Você já passou por isso?
Sinceramente?
Eu espero que não!
Mas se já...
Não leia esse pequeno e triste conto, encontrado na beira de uma estrada...
Era onze da noite. Chovia e trovejava.
A estrada estava vazia.
Atrás do volante, eu lutava contra o sono. Estava TERRIVELMENTE cansada.
Nícolas, meu filho de seis anos, dormia profundamente no banco do passageiro.
Lembro-me que acariciei seus cabelos negros...e ele, com sua mãozinha, segurou meu dedo indicador.
Liguei o rádio, volume baixo para não acordá-lo, e a música do AC/DC Highway to Hell me despertou.
APERTEI meus dedos no volante e acelerei.
O pneu do carro assobiou.
Faltavam trinta longos quilômetros.
Eu só queria mergulhar no edredom quentinho e apagar.
MAS...adormeci.
Quando abri os olhos, despertada por uma buzina intermitente de um caminhão, a luz intensa do farol me cegou.
A estrada desapareceu e o volante não respondia aos meus comandos.
O barulho do motor e da música CESSARAM.
Olhei para o lado, APAVORADA: a testa do meu filho sangrava.
Eu tremia. Não era de frio.
O que aconteceu? Foi a primeira pergunta que surgiu na minha mente.
Um homem alto, muito calmo, apareceu ao meu lado e disse : o seu filho precisa de ajuda. Vá...
E, abruptamente, sumiu na escuridão.
Sai do carro, pisando em galhos.
Eu não sabia o que sentia. ERA UMA MISTURA DE SENTIMENTOS.
Subi um morro íngreme, cheio de pedras e enlameado.
Gritava a cada passo: "Ajudem meu filho!" Ajudem meu filho!"
Um carro parou e dois moços jovens me socorreram.
- O que foi moça? O que aconteceu? - perguntaram, perplexos.
Eu gritava: ele esta lá embaixo, ajudem meu filho, ele está ferido!
Eles desceram a ribanceira.
Meu filho foi resgatado e se recuperou. Porém, nunca mais poderei acariciá-lo.
As últimas palavras que ouvi foram dos moços perplexos e assustados relatando o fato ao policial:
- Ela estava aqui. Juro! Ela estava na beira da estrada, cheia de lama, pedia para que descendemos e ajudássemos o filho dela...Mas, lá embaixo, quando chegamos no carro, ela estava morta.