O Evangelho da Serpente
Assim se colocou na forma das escrituras as palavras de Jefet, para que as palavras da Serpente percorressem os grandes caminhos pelo tempo e pelo espaço em direção ao eterno. Para que nem o tempo e nem o espaço as deixassem se esquecer pela longa noite dos séculos.
Trecho (fragmento)
A grande víbora clama aos que morrem!
Injetam veneno no sangue dos inocentes.
Enroscam e quebram vários e duros ossos.
Matam para comer, matam para fugir.
Dentes perfuram canelas e pés descalços.
Tombam-se homens, mulheres e crianças.
Se arrastam velozes para a mata a fora .
Se escondem no buraco do cupinzeiro.
Aleija de dor o pé do que caminhava.
A mão imprudente não fica impune.
Dá logo a mordida e escapa pelo chão.
Deixa o veneno produzindo dor e morte.
O veneno da cobra não poupa o inocente,
mas perturba o demônio, não o mata.
Só o mostra quanto doi ser ruim.
O demônio berra como um inocente.
A cobra sufoca o pescoço de quem anda.
Ela não caminha, rasteja mostra a língua.
Deita o boi no chão e o devora com fome.
Gira de volta para o córrego e some.
Cortaram a serpente com a lâmina .
O demônio riu e gozou com sua morte.
Mas lhe apareceu em forma de pesadelo.
Picou sua alma e ao inferno o devolveu.
Ressuscitou a cobra no medo dos homens.
Beberam de seu sangue e de seu veneno.
Havia serpente em seus olhos e na língua.
Venceram o demônio e mataram a inocência.
Deus não agradou com a obra da serpente.
Pos inimizade entre ela e a humanidade.
Pois penetrou a alma virgem de Adão e Eva.
A serpente habitava em seus espíritos.
Trecho da Aclamação da Serpente (fragmento)
Escura é a prisão que é este corpo que rasteja. Silenciosa a língua que agora não fala, suspira ou se aquieta. Onde está o homem? E onde esta aquela mulher que libertei?
Chamam de pecado tudo que vem de mim! Me negam, mas me levam em seus corações. Como me arrependo de tudo que vivemos, por que não me amam, mas me usam.
Deus não esquecerá este crime. Eu não esquecerei, me consola e me alegra nele pensar, por que ele foi fruto do nosso amor. O amor que Deus condenou!