o Último - Capítulo I
Cidade de São Marinho, São Paulo. 1975
Sâo Marinho é uma cidade localizada a oeste da Capital São Paulo, aproximadamente à uns 350 KM de distancia, com a população de mais ou menos 15 mil habitantes.
Na década de 70 a cidade passava por um momento de aperto financeiro, muitos estavam saindo em busca de algo melhor, comércios estavam fechando e muitos religiosos diziam que isso era uma maldição da cidade. A escola mais popular da região era a escola municipal de São Marinho, era um colégio muito bom em educação, e foi nessa escola que a história começou.
Era mais um dia ensolarado para aqueles pobres coitados que não sabiam o que estavam por vir. O Ginásio estava cheio de alunos e alunas correndo e entrando nas salas de aula. Mas a tragédia começou na 7ª Serie, era aula de história e Leonardo estava sentado apenas observando o lado de fora, ele não dormia bem ha alguns dias, com pesadelos em cima de pesadelos.
— Leonardo, presta atenção na aula – Disse seu amigo Edson.
— Estou tentando, mas não consigo tirar meus pesadelos da cabeça – respondeu o garoto de 14 anos.
— Posso saber o que os dois mocinhos estão conversando? - Perguntou a professora zangada
— Nada professora – respondeu Edson – Perdoe.
A professora virou para continuar a escrever, Leonardo olhou para fora e viu homem todo desfigurado, cheio de cicatrizes, o menino assustado tirou o olhar da janela e olhou para a sala, quando viu o homem estava se retorcendo em sua frente balbuciando algumas coisas, mas só que o menino escutou antes do grito foi “tria mera”
—Sai! - O garoto gritou ao ponto de outras salas escutarem – Sai de perto de mim!
—Calma, Léo – sussurrou Edson
—Então quer bancar o engraçadinho, não é? - A professora pegou o menino pelo braço sem perguntar e foi arrastando o garoto para fora da sala igual um cão de rua, é naquela época aconteciam dessas coisas em São Marinho.
—Professora, eu vi! Tinha um espírito na sala – Leonardo estava chorando – Eu juro!
—Você é doente menino – a professora o levava para a direção, os corredores eram claros com mais ou menos 6 salas por andar, no primeiro andar ficava a secretaria, o depósito e o pátio. No segundo ficavam as turmas da quinta e sexta série e mais a sala de canto. No terceiro andar ficavam as 7ª séries e as oitavas, havia o quarto andar trancado onde ficava a parte elétrica e entre os alunos rolava a brincadeira de que ali era um necrotério.
A professora desceu com Leonardo até a direção, abriu a porta do diretor Motta, que estava apreciando um bourbon e escutando “Sweet Home Alabama” do Lynard Skynard, a professora ao entrar pigarreou, o diretor olhou assustado abaixou o som e tirou o copo de cima da mesa.
—O que está acontecendo?
—Esse garoto está cheio de gracinhas na sala de aula, gritando e assustando os outros dizendo que vê espíritos aqui no colégio.
—Leonardo! Você já tem 14 anos, por quê está fazendo isso?
—É verdade senhor Motta, eu juro!
—E como eram esses espíritos?
—Não acredito que está dando corda? - interrompeu a professora.
—Professora, por favor volte para sala que eu me entendo com Leonardo – Respondeu o diretor
—Como quiser…- A professora virou as costas e saiu
—Leonardo, agora que estamos só nós, me conte o que aconteceu…
—Eu não tenho dormido bem há uns três dias, é estranho eu tenho sempre um pesadelo com a escola pegando fogo e as pessoas morrendo, eu acordo desesperado e uma das figuras apareceu na minha frente na sala de aula.
—E como ele era?
—Feio, deformado e se retorcia e dizia coisas…
—Lembra do que ele dizia?
—Só lembro de “Tria mera”
O Diretor Motta se assustou e lembrou de uma história contada por seus pais sobre um homem que vagava pela cidade dizendo sobre a tria mera, e ela não fazia alusão a Jesus Cristo e sim a Lúcifer, ele lembrara também que esse homem fora retalhado por pessoas que achavam que ela um satanista e jogado agonizando no terreno da escola.
—Senhor Motta? - Leonardo estava com calafrios – O senhor está bem?
O Diretor recuperou a consciência e olhou para o garoto que estava pálido e com os lábios sem cor.
—Leonardo, você está bem?
—Sim, mas estou com muito frio.
—Realmente aqui está um gelo.
Do lado de fora escuta-se um grito: - Pedrinho! O que é isso? Não…..- Disparos ouvidos pelo diretor e o garoto.