O Trágico Fim do Chico da Norina

Era uma uma linda noite de sexta-feira, dia de São João.

Em um pequeno vilarejo que ficava bem próximo a uma cidadezinha do Agreste Pernambucano, uma animada festa junina estava sendo realizada na pracinha da igreja de Santo Antonio.

O céu estava azul e límpido e a lua cheia reinava absoluta. Mas eis que de repente, depois de ter ultrapassado uma pequena montanha, surge no ar um enorme balão, que devia ter vindo de muito longe, já que aparentemente estava apagado, pois estava caindo e sendo levado pelo vento lá para os lados do cemitério local.

Logo se formou um pequeno grupo de rapazes, que saíram correndo na direção que ele estava caindo... Mas quando eles viram que o balão ia cair justamente numa área que fica nos fundos do velho cemitério, ninguém mais quis ir ir até lá. Aquela era uma área que já estava desativada há muito tempo e que só era frequentada por pessoas que iam lá só para praticar seus rituais de mafia negra macabros. Por isso tinha a fama de ser um lugar mal-assombrado...

Acontece que no meio daquela turma tinha um jovem que não tinha medo de nada, costumava dizer que tinha 'o corpo fechado', era o Chico da Norina. Ele pediu que a turma ficasse ali no portão do cemitério, que ele ia entrar lá para pegar aquele balão. Ele entrou e três dos seus amigos ficaram ali esperando por ele.

O tempo foi passando; quinze minutos... Meia hora... E quando já haviam se passado cerca de uma hora que ele tinha entrado no cemitério e não voltava, seus amigos entraram em desespero e começaram a gritar, chamando por ele, mas nada dele aparecer...

Já imaginando que alguma coisa ruim pudesse ter acontecido com ele, mas sem coragem para entrar no cemitério, eles correram correndo até a pracinha da igreja para pedir ajuda. E tão logo eles contaram sobre o acontecido, um grupo de homens se formou e rápidamente foram para lá, para procurar o Chico. Ao entrarem no cemitério eles logo avistaram o balão, estendido sobre uma pequena cruz de madeira, mas... Cadê o Chico?

O grupo se dividiu e vasculhou por tudo quanto foi canto do cemitério, mas nada de encontrar o Chico...

Então eles voltaram e contaram sobre a minuciosa busca que fizeram sem contudo encontrar o rapaz. Houve um alvoroço total. O medo tomou conta de quase todo mundo. A festa terminou e alguns deles ficaram com a incumbência de no dia seguinte avisar às autoridades sobre aquele misterioso sumiço do Chico da Norina.

E tão logo o delegado tomou conhecimento do fato, ele imediatamente se dirigiu para o cemitério, que já estava cheio de curiosos em busca de novidades sobre aquele misterioso desaparecimento.

Um pequeno grupo seguiu com o delegado cemitério adentro..

Ainda de longe eles avistaram o balão. Quem havia estado lá na noite anterior notou que o balão já estava devidamente enrolado, prontinho para ser transportado. Devia ter sido o Chico quem fez aquilo, mas cadê ele?

Fizeram uma verdadeira varredura no cemitério, mas nada de encontrar o Chico. Então o delegado decidiu que deveriam procurá-lo também naquele pequeno matagal próximo. E eles nem bem tinham percorrido cerca de uns cem metros quando avistaram, recostado em uma pedra, um grande bode preto que parecia estar descansando. Só que ao se aproximaram um pouco mais, perceberam que naão era um animal, mas apenas um couro ainda fresco e sanguinolento de um enorme bode preto, que envolvia alguma coisa... O delegado, com um pedaço de pau, levantou um pouco um dos lados daquele couro e ficou paralisado quando viu pender dele uma mão ensanguentada. Foi um grande susto para todos!

Coube ao próprio a ele mesmo, com a ajuda de um outro homem, tentar desvendar aquele mistério. E isso aconteceu, quando diante daquela apavorada platéia eles puxaram aquele couro de bode e uma cena macabra e dantesca ficou para sempre gravada na mente de todos aqueles que a presenciaram; diante dos seus olhos, completamente nú e em posição fetal, envolto numa fina e transparente camada de sangue que mais parecia ser uma bolsa amniótica, estava o cadáver do Chico da Norina...

O delegado, sem chegar a nenhuma conclusão sobre o que teria acontecido, resolveu isolar o local e voltou para a cidade para tomar as providências cabíveis. E quando os amigos do Chico passaram pelo local onde ainda estava o balão, já devidamente enrolado, resolveram levá-lo. Mas quando dois deles o ergueram, cada um em uma ponta, ele se rasgou e dele foram caindo; os tênis, a calça, a camisa e todos os demais pertences que o jovem Chico da Norina usava naquela fatídica noite de sexta-feira... Ninguém mais quis saber daquele balão...

E fica aqui a pergunta; quem seria o autor de tão funesta obra?