Fantasmas são habitantes comuns nos castelos da Grã-Bretanha. Não há castelo na Inglaterra, Escócia, Gales ou Irlanda que não tenha uma alma penada para assombrá-lo. Em vários desses castelos, inclusive, os fantasmas fazem parte do pacote que é oferecido aos turistas, juntamente com os banquetes á moda medieval, a simulação de justas, teatralização de torturas e julgamentos inquisitórios de bruxas e feiticeiros e outras atrações do gênero.
Esta história se refere a uma velha lenda de Gales, que ainda hoje é bastante explorada naquela mística e cativante região, onde a realidade e a imaginação estão tão integradas que é difícil distinguir uma da outra.
Aliás, os galeses, juntamente com os irlandeses e os escoceses são os povos mais místicos da Europa. Lendas sobre o Santo Graal, sobre a imortalidade dos Highlanders, os leprechauns (duendes) e seus tesouros enterrados no fim no fim arco—íris e coisas parecidas, são bastante comuns nessas românticas, históricas e estranhas culturas.
Nesta história o Castelo se chama Caerphilly e fica próximo da cidade de Cardiff, capital do País de Gales. É considerado o maior castelo da Grã Bretanha, só perdendo em tamanho para o Castelo de Windsor.
Trata-se de uma espetacular construção que na época medieval foi, ao mesmo tempo, uma cidade e uma fortaleza. Ele foi construído em fins do século XIII por um famoso barão normando chamado Gilbert de Clare. Esse nobre inglês foi mandado a Gales pelo Rei Eduardo I – o famoso e cruel Longshanks- justamente para apoiar a luta que o rei inglês travava contra o líder galês Llywelyn, príncipe de Gales, que tinha pretensões à se tornar rei dos galeses.
O castelo, que ainda existe e é uma das principais atrações turísticas de Gales, além da imponência da construção, é famoso pela sua torre inclinada, que alcança cerca de dez graus de inclinação, mais do que a famosa torre inclinada de Pisa. É um dos lugares mais visitados pelos turistas que vão á Gales. Nele se pode ter uma idéia exata de como era a vida e principalmente a guerra naqueles difíceis tempos medievais, quando as Ilhas Britânicas eram uma colcha de retalhos de etnias e nobrezas feudais disputando, a ferro, fogo e sangue, cada pedaço de terra da ilha.
O castelo foi um grande bastião das tropas inglesas na luta pela conquista de Gales. Mas tão logo o rei Eduardo I derrotou o príncipe Llywellyn e incorporou o território galês à coroa inglesa, o castelo caiu em desuso, ficando desabitado por vários séculos. Lorde Gilbert foi transferido para a Escócia, onde Willian Wallace e Robert Bruce estavam dizimando as tropas inglesas na luta pela independência que os escoceses estavam travando contra a Inglaterra.
Somente no século XIX o enorme complexo de edifícios foi restaurado pelo Marques de Bute, o qual adquiriu as terras nas quais o castelo de Caerphily, então uma imensa ruína, estava localizado.
Hoje ninguém mais mora lá, exceto os três fantasmas que os guias turísticos dizem que ainda podem ser vistos em suas escuras câmaras e corredores.
Um deles é o do construtor do castelo, Lorde Gilbert. Os outros dois são os espíritos de sua esposa Alice de La Marche, e um jovem cavaleiro chamado Tew Teg. Diz a lenda que Lord Gilbert, depois de ter vencido os galeses, casou-se com Alice, uma jovem e bonita dama francesa. Mas logo teve que deixá-la sozinha para atender aos reclamos da guerra que seu suserano, o rei Eduardo I movia contra os escoceses. Alice era jovem e fogosa. Mesmo sendo aconselhado pelos seus pares, Sir Gilbert não quis fazer uso do cinturão de castidade, utensílio que os senhores feudais costumavam colocar em suas esposas, quando eles iam para a guerra e suas jovens consortes ficavam carentes e expostas.
Esse curioso utensílio era uma espécie de “calcinha de ferro”, fechada com um cadeado, cuja chave ficava com os maridos. As infelizes esposas dos pérfidos senhores medievais tinham que usar essa proteção quando eles iam para a guerra. Como as coitadas faziam suas necessidades devia ser um tormento, pois para isso só eram deixados uns pequenos orifícios nesses “cintos de castidade”.
