PSICOPATIA DISFARÇADA - PARTE 2
Após assistir todas as fitas que havia guardado, Phil passou a lembrar de todos os crimes que cometera. Por precaução, queimou-as por completo, assim como todas as cartas. Uma semana havia se passado desde seu último assassinato. Continuava a sua rotina sem que ninguém percebesse nada. Estava em todos os noticiários da região o desaparecimento da garçonete. Outras 23 mulheres continuavam também desaparecidas, todas elas vítimas de Phil. Quanto a isso ele estava despreocupado já que sempre tomou os devidos cuidados para não ser pego, exceto em seu último crime no qual foi visto com a vítima no bar e talvez até próxima de sua casa. Ainda sim se sentia confiante, não achava que poderia ser pego. Beth tinha uma irmã mais velha que morava em Nova Iorque. O nome dela era Judith. Trabalhava como Papiloscopista no Departamento Policial de Nova Iorque. Ao receber a notícia do desaparecimento de sua única irmã, afastou-se de seu trabalho e voltou para sua terra natal na tentativa de encontrá-la.
Alguns dias após a noite com Beth, enquanto atendia a um paciente em seu posto de trabalho, observou entrar na clínica aquela moça que havia lhe maltratado e quebrado seu retrato tão valioso. Quando encerrou o atendimento, ela veio em sua direção. Phil começou a soar, mas não de nervoso, muito menos de medo, mas sim como consequência de uma luta interna que ocorrera naquele curto espaço de tempo. Pensou logo em pegar as canetas que estavam ali perto e enfiá-las nos olhos da mulher. Mas frio e calculista que era resolveu conter-se e manter seu profissionalismo reprimido e acobertando sua psicopatia. A moça aproximou-se, e diferente do último encontro dos dois disse:
- Boa tarde, senhor! Por gentileza, quanto está custando esse exame?
- Boa tarde! Esse custa 100 dólares. O laudo sai com três dias úteis. Se tiver interesse posso agendá-la – Disse Phil com toda sua simpatia.
- Vou querer sim. Para amanhã. Do que você precisa? – Perguntou a jovem inocentemente.
Phil, naquele momento, viu a oportunidade que tanto esperou. Iniciou seu plano diabólico.
- Bom... Preciso do seu endereço, telefone para contato e nome completo – Alegou Phil.
A jovem que um dia foi tão arrogante e mal educada com Phil, agora o tratava com serenidade e simpatia. Mas ele não se importava, tudo que passava por sua cabeça eram formas distintas de matá-la. Já com o endereço da jovem em mãos, esperou apenas pela hora certa.
Enquanto isso, no aeroporto internacional de Fairbanks, Judith desembarcava trazendo em sua bagagem a determinação de descobrir o que acontecera com sua irmã custando o que custasse. Pegou o táxi e partiu rumo à casa em que moravam, onde atualmente mora apenas sua mãe. Ao chegar, Amy, mãe das duas, logo lhe deu um abraço e caiu em prantos, Judith menos emotiva, apenas abraçava sua mãe. Depois de conversarem, Judith logo juntou todas as informações possíveis que sua mãe tinha. O primeiro lugar ao qual ela resolveu ir foi ao bar, local onde ela foi vista publicamente pela última vez. Pegou sua Desert Eagle .50 carregada, pôs na cintura e foi até lá. Sentou em uma cadeira no balcão rente ao barman. Pediu um Martini. Olhava para ela, como quem já vira aquele rosto antes. Após duas doses, ela retirou uma fotografia de Beth do bolso e mostrou ao homem perguntando se já vira ela antes. O homem apenas balançou a cabeça em sinal de afirmação. Judith então disse que era irmã dela e estava tentando desvendar o mistério de seu desaparecimento. O barman lhe contou tudo sobre o que aconteceu em sua última noite de trabalho com Beth. Tudo parecia normal. Mas, diferente da polícia local, suspeitou do rapaz estranho que passou a noite trocando olhares, sorrisos e palavras com ela.
Judith pediu ao barman um papel e um lápis. O homem apenas olhava curioso. Em seguida pediu que ele descrevesse as características físicas do sujeito. Enquanto ele falava, ela desenhava no papel a imagem. Por fim, perguntou a ele se o rapaz que estava no bar naquela noite era parecido com o da imagem desenhada. Ele respondeu que sim. Fez algumas cópias e saiu pela cidade, em bares, mercados, lojas etc., perguntando às pessoas se já haviam visto aquele rapaz. Afim de não levantar suspeitas sobre o propósito, alegou ser seu irmão que estava desaparecido. Quatro dias já haviam se passado desde que Judith iniciou suas buscas.
Depois de descobrir o endereço da jovem, Phil passou a segui-la. Ela matinha uma rotina bem pacata. Tinha um salão de beleza ao lado de sua casa, e nas horas em que não estava lá, passava a maior parte do tempo fazendo compras no shopping. Monitorou-a por um tempo para que pudesse agir sem que ocorresse algum problema para si. Até que em uma tarde, após o trabalho, resolveu ir ao salão da mulher como cliente. Ao entrar ela o reconheceu, deu boas vindas, pediu que aguardasse para que pudesse atendê-lo e entrou em uma antessala. Não havia ninguém, apenas os dois. Neste mesmo dia Judith continuava suas buscas ali perto. Foi então que pouco tempo depois chegou ao mesmo salão:
- Boa tarde! Disse Judith educadamente.
