Inferno Sagrado
Lápis, borracha e caderno, eu apago a luz e sento-me em minha cama. Nada melhor que a escuridão para clarear as diversas palavras mortas que se desencadeiam de minha mente para a folha de papel.
Vozes, inquietas e tão caladas sussurram em meu ouvido os mesmos conjuntos de palavras, noite pôs noite. Tamanha estranheza é saber que os mais sombrios de meus pensares são frutos de uma real imaginação. Todos temos muito a pensar em nossas cabeças, algumas coisas ainda que em sincronia se perdem ao preencher de um causo maior.
Acordei pela manhã de ontem juntamente à aurora a derramar lagrimas pelos olhos. Elas despejavam sobre o meu rosto e traziam o pesar da noite passada inteiramente em lamentos das almas sem rumo que andam soltas pela madrugada solene. Contagiante.
Muitos derramarão lagrimas sobre o teu caixote de madeira, e essas serão enterradas lá no fundo, onde habita a dor. Tempos adiante, pessoas acordarão como eu, lamentando por mais um dia de vida.
Ando hoje, alguns anos mais desde aqui, viajando sobre as ruas da cidade futura. E descubro assim, que o mundo que provir de quem somos hoje, jamais voltara a ser mais uma vez, a esplêndida terra em que nossos antepassados um dia habitaram. Estamos construindo o nosso inferno sagrado!