O MISTÉRIO DE GREEN CITY
Já passava da meia noite em Green City quando Thomas desmontava seu telescópio no quintal de sua casa para dormir. Foi uma noite longa e bela, Thomas ainda estava em êxtase com a chuva de meteoros que acompanhara. Pronto para entrar, viu um clarão no céu que quase o cegou. Não via nada além da forte luz que o iluminava. Assustado, apressou os passos em direção à entrada da casa, mas antes que chegasse a ela, sentiu seu corpo leve, como se instantaneamente tivesse perdido alguns quilos. Quando olhou para baixo percebeu que seus pés já não tocavam mais o chão. Ele tentava mexer-se, mas alguma força imobilizou seus músculos e tudo que podia fazer era observar o que acontecia à sua volta. Thomas também gritava por seus pais, mas o som de seus prantos era desmontado nas fortes ondas luminosas que o circundavam.
Ao amanhecer, enquanto Marie, mãe de Thomas, preparava o café, seu pai, Hilbert, fora o acordar, pois já passava do horário em que ele iria para a escola. Hilbert ao abrir a porta percebeu que seu filho não estava em seu quarto. Procurou-o por toda a casa, mas não o encontrou. Foi até o quintal e viu o telescópio e um caderno, que Thomas anotava suas observações, jogados ao chão. Apenas juntou as coisas de seu filho e retornou para dentro de casa. Os dois supuseram que Thomas havia acordado mais cedo para ir à escola, embora não fosse hábito dele sair sem comer algo, porém, não desconfiaram de nada, já que era um jovem responsável e moravam em uma cidade pacata. Estranharam somente o fato de suas coisas estarem jogadas ao chão. Ao chegar a seu trabalho Hilbert recebe uma ligação da diretora da escola em que Thomas estudava informando que ele não havia comparecido à aula naquele dia e queriam saber o motivo da falta. Hilbert achou estranho, perguntou se a diretora tinha certeza daquilo, e ela respondeu que sim, que não havia possibilidade de terem se enganado.
Hilbert então foi para casa, pois achou que seu filho estaria lá, que por algum motivo, retornou da escola antes mesmo de entrar. Mas Thomas não estava. Resolveu ligar para os pais de seus colegas, mas nenhum deles disse haver visto Thomas nas últimas horas. Não queria preocupar sua esposa, resolveu ir atrás de seu filho pelo bairro. Procurou em cada esquina, cada beco, cada lugar que fosse possível o garota estar, mas todo o esforço que ele fizera seria em vão. Foi de encontro com sua esposa em seu trabalho. Logo ela começou a chorar de tanta preocupação com seu primogênito. Os dois foram até a delegacia para registrar um BO e pedir que as autoridades começassem a busca por seu filho. Ao entrarem na sala do delegado, foi lhes dito que aquele não era o primeiro desaparecimento que ocorrera naquele dia, outra criança também vivia a mesma situação, e seus pais tinham acabado de sair da delegacia. Por último o delegado os tranquilizou e garantiu que assim dessem às 24 horas começariam a procura. Retornaram para casa na esperança de que a policia trouxesse seu filho de volta. Ao meio dia, Hilbert já não aguentava mais esperar, pediu que sua esposa ligasse para todos os conhecidos em uma tentativa de obter notícias, e saiu pela cidade com seu carro mais uma vez.
Ao anoitecer, quando retornou à sua casa após um longo dia de buscas, estavam lá Brad e Alice, amigos do casal de longa data, e seu filho mais novo Edward, amigo de infância de Thomas. Em uma tentativa de amenizar a preocupação e sofrimento do casal passaram a noite com eles, então Brad se ofereceu para ajudar Hilbert no dia seguinte a continuar procurando Thomas. Foram dormir. Brad e Alice ficaram no quarto para hóspedes e Edward dormiu no quarto de Thomas. Um barulho os fez acordar durante a madrugada. Hilbert levantou atordoado e imaginou logo que pudera ser seu filho. Procurou por todos os cômodos, mas não encontrou nada. Ficou se perguntando de onde veio aquele barulho, quando de repente um grito no andar de cima:
- Edwaaard!!!
