O vento gelado invade meu quarto e me desperta no meio da madrugada. Toco a tela do celular e a luminosidade que fere meus olhos me diz que são 02:43, não demora e sou novamente envolvida pela escuridão tão densa e penetrante que posso senti-la tocando meus ossos. Sempre tive medo do escuro. Temo, sobreturo, a consciência de mim mesma que a ausência de luz proporciona. Nesses momentos em que não há nada que possa me distrair, sou obrigada a olhar para dentro de mim e só o que vejo é um imenso vazio. No escuro, sou assombrada pelos fantasmas dos sonhos desfeitos, pela sombra de esperanças vãs e pela lembrança daquilo que nunca aconteceu e são esses os pensamentos que me fazem companhia pelas horas silenciosas da madrugada.
Eu temo o escuro, porque é na escuridão que eu contemplo a realidade.
Eu temo o escuro, porque é na escuridão que eu contemplo a realidade.