Inferno Sagrado

Lápis, borracha e caderno, eu apago a luz e sento-me em minha cama. Nada melhor que a escuridão para clarear as diversas palavras mortas que se desencadeiam de minha mente para a folha de papel.

Vozes, inquietas e tão caladas sussurram em meu ouvido os mesmos conjuntos de palavras, noite pôs noite. Tamanha estranheza é saber que os mais sombrios de meus pensares são frutos de uma real imaginação. Todos temos muito a pensar em nossas cabeças, algumas coisas ainda que em sincronia se perdem ao preencher de um causo maior.

Acordei pela manhã de ontem juntamente à aurora a derramar lagrimas pelos olhos. Elas despejavam sobre o meu rosto e traziam o pesar da noite passada inteiramente em lamentos das almas sem rumo que andam soltas pela madrugada solene. Contagiante.

Muitos derramarão lagrimas sobre o teu caixote de madeira, e essas serão enterradas lá no fundo, onde habita a dor. Tempos adiante, pessoas acordarão como eu, lamentando por mais um dia de vida.

Ando hoje, alguns anos mais desde aqui, viajando sobre as ruas da cidade futura. E descubro assim, que o mundo que provir de quem somos hoje, jamais voltara a ser mais uma vez, a esplêndida terra em que nossos antepassados um dia habitaram. Estamos construindo o nosso inferno sagrado!

Dmitry Adramalech
Enviado por Dmitry Adramalech em 08/06/2019
Reeditado em 08/06/2019
Código do texto: T6667674
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