------------- Vingança Amaldiçoada - Parte Sete --------------
Vingança Amaldiçoada – Parte Sete
Bill não controlava o próprio choro. Era um pranto de pavor, assediando toda carne de seu corpo envolvendo sua alma. Era insistentemente sendo acalmado por Tomás. Ambos corriam pelo único caminho que podiam. Às vezes caíam em pedras muito altas ou esbarravam nas paredes quando se deparavam com curvas muito bruscas. Apenas uma lanterninha de bolso servia de luz. Nenhuma tocha com fogo ou qualquer mecanismo de iluminação era encontrado nas subcavernas.
Logo imaginaram ter tomado o rumo errado. Mas voltar era impossível. O som dos vampiros persistia constante atrás deles. Deviam seguir em frente, se preparando para o que quer que encontrassem. O padre já não possuía uma forma física tão boa quanto a do empregado; ordenou que parassem por uns instantes. Ao chão muito úmido e gelado, padre Tomás checava seu suprimento de água benta.
- Quantas estacas ainda lhe restam, Bill?
- To...todas da cintura, se...senhor – gaguejou o homem. – Mas não tenho mais o líquido (em seu pânico, havia despejado todo ele na corrida do cemitério).
- O meu está bem, por agora. – disse guardando um pequeno frasco com algum líquido pegajoso vermelho que havia estado segurando por muito tempo, seguindo por alcançar seu spray. – Mas só me resta meu cajado.
Mal o diálogo cessou, um alto e grave berro foi ouvido. Apesar do o incrível salto de Bill, no mesmo instante, Tomás percebeu tratar-se ter vindo por reverberação da caverna vizinha. Urros e risadas vinham da mesma direção, confundindo com o primeiro grito. Sem demora os monstros pararam de fazer tanto barulho trazendo de volta as palavras distorcidas: “Não, não, pelo amor de Deus!”. Que se esvaíram em gemidos sofredores minutos depois.
- Deus, tenha piedade desta pobre alma. – Começou Tomás se movimentando em sinal da cruz. – Receba seu bravo filho em tua casa. Amém!
- Foi um dos nossos, não foi? – Os tremeliques de Bill já eram tão intensos que se tornaram audíveis.
- Foi! – Afirmou Tomás. – A voz era grossa como a de um homem. Receio ter sido Miguel ou seu patrão. Não desejava que nesta batalha vidas fossem sacrificadas. Porém, cometi o grave erro de não medir a tamanha força dos vampiros. Não conheci meu inimigo antes de enfrentá-lo.
- O que quer dizer? O que faremos agora, senhor?
- Precisamos continuar. Vamos logo! Leve este acontecimento como incentivo para sua coragem. Rápido.
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Uma forte luz se formava a frente, quando Johnantan e os dois jovens se moviam na pequena gruta do meio. Era o sol. Era a saída. Aceleraram o passo, só parando no início das ruínas. Estavam exaustos. Ofegantes, todos buscavam posições para encontrar melhor o ar.
- Finalmente...O fim da...Caverna...
- Sim, meu jovem. Vão agora para casa. Foi um erro trazê-los aqui, não penso que vocês sejam mais úteis aqui, não que isto alguma vez devesse ter sido motivo para sua presença.
- Mas...- interpelou o garoto.
- Resta algum vestígio de água com vocês? – disse severamente o médico sem querer saber de teimosia. E tomando um pote de spray cheio pela metade das mãos de Megy. – Voltem imediatamente!
- Ele retornou à escuridão das entranhas da gruta abandonada. Não tinha um plano montado em sua mente, somente repetia as palavras: “achar os outros”. Por um segundo, pensou ouvir um barulho distante. Parou. Tentou por algumas idéias em ordem, mas o medo de que todos estivessem mortos, de que até mesmo o grande Tomás Ezequiel perecera... Concordou em pensar em algo pelo caminho.
Com a ausência dos garotos, atingiu o buraco ao ar livre muito rápido. O sol estava marcando umas nove horas do fim de verão, ainda que um considerável espaço na borda direita fosse de sombra. Um pouco mais para dentro e de repente, tão silencioso quanto uma flor que cai ao vento, uma mão toca seu ombro. Vira-se caindo propositalmente já armando uma estaca.
