Eu te odeio!
Silvio Paulo tinha um metro e quarenta e cinco centímetros de altura, pesava cinquenta quilos e era dono de um apelido que detestava: Silvinho. Cansado de ser chamado de baixinho, tampinha e anão de jardim, resolveu se vingar do mundo. Naquela sexta-feira, tudo seria diferente. “Os humilhados serão exaltados”, pensava Silvio Paulo lembrando das aulas de catecismo. Eram 17 horas, de uma sexta-feira 13 primaveril, quando passou uma mulher bem-vestida e ostentando riqueza pelo banco de praça em que Silvio Paulo estava sentado. Ele levantou-se e disse exatamente estas palavras para mulher que nunca viu na vida:
― Eu te odeio!
A mulher altíssima e magra como uma bela apresentadora de TV olhou para baixo. Viu um ser minúsculo e atrevido e, sem papas na língua, gritou:
― Seu baixinho insolente! Vai falar isso pra vaca da sua mãe! ― e deu dois tapas violentíssimos na cara de Silvinho. O motoboy limpou o sangue que escorria de sua boca, pegou a arma que estava em sua mochila e atirou em cada uma das pernas da bela mulher de cabelos castanhos claros. A mulher caiu ao chão assustada e chorando de dor.
― Quem é o baixinho agora, sua girafa? Agora você está menor do que eu, sua biscate!
― O que você quer de mim? Eu nem te conheço, cara… quer dinheiro? Eu te dou…
O tiro parecia ter sido disparado por um rifle de mira telescópica de um sniper. A bala atravessou a cabeça da mulher e pedaços de seu cérebro caíram ao asfalto. A vingança de Silvinho estava apenas começando…
O motoboy saiu do parque apressadamente e pegou sua moto que estava estacionada do lado de fora. Rodou durante quarenta e cinco minutos e parou numa rua perto de uma universidade. Uma patricinha, com a altura e a beleza de uma modelo de passarela, caminhava distraída, enquanto falava ao celular.
― Eu te odeio! ― disse Silvio Paulo olhando bem nos olhos azuis da linda estudante.
― Desculpe. O que você disse mesmo? ―perguntou a bela mulher de cabelos dourados lisos tirando os fones dos ouvidos.
― Eu disse: eu te odeio! Escutou agora, vaca?
― Além de baixinho é mal-educado! Vai roubar pra ser preso, seu vagabun…
A jovem mulher não conseguiu terminar a frase. Silvinho atirou dois projetis em seu coração. O sangue brotava do peito da estudante universitária como um rio que corre para o mar.
― Baixinho é a p*ta que o pariu! ― disse Silvinho se escafedendo rapidamente do local do crime.
Após rodar durante duas horas com a moto, Silvinho estacionou perto de uma boate. O lugar bombava de mulheres e homens lindos. Quando Silvinho viu uma ruiva de vestido vermelho sangue indo na direção da boate, não pensou duas vezes: a parou e gritou a plenos pulmões:
― Eu te odeio!
― Como você pode me odiar, se você nem me conhece? Você fugiu de algum hospício? ― disse a linda mulher de cabelos acobreados que tinha a altura de uma pivô de basquete.
― Eu te odeio, seu bambu ambulante!
― Que baixinho malcriado! Vou ligar agora mesmo para a políci…
Silvio Paulo enfiou a peixeira na barriga da mulher e a cortou de cima a baixo colocando para fora suas entranhas. A mulher não morreu na hora. Ficou agonizando com os intestinos à mostra, no chão.
― Bem-feito! ― Pensou Silvinho, limpando o sangue da faca com um pano e guardando-a de novo em sua mochila.
Dali, o motoboy foi para o trabalho. Era entregador de pizzas. Estava alegre. De ânimo renovado. Matar 3 vagabas altas que o chamaram de baixinho lhe fez bem. Muito bem. Agora era trabalhar e, quando dessem duas da manhã, voltar para o aconchego de seu lar e para sua doce esposa Ivanilda, ex-jogadora de vôlei, de 1,90m de altura, a única mulher que podia chamar Silvio Paulo de baixinho sem ele se ofender...
FIM