A máquina da verdade
Acordei, numa sala enorme toda branca, amarrado a uma cadeira com diversos fios presos em meu corpo. Na minha frente, havia uma tela de computador que mostrava uma ampulheta cheia. De repente ouço uma voz metálica: ― diga seu nome!
― Não te interessa! ― eu disse.
Levei um choque nos testículos que doeu na minha alma.
― Diga seu nome! ― disse novamente a voz.
― Manuel. ― Eu disse.
― Mentira!
Tomei um choque nas bolas mais forte ainda que o primeiro. A dor foi tanta que quase desmaiei. Resolvi então dizer meu nome verdadeiro para ver se os choques paravam.
― Meu nome é Pedro Henrique Navius.
― Sim. Agora diga onde você estava ontem à noite!
― Eu estava em casa…
― Mentira!
Levei um choque tão forte nos testículos que desmaiei. Quando acordei vi a ampulheta quase pela metade e a voz robótica perguntou novamente:
― Onde você estava ontem à noite?
― Eu estava na casa de uma amiga…
― Mentira!
O choque desta vez me apagou por longos minutos. Quando acordei com o corpo todo trêmulo e dolorido, decidi não mentir mais. A máquina era um polígrafo. Ela sabia quando eu mentia. Não adiantava tentar esconder a verdade. E, para piorar, a ampulheta já estava quase no fim.
― Onde você estava ontem à noite? ― perguntou mais uma vez a máquina.
― Estava com minha amante, Viviane Lizstiz.
Após dizer isto, a ampulheta na tela do computador some. Na verdade, as luzes todas se apagaram. Eu estava sozinho, na escuridão daquela sala imensa, amarrado, indefeso e sem saber quem tinha me levado até lá e por que. Subitamente, sinto uma pancada forte na cabeça e desmaio. Acordo num hospital com o corpo todo entubado.
― Olhem! Ele acordou! ― disse Viviane Lizstiz, minha esposa, feliz da vida por eu ter despertado do coma de cinco anos.
FIM