- Você!? – Suspirou ele.
- Miguel estava em pé diante dele, com um pouco de sua roupa rasgada, sem crucifixos ou estacas e aparentemente com o braço direito um pouco queimado. Sustentava uma face assustada pela reação do companheiro, ao mesmo tempo tranqüila.
- Onde estão os outros? – Perguntou John recompondo-se do susto.
- Eu não sei. Me separei deles na correria.
- E Mark? Onde está ele? O vi indo com você!
- Fiquei com medo, acabei correndo muito a frente. Ouvi gritos mais tarde. Quando voltei, não havia nada. Os vampiros devem tê-lo levado.
Johnantan enxugou o suor.
- Está certo, venha comigo. Precisamos achar o círculo.
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A pequena passagem terminava em um furo. Em seu volume, cabia um pouco mais que um humano adulto. Bill foi o primeiro a atravessá-lo. Ele se abriu em um grande vau. Uma enorme sala, agora muito mais iluminada. Tremeu dos pés ao último fio de cabelo quando notou o lugar. Eles haviam encontrado o que vieram procurar.
Como o lugar de sua primeira prisão, a enorme e muita alta sala também tinha suas paredes enfeitadas com cabeças humanas com expressões de tortura e mutilação. Com mais algumas partes de corpos solitárias, como pés, mãos, bustos e pequenos dedos e orelhas. Bem no centro, lá estava. Inscrições arroxeadas em volta de um buraco muito fundo cujo centro brilhava magicamente também de um roxo escuro.
Inúmeras tochas acendiam uma bizarra claridade. Muitas sombras visivelmente flutuavam perto do círculo de magia negra e contáveis oito vampiros reais o rodeavam. O padre já conseguia ver o xerife Balcon ajoelhado, com suas mãos sujas de sangue e estendidas sobre a magia. Ele murmurava palavras estranhas.
Tomás e Bill estavam a, no mínimo, 10 passos do chão e eram escondidos grassas a uma enorme pedra. A passagem por eles encontrada deveria ter nova, ou seja, não era conhecida pelos amaldiçoados. As várias curvas que fizeram os levaram a seguir uma grande volta pelo subterrâneo deixando-os a poucos metros ao fundo da cela em que haviam sido presos.
- O que faremos agora?
- Esperamos. Não tenho um plano! Mas sei que quando a oportunidade de agir surgir, eu saberei. Faremos por instinto.
- Fa... faremos? Faremos o quê?
- Precisamos de mais corpos! – disse uma voz vinda de baixo. – Mais sangue.
Reconheceram-na como sendo Lucian, o provável líder e mais forte deles.
- Preciso do garoto. Sua alma é uma migalha apenas, não está inteira. Seu corpo será fácil de dominar. A namoradinha também me interessa. O sangue de uma médium poderosíssima deve manter o portal aberto por mais tempo. – E gritando terminou – Encontrem os dois, tragam para mim! Vivos!
Então dois vampiros partiram em um vôo muito veloz sendo acompanhados por todos os espíritos.
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- Para onde agora? – O médico e o empregado já passavam na prisão. Seguiam como se tivessem um mapa pela caverna escura.
- Seria por aqui que iríamos, não? Sempre em frente, como Tomás dizia. – falou Miguel
- Certo.
Ouviram passos, alguém corria em direção deles. Rapidamente, se esconderam em uma depressão funda da parede. Johnantan preparou o spray com uma das mãos e uma estaca na outra. Um desconhecido cai, os passos param. Uma chance! O médico respira fundo. Não sabia quantos eram, mas calculava estarem a pouca distância. Avança, mas tropeça bruscamente ao ver de quem se tratava.
- Você está bem, prima? – sussura a voz do garoto, antes da ação do medico.
- Ah! Quem é você? – Jason se prepara.
- Jason! Megy! O que deu em vocês?
- Doutor? É o senhor?
- Por que voltaram? Respondam-me!
- Nós não pudemos deixá-los. Voltamos para casa sim, e pegamos mais estacas e sprays. – falou Jason mostrando os objetos e oferecendo-os ao médico.
- Jovens e corajosos. Mas não deviam, sabem disso. Bem... – terminou com um sorriso. – uns demônios nos esperam.
Eles correram. Armados novamente para a luta.
Continua...