Lorde Gilbert ficou fora vários anos e o que tinha que acontecer, sem o cinto de castidade, aconteceu. Alice apaixonou-se pelo jovem cavaleiroTew Teg. Quando o barão voltou para casa logo ficou ciente do par de chifres que andou usando nesses anos todos em que passou lutando pela ambição de seu rei.
Sua primeira providência foi desafiar o jovem cavaleiro para o ordálio da moda, como era costume então. Traições como essa costumavam ser lavadas em sangue no campo de honra, através de um combate singular.
O barão, que era um dos cavaleiros mais destros do reino, matou o jovem Tew Teg em combate singular. Quanto à infeliz Alice, ela foi despachada de volta para a França para passar o resto de seus dias em um convento. Isso era também a praxe, naqueles tempos, em relação às esposas infiéis.
Mas o resto dos dias da infeliz dama não foram muitos. Ela morreu de tristeza, segundo alguns, ou se suicidou, segundo outros, assim que soube que o seu jovem e amado cavaleiro havia sido morto pelo seu marido em combate.
O que restou dessa triste novela galesa foram os três fantasmas. Dizem que em certos dias de lua cheia, quem tiver sensibilidade para tanto ainda pode ver os dois cavaleiros com suas lanças em riste, combatendo na liça, armada no pátio do suntuoso castelo por uma moderna companhia de espetáculos, para simular combates medievais. Eles lutam pelo amor da jovem Alice. O jovem Tew, dizem, usa uma quota de malha de cor vermelha, simbolizando o sangue que derramou em nome do seu amor. A vestimenta do barão Gilbert é toda negra, pois essa é a cor do ciúme, do despeito e do ódio.
Quanto ao fantasma da jovem Alice, ela também pode ser vista nas ameias da torre inclinada, observando o combate. Seu fantasma é conhecido como Green Lady (a Dama Verde), pois essa é á cor do vestido que ela usava quando foi enterrada. É que, segundo dizem, ela se vestiu de verde porque essa era a cor da sua tristeza. Mas eu acho que verde é a cor da esperança, e a sua angustiada alma continua assombrando o castelo porque espera que um dia o resultado da eterna batalha que os dois cavaleiros travam todos os dias de lua cheia um dia mude, e em vez do barão Gilbert, o vencedor seja o cavaleiro Tew Teg.
É que as pessoas morrem, mas a esperança que elas cultivam em seus corações é um vinho que se conserva para toda a eternidade. Porque o tonel que os preserva é o amor.
Esta história se refere a uma velha lenda de Gales, que ainda hoje é bastante explorada naquela mística e cativante região, onde a realidade e a imaginação estão tão integradas que é difícil distinguir uma da outra.
Aliás, os galeses, juntamente com os irlandeses e os escoceses são os povos mais místicos da Europa. Lendas sobre o Santo Graal, sobre a imortalidade dos Highlanders, os leprechauns (duendes) e seus tesouros enterrados no fim no fim arco—íris e coisas parecidas, são bastante comuns nessas românticas, históricas e estranhas culturas.
Nesta história o Castelo se chama Caerphilly e fica próximo da cidade de Cardiff, capital do País de Gales. É considerado o maior castelo da Grã Bretanha, só perdendo em tamanho para o Castelo de Windsor.
Trata-se de uma espetacular construção que na época medieval foi, ao mesmo tempo, uma cidade e uma fortaleza. Ele foi construído em fins do século XIII por um famoso barão normando chamado Gilbert de Clare. Esse nobre inglês foi mandado a Gales pelo Rei Eduardo I – o famoso e cruel Longshanks- justamente para apoiar a luta que o rei inglês travava contra o líder galês Llywelyn, príncipe de Gales, que tinha pretensões à se tornar rei dos galeses.
O castelo, que ainda existe e é uma das principais atrações turísticas de Gales, além da imponência da construção, é famoso pela sua torre inclinada, que alcança cerca de dez graus de inclinação, mais do que a famosa torre inclinada de Pisa. É um dos lugares mais visitados pelos turistas que vão á Gales. Nele se pode ter uma idéia exata de como era a vida e principalmente a guerra naqueles difíceis tempos medievais, quando as Ilhas Britânicas eram uma colcha de retalhos de etnias e nobrezas feudais disputando, a ferro, fogo e sangue, cada pedaço de terra da ilha.