Correu em direção ao quarto em que o jovem estava. Ao chegar lá viu Alice e Brad abraçados e sem saber o que fazer. O garoto não estava no quarto, a janela estava quebrada, com cacos de vidro espalhados pelo chão. Os dois saíram em busca do rapaz pela casa, em seguida saíram e foram pelo bairro. Alice e Marie ficaram e chamaram a polícia. Logo ela chegou. Para atender a ocorrência estava o delegado da cidade e outro policial recém-formado. Eles subiram ao quarto onde o garoto desapareceu. Procuraram por pistas, mas nada encontraram, exceto os cacos de vidros detonados pelo suposto sequestrador. Mas nada além daquilo havia. Os dois desceram e foram entrevistar as mães para tentar encontrar algo que pudesse lhes ajudar. Nada de estranho, nada anormal, tudo parecia dentro da normalidade. Eles não tinham noção do que acontecera com aquelas crianças e quem os levara. Antes de saírem para dar início à busca, outro chamado para outra ocorrência os alertava no rádio. O local era ali perto, a dois quarteirões.
Já exausto, Brad e Hilbert resolvem voltar. Quem sabe Edward tivesse retornado, pensou Brad. Antes que chegassem avistaram uma viatura da polícia na rua em que morava. Os dois então foram até lá, pois não sabiam que as mulheres já haviam os chamado. Ao chegarem viram uma senhora sentada na calçada, em prantos, e seu marido estava conversando com o delegado. Abordaram e conversaram com o outro policial, então lhes foi dito que acabaram de sair de sua casa, e um grupo de buscas já estava sendo montado. Curiosos, aproximaram-se da mulher. Perguntaram o que havia acontecido, ela respondeu:
- Já estávamos dormindo. Nosso filho tem uma casa na árvore no quintal. Acordamos e fomos chamá-lo para entrar, pois já era madrugada. Mas ele não estava lá. Suas coisas estavam jogadas no chão. Seu Notebook estava despedaçado. Então não o vimos mais.
- Meu filho também desapareceu hoje pela manhã. Disse Hilbert.
Brad também muito abalado, pois já sabia que Edward não retornara, apenas balançava com a cabeça em sinal de negativo.
O pai do garoto, Owen, se aproxima e levanta a mulher abraçando-a em tom de consolação. Levou-a para dentro e pediu para que o esperassem ali fora, enquanto isso a policia partira para tomar as devidas providências. O homem retornou. Conversaram acerca do ocorrido. Três pais com seus filhos desaparecidos, sem ter a certeza de que ainda estariam vivos. Os três combinaram de continuar a procura na manhã seguinte. Brad e Hilbert voltaram para suas esposas. A tristeza tomava conta do lugar. Não se via mais felicidade no olhar deles. Passaram o resto da madrugada acordados. Alice precisou tomar alguns medicamentos para dormir. Marie e os pais ficaram na sala, com a tv ligada. A todo instante ela olhava em direção à entrada na esperança de que os garotos ali aparecessem. Começa o programa local na tv, enquanto ouvia a manchete Brad aumentou o volume da televisão. O jornalista dizia o seguinte:
- Boa noite! A seguir o misterioso desaparecimento de um garoto em nossa região. A policia está investigando o caso e daqui a pouco traremos informações completas do caso. Mas agora, vamos ao nosso repórter local que está com um curioso caso na região rural. Objetos luminosos no céu estão sendo vistos constantemente por fazendeiros que suspeitam ser...
Hilbert abaixa o volume da TV e interrompe:
- É o garoto que ouvimos falar na delegacia! Agora até a mídia está envolvida.
A campainha toca.
Marie olha para o relógio e percebe que o sol já raiara. A noite foi embora. Hilbert vai em direção à porta e se depara com seis policiais, incluindo o delegado. Chamou Brad e saíram novamente em dois grupos, mas antes foram à casa de Owen. Na companhia de cada grupo havia um cachorro treinado para esses casos. As buscas se deram em um raio de 30 km do centro da cidade. Enquanto isso Marie ficou em casa com Alice. Ficaram atentas ao telefone esperando que dali viesse uma boa notícia. Ao final do dia, retornaram para casa. Não encontraram uma pista sequer dos garotos. O mistério tomava conta daquela cidade. Um mês após o início das buscas os quatro garotos ainda não haviam sido encontrados. A principal suspeita é que haviam sido sequestrados por traficantes internacionais de órgãos, mas nada além de suposições. Quem fez, o fez perfeitamente, sem deixar vestígios. Cartazes com fotos dos garotos foram espalhados pela cidade. Os três andavam todas as noites procurando por seus filhos. Era como um ritual, que ao fim, se reuniam para tomar cerveja em um bar, enquanto suas esposas estavam em casa na triste e escassa esperança de que trariam seus garotos de volta para casa.
OBS: ESSE TEXTO ENCONTRA-SE EM FASE DE EDIÇÃO, ESTOU PENSANDO EM CONTINUÁ-LO. TORNAR UMA HISTÓRIA MAIOR.