhos, que os espreitavam através dos janelões do antigo casarão.