O castelo foi um grande bastião das tropas inglesas na luta pela conquista de Gales. Mas tão logo o rei Eduardo I derrotou o príncipe Llywellyn e incorporou o território galês à coroa inglesa, o castelo caiu em desuso, ficando desabitado por vários séculos. Lorde Gilbert foi transferido para a Escócia, onde Willian Wallace e Robert Bruce estavam dizimando as tropas inglesas na luta pela independência que os escoceses estavam travando contra a Inglaterra.
Somente no século XIX o enorme complexo de edifícios foi restaurado pelo Marques de Bute, o qual adquiriu as terras nas quais o castelo de Caerphily, então uma imensa ruína, estava localizado.
Hoje ninguém mais mora lá, exceto os três fantasmas que os guias turísticos dizem que ainda podem ser vistos em suas escuras câmaras e corredores.
Um deles é o do construtor do castelo, Lorde Gilbert. Os outros dois são os espíritos de sua esposa Alice de La Marche, e um jovem cavaleiro chamado Tew Teg. Diz a lenda que Lord Gilbert, depois de ter vencido os galeses, casou-se com Alice, uma jovem e bonita dama francesa. Mas logo teve que deixá-la sozinha para atender aos reclamos da guerra que seu suserano, o rei Eduardo I movia contra os escoceses. Alice era jovem e fogosa. Mesmo sendo aconselhado pelos seus pares, Sir Gilbert não quis fazer uso do cinturão de castidade, utensílio que os senhores feudais costumavam colocar em suas esposas, quando eles iam para a guerra e suas jovens consortes ficavam carentes e expostas.
Esse curioso utensílio era uma espécie de “calcinha de ferro”, fechada com um cadeado, cuja chave ficava com os maridos. As infelizes esposas dos pérfidos senhores medievais tinham que usar essa proteção quando eles iam para a guerra. Como as coitadas faziam suas necessidades devia ser um tormento, pois para isso só eram deixados uns pequenos orifícios nesses “cintos de castidade”.
Lorde Gilbert ficou fora vários anos e o que tinha que acontecer, sem o cinto de castidade, aconteceu. Alice apaixonou-se pelo jovem cavaleiroTew Teg. Quando o barão voltou para casa logo ficou ciente do par de chifres que andou usando nesses anos todos em que passou lutando pela ambição de seu rei.
Sua primeira providência foi desafiar o jovem cavaleiro para o ordálio da moda, como era costume então. Traições como essa costumavam ser lavadas em sangue no campo de honra, através de um combate singular.
O barão, que era um dos cavaleiros mais destros do reino, matou o jovem Tew Teg em combate singular. Quanto à infeliz Alice, ela foi despachada de volta para a França para passar o resto de seus dias em um convento. Isso era também a praxe, naqueles tempos, em relação às esposas infiéis.
Mas o resto dos dias da infeliz dama não foram muitos. Ela morreu de tristeza, segundo alguns, ou se suicidou, segundo outros, assim que soube que o seu jovem e amado cavaleiro havia sido morto pelo seu marido em combate.
O que restou dessa triste novela galesa foram os três fantasmas. Dizem que em certos dias de lua cheia, quem tiver sensibilidade para tanto ainda pode ver os dois cavaleiros com suas lanças em riste, combatendo na liça, armada no pátio do suntuoso castelo por uma moderna companhia de espetáculos, para simular combates medievais. Eles lutam pelo amor da jovem Alice. O jovem Tew, dizem, usa uma quota de malha de cor vermelha, simbolizando o sangue que derramou em nome do seu amor. A vestimenta do barão Gilbert é toda negra, pois essa é a cor do ciúme, do despeito e do ódio.
Quanto ao fantasma da jovem Alice, ela também pode ser vista nas ameias da torre inclinada, observando o combate. Seu fantasma é conhecido como Green Lady (a Dama Verde), pois essa é á cor do vestido que ela usava quando foi enterrada. É que, segundo dizem, ela se vestiu de verde porque essa era a cor da sua tristeza. Mas eu acho que verde é a cor da esperança, e a sua angustiada alma continua assombrando o castelo porque espera que um dia o resultado da eterna batalha que os dois cavaleiros travam todos os dias de lua cheia um dia mude, e em vez do barão Gilbert, o vencedor seja o cavaleiro Tew Teg.
É que as pessoas morrem, mas a esperança que elas cultivam em seus corações é um vinho que se conserva para toda a eternidade. Porque o tonel que os preserva é o amor.