Os Moradores

Jorge já tinha planejado tudo. Ia praticar salto de paraquedas radical com mais 3 amigos, na cidade de São Paulo. Era terça-feira de uma manhã cinzenta de inverno, quando Jorge, Lucas, Anibal e Napoleão pularam do avião. Tudo corria bem até a forte ventania que veio em seguida. Os 3 amigos de Jorge conseguiram aterrissar sem problema, mas Jorge não. O vento o tirou do local planejado de aterrissagem. Ao invés de um campo de futebol, ele aterrissou numa enorme e antiga casa. No momento em que Jorge tocou o chão do jardim do casarão, teve fratura exposta do fêmur. A dor na perna direita era quase insuportável. Tentou levantar-se, mas não conseguiu. Pegou então o celular da mochila para pedir ajuda aos amigos, mas ele estava sem sinal. Quando reparou melhor no lugar em que se encontrava, se assustou: “que lugar sinistro! Quem será que mora neste lugar abandonado por Deus?”, disse Jorge observando as correntes e cadeados enormes pendurados nas portas, e os muros altos e eletrificados que cercavam a imensa moradia que mais parecia uma prisão. Não demorou muito e Jorge obteve a resposta a sua pergunta. Sete cães infernais chegaram correndo até ele. “Os moradores”, de pele negra e olhos vermelhos brilhantes, não queriam ajudar. Queriam comer. E pela voracidade e prazer com que devoraram cada pedaço de carne do paraquedista parecia que não comiam há séculos…

FIM