Phil, sentado na cadeira, virou e a cumprimentou:
- Olá! Boa tarde! – Nesse momento ficou pensativo, percebeu já ter visto aquele rosto.
- Beth! – Pensou.
A mulher, a quem Philip perseguia voltou, cumprimentou-a e perguntou o que ela desejava. Judith assim que o viu, logo soube que o rapaz sentado a sua frente era o mesmo do retrato falado. Resolveu não contar sua história. Fez com que não fosse possível eles verem os retratos em sua mão. Ela apenas fingiu ter esquecido algo, deu meia volta e foi embora. Phil achou a reação de Judith estranha. Ficou desconfiado. Por conta disso, resolveu preservar-se desistindo de matar a mulher. Quando ela terminou, ele apenas pagou e se despediu. Salva pelo gongo. Ao sair Phil resolveu espionar a casa de Beth. Alugou um carro e ficou escondido dentro dele seis casas a frente. Ficou pensando naquela moça e a quão parecida com Beth é, assim também como a estranha reação dela mais cedo. Horas se passaram e nada. Nenhum movimento na casa. As luzes estavam acesas dando a entender que Amy estava lá, mas nada além disso. Já pouco mais de meia noite, um carro para em frente à casa. Uma mulher desce e Phil finalmente tem a comprovação, era ela, a mesma de mais cedo. Ficou se perguntado “o que ela era de Beth e o que ela queria, talvez fosse irmã por parecer muito, mas por que agiu daquela forma?”, Phil se perguntava o tempo todo. Não satisfeito foi aos fundos da casa e entrou pelo quintal. Sorrateiramente abriu a porta da varanda, entrou na cozinha e escondeu-se atrás do armário. Estava escuro, pareciam estar todas no andar de cima. Esperou por alguns segundos até que resolveu ir mais a frente. Realmente não havia ninguém na parte de baixo. Ouvia-se um barulho de chuveiro ligado, imaginou que Judith estivesse no banheiro e que Amy já estivesse eu seu quarto. De forma surdina, procurou por algo que pudesse lhe trazer respostas acerca das intenções de Judith. Não achou nada na sala. Já que estava ali, não pensou duas vezes e subiu as escadas. Judith realmente estava no banho e sua mãe dormia no quarto ao lado.
O primeiro cômodo ficava à esquerda, de onde vinha um som de água caindo ao chão. A porta estava entreaberta. Olhou pela brecha e viu roupas jogadas ao chão, as mesmas roupas que vestiam Judith mais cedo. Abriu a porta pausadamente e viu em cima da cama cartazes com um rosto desenhado e uma pistola. Logo percebeu que se trava do seu.
Judith terminava seu banho e preparava-se para sair do banheiro. Passou o dia todo pensando sobre o que acontecera mais cedo. Imaginando que talvez Phil tivesse desconfiado de algo. Antes de abrir a porta ela paralisou, como se alguma coisa, alguma força sobrenatural a tivesse alertando sobre algo. Sentiu um arrepio na espinha, percebeu uma presença em seu quarto, então largou a maçaneta e procurou por sua arma, mas ela estava em cima da cama. Não queria chamar por sua mãe, com receio de que realmente houvesse alguém ali pondo a vida dela em risco. Armou-se com o rodo e de forma repentina saiu do banheiro como um elemento surpresa. Nada havia ali. A porta estava do mesmo jeito e sua arma onde deixou. Caminhou em direção à porta para trancá-la. De repente foi surpreendida com um mata leão. Phil segurou firme, enquanto Judith debatia-se em seus braços. Com suas unhas arrancou um pedaço de carne dos braços dele que o fez jogá-la no chão, chutando sua barriga. Já rendida, retorcia-se de dor enquanto Phil terminara de espanca-la até a morte. O barulho fez a senhora Amy acordar, e quando abriu a porta viu sua filha estendida ao chão sendo pisoteada, enquanto Phil disparava um olhar aterrorizador para Amy. Imediatamente ela se jogou em Phil e os dois caíram no chão. Amy já sem forças agarrou-se a Phil como uma preguiça agarra uma árvore. Ele dava socos na costela da pobre senhora. Judith rastejou até a cama e conseguiu pegar sua pistola. Dispersou dois tiros, mas Phil escondeu-se atrás de Amy. Os tiros foram fatais e ela morreu na hora. Judith continuou disparando e Phil segura o cadáver de Amy como um escudo até que arma descarregou e Phil a pegou pelo pescoço e esganou até que não houvesse mais fôlego de vida.
Quando soltou seu pescoço olhou para suas mãos ensanguentadas, e com um tom diabólico, soltou um sorriso. Depois, foi ao carro, retirou um pouco de gasolina e despejou no chão da cozinha. Saiu pela porta da frente, entrou no veículo e olhando pelo retrovisor viu as chamas consumirem a casa logo após uma forte explosão.