O homem dos lobos

Seus olhos estão injetados de sangue, pupilas incrivelmente dilatadas parecem refletir parte do meu rosto nelas. Sinto o peso de suas patas sobre meu peito, seu hálito forte e desagradável espalha-se pelo ambiente. Gotas de saliva gosmenta caem sobre meu rosto. Sinto que a qualquer momento aqueles caninos imensos e pontiagudos vão dilacerar minha garganta.

Acordo suado e com o coração batendo descontroladamente. Mais um sonho desgraçado que não me deixa dormir direito.

Já é a terceira vez essa semana que eu sonho com lobos. Na noite passada eu estava em um campo de pastagens verdes e eles estavam espalhados ao meu redor, corriam atrás de alguma coisa que eu não via. Alguns deles estavam com pedaços de carne sangrenta entre os dentes. Acordei cansado como se tivesse corrido muito.

Passei o dia inteiro pensando nos malditos sonhos. Sonhos? Pesadelos, isso sim. Confesso que estou impressionado com eles e, por mais racional que eu seja, não consigo achar uma explicação minimamente razoável que me permita entendê-los

A noite vai se aproximando e um nervosismo aos poucos se insinua em mim. Eu não quero mais sonhar com lobos.

As horas passam e estranhamente não sinto meu corpo cansado. Hoje eu não dormirei.

O véu da noite agora já se fechou sobre a cidade. Sinto meus sentidos aguçados e um corpo diferente com músculos enrijecidos. Abro a janela de meu quarto e salto para a escuridão.

Hoje é dia de caçar ....

Plutarco
Enviado por Plutarco em 27/04/2019
Reeditado em 27/04/2019
Código do texto: T6633954
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