NEMANDRO E O BARQUEIRO DO INFERNO
Quando Nemandro morreu e o seu sangue lavou a espada de Ísquilo, os seus parentes puseram em sua boca três óbolos para que fosse transportado pela barca terrificante do filho de Érebo e da Noite, o velho Caronte que tinha como função conduzir as sombras dos mortos para lá do Estige e do Aqueronte. O espírito indomável de Nemandro pôde presenciar a névoa espessa, o silêncio inquietante, o céu tempestuoso e as nuvens ameaçadoras. Diante dele e do velho magro, grande e vigoroso estava o insólito jardim de ciprestes, cercado de rochedos, em que foram escavadas moradias. De súbito seu espírito tiritou quando deixou a barca de cor fúnebre e tocou o solo da ilha dos mortos, viu os olhos vivos, o rosto majestoso e severo do deus com vestes de cor sombria e manchadas do negro limo dos rios infernais, porém sabia que ele um dia levaria também a sombra de Ísquilo para a mansão dos falecidos.
(MITOLOGIA GREGA)